Aviso aos pacientes: este blogue é antianalgésico, pirético e inflamatório. Em caso de agravamento dos sintomas, escreva aos enfermeiros de plantão. Apenas para administração interna; o fabricante não se responsabiliza por usos incorrectos deste fármaco.
40 thoughts on “Um Nobel alegre. Parabéns, Robert!”
Merecido. A Academia merecia outro Oscar, foi corajosa ao descompartimentar a classica distinçao entre “música” e literatura quando as duas se uniram já há tanto tempo. Claro que muitos outros poderiam ser considerados mas quase mais nenhum outro musico poderia furar o muro, Dylan é um monumento universal.
Are these the lyrics that won Bob Dylan a Nobel prize?
In honour of him winning the Nobel prize for literature, we pick out some of Bob Dylan’s greatest lyrics
o dylan é um cabotino com olho para o negócio, escreveu os poemas certos, na altura certa e para o público certo, apesar de ser intragável ouvi-los na sua voz e grande parte do seu reconhecimento deve-se aos intérpretes dos seus poemas. o guthrie, que ele imitava, era bem melhor e nunca recebeu o prémio trotil.
Ignatz: Não se tratava do prémio de melhor vocalista/intérprete. Mas penso que musicou excelentemente os poemas que escreveu, e foram muitos, e a prova está nos que quiseram cantá-los também. Cabotino porquê?
penélope,
1 – “Não se tratava do prémio de melhor vocalista/intérprete.”
não disse o contrário e até admito que a sua poesia possa concorrer ao nobel da literatura.
2 – “Mas penso que musicou excelentemente os poemas que escreveu, e foram muitos, e a prova está nos que quiseram cantá-los também.”
tamém não afirmei o contrário, disse que escreveu os poemas que o pessoal queria ouvir na altura, depois disso ninguém recorda uma letra e na maioria dos casos todos os intérpretes das canções do dylan tiveram mais êxito, venderam mais e tornaram-se populares, que os originais. mérito dos intérpretes e compositores que pegaram no trabalho dele.
3 – “Cabotino porquê?”
por ter um comportamento tipo lobo antunes, dar umas entrevistas parvas armado em superior, umas actuações miseráveis sem respeito pelo público e outras cenas de vedeta anti-vedeta. fui vê-lo ao dramático de cascais em 93 e ainda hoje dou por mal empregue o dinheiro do bilhete. saí a meio da pior merda que até hoje assisti ao vivo. qualquer das 3 definições abaixo aplicam-se ao bob dias.
ca·bo·ti·no
(francês cabotin, comediante ambulante)
substantivo masculino
1. Comediante ambulante.
2. [Depreciativo] Mau actor.
adjectivo e substantivo masculino
3. [Figurado] Que ou aquele que presume ser importante ou se exibe pretensiosamente para se impor (ex.: interpretação teatral cabotina; disse que preferia ser um cabotino a ser um hipócrita). = PRESUMIDO, PRESUNÇOSO, PRETENSIOSO
qualquer das 3 definições acima se aplica ao marmanjo
Porra, c’a burro!
Depois da atribuição do prémio o que tinha realmente mais interesse para mim, sou franco, era a reacção do próprio. No lugar de tantas que já li. E infelizmente do próprio ainda não consegui ouvir nada. Se alguém teve mais sorte, por favor…
Quanto à atribuição é para mim totalmente meritória. Sem qualquer tipo de desprimor para outras grandes obras igualmente meritórias como é óbvio. Daí uma escolha e como qualquer escolha com um certo grau de subjectividade. Mais estranho que em mais de uma centena de prémios a Academia nunca tenha premiado até hoje outro cantautor. Como Bob Dylan, com obras muito meritórias e inclusive de língua portuguesa mas sobretudo com mais influência no Mundo que muitos outros prémios até aqui. Critério que julgo que nunca deveria ser de somenos.
Em suma, deixou-me muito feliz.
penélope,
assim de repente e para não gastar mais tempo com isto, compara os originais da cana rachada com estes covers
Carlos Tê (letrista): “Reagi com surpresa e perplexidade. Nem sabia que o Dylan podia estar numa lista de finalistas. É o reconhecimento da canção popular pela academia, já que pode haver tanta literatura numa canção de três minutos como num livro de centenas de páginas. Sou um fã e cresci a ouvir o Dylan.”
Salman Rushdie (escritor): “De Orpheus a Faiz, a música e a poesia estiveram intimamente ligadas. Dylan é o herdeiro brilhante da tradição dos bardos. Grande escolha.”
Penélope, lamento a perda tempo mas trata-se do Nobel da Literatura.
(o Got Talent Portugal passa na RTP 1, no domingo à noite)
Ignatz, gostos são gostos. Eu que sou fã do Guthrie (que conjuntamente com o Robert Johnson são a sintese pioneira do rock n’roll) não penso que este tenha sido uma tão determinante na obra de Dylan além da inspiração na fase inicial, tanto quanto Dylan Thomas, depois disso houve muito mais fases umas boas outras menos mas sem dúvida uma obra imensa. Dos links fica questão, porque tantos cantaram a obra dele? Porque são hinos e os hinos não nascem das arvores. É ao contrario, já existia uma interiorizaçao tal dessas canções que o mais fácil é reinterpreta-las, homenageando-as. Detesto a versão dos Gun’s acho que não tem nada a ver com o espírito da canção, mas gostos são gostos.
“Dos links fica questão, porque tantos cantaram a obra dele?”
porque havia matéria prima, poemas e música com potêncial, como dizem os remaxes, que o gajo não conseguiu aproveitar e outros conseguiram explorar com mais sucesso.
“Detesto a versão dos Gun’s acho que não tem nada a ver com o espírito da canção, mas gostos são gostos.”
neste caso não se trata de gosto, mas de sucesso comercial. acho que já tinha dito isso acima.
não tenho nada contra a atribuição do nobel da literatura ao bob dias, mas gostava de saber se votaram alguma colectânea de poemas ou de discos.
Mas qual é a metrica, o sucesso comercial ? Então temos de esperar pela versão do Tony Carreira e ver a volta q levam esses gajos.
Já agora qual dessas versões teve mais sucesso que o original?
“Já agora qual dessas versões teve mais sucesso que o original?”
tu é que percebes disso. eu sou só consumidor, mas se quiseres falar do assumpto e para princípio de conversa os peter, paul and mary tiveram mais sucesso com blowing in the wind que o autor da letra e música, os byrds idem com o tambourini man, a nina simone não vende tanto como original, mas ouve-se melhor e quando ouvimos knockin on heavens door o nome associamos gun’s and roses. se continuarmos por aí a fora concluiremos que sem covers ninguém tinha ouvido falar do gajo.
nem sei bem se faça juízos de valor – não sobre o valor do Bob Dylan – sobre o prémio, o melhor prémio, da literatura. não é de descurar a prosa poética que se trata. trata-se, isso sim, de percebê-la ao milímetro do som. por que raios e coriscos um génio da música, música acrescida de letras – uma espécie de alquimia perfeita por dentro da irreverência, ingerência e (im)pertinência completamente imperfeita – é feito galo da literatura?
percebo. faço por isso. aceito. fico feliz, sim, de ver uma união verdadeiramente perfeita – a das letras com música – ser aclamada. mas precisava de ser assim, a kind of mestre literário, o homem que revolucionou a música lá atrás bem no início da sua já longa vida? o homem não nasceu para escrever, o homem nasceu para criar música, aquela linguagem universal cujas letras apenas acrescentam pitada de magia.
do outro lado lá está ela: a alma das letras que se fazem palavras, a coisa de aquela música sem aquela letra não ser mesmo a mesma coisa. serão todos suspeitos, claro, os que se desgraçam nas letras. voltando à vaca fria: e por que não ofertar um prémio literário a um homem que transpira música quando toda a música tem em si mesma, sem encerrar, uma narrativa? não me parece bem nem mal. antes parece (me), e é, uma novidade estranha que, pelo menos, nos está a dar música. :-)
É isso mesmo, mais nada.
já percebi porque hoje em dia qualquer um escreve um livro e se encontram “escritores ” a pontapé : o bob dylan prémio nobel de literatura ? parece um anedota judaica … o que esta gente faz por un nobel.
pois é , já sei que é. n se não fosse judeu não ganhava nobel nenhum . pró ano vai ser a vez do nobel póstumo ao Lou Reed :)
Se este prémio vos parece, e com razão, um tanto excêntrico, não esqueçam que também o Juan Manuel Santos, Nobel da Paz colombiano deste ano, teve uma concorrencia temível: a do francês Fabius Gayssot, famoso autor da lei liberticida Fabius-Gayssot, aliás «Lex Faurissoniana» (por ter sido concebida contra um indivíduo bem determinado). Foi MNE do Hollande e demitiu-se por discordar do que considerava uma excessiva moderação dos Estados Unidos na Síria! Ou seja, queria mais, e não menos, guerra ao governo (constitucional e laico) do presidente Assad. Logo… candidato ao Nobel da Paz. Tem toda a lógica… https://www.theguardian.com/world/2016/feb/10/laurent-fabius-foreign-minister-to-leave-french-government
«se este prémio vos parece, e com razão, um tanto excêntrico», …?
Meirelles, ou vês mal ou não compreendes o que lês.
atão e ninguém fala do dinheiro que o baladeiro anti-vietnam ganhou com as canções make-love-not-war e investiu nas empresas de armamento amaricanas.
Adenda, em tempo. A não ser que, como é habitual, um momento importante se tenha transformado no Aspirina B numa app da Casa dos Segredos. As usual, portanto.
Nota, a modos que metodológica. Quando ouvimos os outros a falar partimos do pressuposto que estão perto do nível 20 e então, a não se por ostentarmos uma má-figura permanente, não ordinaramos e nem desviamos a conversa para o -10 porque é aí que compreendemos os senhores (evidente!) e onde estamos habituados a reinar. Que a Penélope se surpreenda, e aceite entre por aí, tem que ver com a sua psi alegadamente feminina. E a porta do bar está aberta para dois ou três, vê-se.
Admira-me o Leonard Cohen nunca ter sido nobelizado . A letra do “First We Take Manhattan”, por exemplo, é muito melhor que as do Zimmermandylan, embora me faça muita confusão aquela 1ª pessoa do plural — “we”. Nunca percebi se é ele e a namoradita (*suspiro*)?… O bairro onde vive?… O clube de baseball favorito?… A civilização ocidental?… A Organização das Nações Unidas?…
Mistério.
[…]
I’m coming now, I’m coming to reward them
First we take Manhattan, then we take Berlin
I’m guided by a signal in the heavens
I’m guided by this birthmark on my skin
I’m guided by the beauty of our weapons
First we take Manhattan, then we take Berlin
I’d really like to live beside you, baby
I love your body and your spirit and your clothes
But you see that line there moving through the station?
I told you, I told you, told you, I was one of those
Ah you loved me as a loser, but now you’re worried that I just might win
You know the way to stop me, but you don’t have the discipline
How many nights I prayed for this, to let my work begin
First we take Manhattan, then we take Berlin
[…]
É claro, também pode ser aquelas coisas da wikipedia, mas shhhh… [His mother, Marsha (Masha) Klonitsky, was the daughter of a Talmudic writer, Rabbi Solomon Klonitsky-Kline of Lithuanian Jewish ancestry. His paternal grandfather, whose family had emigrated from Poland, was Lyon Cohen, founding president of the Canadian Jewish Congress. His father, Nathan Cohen, who owned a substantial clothing store, died when Cohen was nine years old. On the topic of being a Kohen, Cohen has said that, “I had a very Messianic childhood.” He told Richard Goldstein in 1967, “I was told I was a descendant of Aaron, the high priest.”]
Eric: «se este prémio vos parece, e com razão, um tanto excêntrico», …? Meirelles, ou vês mal ou não compreendes o que lês.
Eric, “vos parece” não quer dizer «parece a um só» nem «parece a todos». Quer dizer apenas aquilo que correctamente diz.
gugu a discutir com o corrector ortográfico. onde te foste meter, pá. ainda acabas soterrado em priberams sem perceber como.
Pois é, acredita que te entendo, mas parece-me que poderias ser mais preciso:
«- Estou de acordo, somos nós os três. Mas, falamos de quê?!…»
[TAKE 2.]
Penélope e Meirelles, lamento mais uma vez a perda tempo mas trata-se do Nobel da Literatura.
(o Got Talent Portugal passa na RTP 1, no domingo à noite)
Concordo com o Ignatz, em tudo o que diz nos seus comentários!
Não concordo com a atribuição dos prémios nobel! Quem constitui essa tal de Academia que os atribui? Donde vem o dinheiro?
Admiro todos os que, já premiados, recusaram ser Prémios Nobel! Aí sim, se vê, a qualidade dessas pessoas!
MacTorres, lembro-me que o Sartre olhou para o prémio trotil (como diz o Ignatz) com o olho de esguelha, provavelmente com remorsos de — sem ter sequer resistido a coisa nenhuma, a não ser em aparência a posteriori — ter indirectamente pedido a pena de morte para o Céline (muito maior e melhor escritor do que ele), ao afirmar que tinha estado a soldo dos alemães…
Acho que o Lobo Antunes e o Saraiva das escandaleiras (aliás muito exageradas, em minha opinião), também recusaram, mas não me recordo de mais ninguém, apesar de saber que houve mais alguns. Alguém se lembra de mais refractários?
Escrevi eu, lá mais para cima: «… do francês Fabius Gayssot, famoso autor da lei liberticida Fabius-Gayssot…»
Queria dizer, é claro, «Laurent Fabius» e «lei Fabius-Gayssot» (Gayssot do factotum comunista que a apresentou ao parlamento).
Depois da pinga, a sesta.
Depois da sesta, a ressaca.
Depois da ressaca, a pinga.
[etc., isto é 24 sobre 24 até ao fim dos dias.]
15:37, …?
Valupi e Penélope uma conclusão: mais um post fodido, escrevam.
Merecido. A Academia merecia outro Oscar, foi corajosa ao descompartimentar a classica distinçao entre “música” e literatura quando as duas se uniram já há tanto tempo. Claro que muitos outros poderiam ser considerados mas quase mais nenhum outro musico poderia furar o muro, Dylan é um monumento universal.
Penélope, vale a pena ir seguindo pelo The Guardian: https://www.theguardian.com/books/live/2016/oct/13/nobel-prize-in-literature-2016-liveblog (live updates and reaction).
e
Are these the lyrics that won Bob Dylan a Nobel prize?
In honour of him winning the Nobel prize for literature, we pick out some of Bob Dylan’s greatest lyrics
Idem, https://www.theguardian.com/music/2016/oct/13/are-these-the-lyrics-that-won-bob-dylan-a-nobel-prize
o dylan é um cabotino com olho para o negócio, escreveu os poemas certos, na altura certa e para o público certo, apesar de ser intragável ouvi-los na sua voz e grande parte do seu reconhecimento deve-se aos intérpretes dos seus poemas. o guthrie, que ele imitava, era bem melhor e nunca recebeu o prémio trotil.
Ignatz: Não se tratava do prémio de melhor vocalista/intérprete. Mas penso que musicou excelentemente os poemas que escreveu, e foram muitos, e a prova está nos que quiseram cantá-los também. Cabotino porquê?
penélope,
1 – “Não se tratava do prémio de melhor vocalista/intérprete.”
não disse o contrário e até admito que a sua poesia possa concorrer ao nobel da literatura.
2 – “Mas penso que musicou excelentemente os poemas que escreveu, e foram muitos, e a prova está nos que quiseram cantá-los também.”
tamém não afirmei o contrário, disse que escreveu os poemas que o pessoal queria ouvir na altura, depois disso ninguém recorda uma letra e na maioria dos casos todos os intérpretes das canções do dylan tiveram mais êxito, venderam mais e tornaram-se populares, que os originais. mérito dos intérpretes e compositores que pegaram no trabalho dele.
3 – “Cabotino porquê?”
por ter um comportamento tipo lobo antunes, dar umas entrevistas parvas armado em superior, umas actuações miseráveis sem respeito pelo público e outras cenas de vedeta anti-vedeta. fui vê-lo ao dramático de cascais em 93 e ainda hoje dou por mal empregue o dinheiro do bilhete. saí a meio da pior merda que até hoje assisti ao vivo. qualquer das 3 definições abaixo aplicam-se ao bob dias.
ca·bo·ti·no
(francês cabotin, comediante ambulante)
substantivo masculino
1. Comediante ambulante.
2. [Depreciativo] Mau actor.
adjectivo e substantivo masculino
3. [Figurado] Que ou aquele que presume ser importante ou se exibe pretensiosamente para se impor (ex.: interpretação teatral cabotina; disse que preferia ser um cabotino a ser um hipócrita). = PRESUMIDO, PRESUNÇOSO, PRETENSIOSO
“cabotino”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/cabotino [consultado em 13-10-2016].
qualquer das 3 definições acima se aplica ao marmanjo
Porra, c’a burro!
Depois da atribuição do prémio o que tinha realmente mais interesse para mim, sou franco, era a reacção do próprio. No lugar de tantas que já li. E infelizmente do próprio ainda não consegui ouvir nada. Se alguém teve mais sorte, por favor…
Quanto à atribuição é para mim totalmente meritória. Sem qualquer tipo de desprimor para outras grandes obras igualmente meritórias como é óbvio. Daí uma escolha e como qualquer escolha com um certo grau de subjectividade. Mais estranho que em mais de uma centena de prémios a Academia nunca tenha premiado até hoje outro cantautor. Como Bob Dylan, com obras muito meritórias e inclusive de língua portuguesa mas sobretudo com mais influência no Mundo que muitos outros prémios até aqui. Critério que julgo que nunca deveria ser de somenos.
Em suma, deixou-me muito feliz.
penélope,
assim de repente e para não gastar mais tempo com isto, compara os originais da cana rachada com estes covers
Gun’s N’ Roses – Knockin On Heavens Door
https://www.youtube.com/watch?v=2tmc8rJgxUI
Neil Young – Blowin in the Wind
https://www.youtube.com/watch?v=tWMhDjXXFzs
Byrds – Mr. Tambourine Man
https://www.youtube.com/watch?v=xnrSVG1EoPg
Nina Simone – The Times They Are A-Changin’
https://www.youtube.com/watch?v=Zk0VTl-cQTY
Carlos Tê (letrista): “Reagi com surpresa e perplexidade. Nem sabia que o Dylan podia estar numa lista de finalistas. É o reconhecimento da canção popular pela academia, já que pode haver tanta literatura numa canção de três minutos como num livro de centenas de páginas. Sou um fã e cresci a ouvir o Dylan.”
Salman Rushdie (escritor): “De Orpheus a Faiz, a música e a poesia estiveram intimamente ligadas. Dylan é o herdeiro brilhante da tradição dos bardos. Grande escolha.”
Penélope, lamento a perda tempo mas trata-se do Nobel da Literatura.
(o Got Talent Portugal passa na RTP 1, no domingo à noite)
http://www.scoopnest.com/user/NobelPrize/786603251428839425
Ignatz, gostos são gostos. Eu que sou fã do Guthrie (que conjuntamente com o Robert Johnson são a sintese pioneira do rock n’roll) não penso que este tenha sido uma tão determinante na obra de Dylan além da inspiração na fase inicial, tanto quanto Dylan Thomas, depois disso houve muito mais fases umas boas outras menos mas sem dúvida uma obra imensa. Dos links fica questão, porque tantos cantaram a obra dele? Porque são hinos e os hinos não nascem das arvores. É ao contrario, já existia uma interiorizaçao tal dessas canções que o mais fácil é reinterpreta-las, homenageando-as. Detesto a versão dos Gun’s acho que não tem nada a ver com o espírito da canção, mas gostos são gostos.
“Dos links fica questão, porque tantos cantaram a obra dele?”
porque havia matéria prima, poemas e música com potêncial, como dizem os remaxes, que o gajo não conseguiu aproveitar e outros conseguiram explorar com mais sucesso.
“Detesto a versão dos Gun’s acho que não tem nada a ver com o espírito da canção, mas gostos são gostos.”
neste caso não se trata de gosto, mas de sucesso comercial. acho que já tinha dito isso acima.
não tenho nada contra a atribuição do nobel da literatura ao bob dias, mas gostava de saber se votaram alguma colectânea de poemas ou de discos.
Mas qual é a metrica, o sucesso comercial ? Então temos de esperar pela versão do Tony Carreira e ver a volta q levam esses gajos.
Já agora qual dessas versões teve mais sucesso que o original?
Esta lista fala do que é importante, e uma lista que como qualquer outra tem um certo grau de subjectividade, so que a subjectividade e da propria industria.
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Lista_dos_500_melhores_%C3%A1lbuns_de_sempre_da_revista_Rolling_Stone
“Já agora qual dessas versões teve mais sucesso que o original?”
tu é que percebes disso. eu sou só consumidor, mas se quiseres falar do assumpto e para princípio de conversa os peter, paul and mary tiveram mais sucesso com blowing in the wind que o autor da letra e música, os byrds idem com o tambourini man, a nina simone não vende tanto como original, mas ouve-se melhor e quando ouvimos knockin on heavens door o nome associamos gun’s and roses. se continuarmos por aí a fora concluiremos que sem covers ninguém tinha ouvido falar do gajo.
nem sei bem se faça juízos de valor – não sobre o valor do Bob Dylan – sobre o prémio, o melhor prémio, da literatura. não é de descurar a prosa poética que se trata. trata-se, isso sim, de percebê-la ao milímetro do som. por que raios e coriscos um génio da música, música acrescida de letras – uma espécie de alquimia perfeita por dentro da irreverência, ingerência e (im)pertinência completamente imperfeita – é feito galo da literatura?
percebo. faço por isso. aceito. fico feliz, sim, de ver uma união verdadeiramente perfeita – a das letras com música – ser aclamada. mas precisava de ser assim, a kind of mestre literário, o homem que revolucionou a música lá atrás bem no início da sua já longa vida? o homem não nasceu para escrever, o homem nasceu para criar música, aquela linguagem universal cujas letras apenas acrescentam pitada de magia.
do outro lado lá está ela: a alma das letras que se fazem palavras, a coisa de aquela música sem aquela letra não ser mesmo a mesma coisa. serão todos suspeitos, claro, os que se desgraçam nas letras. voltando à vaca fria: e por que não ofertar um prémio literário a um homem que transpira música quando toda a música tem em si mesma, sem encerrar, uma narrativa? não me parece bem nem mal. antes parece (me), e é, uma novidade estranha que, pelo menos, nos está a dar música. :-)
É isso mesmo, mais nada.
já percebi porque hoje em dia qualquer um escreve um livro e se encontram “escritores ” a pontapé : o bob dylan prémio nobel de literatura ? parece um anedota judaica … o que esta gente faz por un nobel.
quem quiser conhecer o artista político leia isto
http://www.huffingtonpost.com/peter-dreier/the-political-bob-dylan_b_10134862.html
“parece um anedota judaica …” diz o yo-yo
o problema não é parecer, é ser
https://www.youtube.com/watch?v=yGXcTAHCcmo
pois é , já sei que é. n se não fosse judeu não ganhava nobel nenhum . pró ano vai ser a vez do nobel póstumo ao Lou Reed :)
Se este prémio vos parece, e com razão, um tanto excêntrico, não esqueçam que também o Juan Manuel Santos, Nobel da Paz colombiano deste ano, teve uma concorrencia temível: a do francês Fabius Gayssot, famoso autor da lei liberticida Fabius-Gayssot, aliás «Lex Faurissoniana» (por ter sido concebida contra um indivíduo bem determinado). Foi MNE do Hollande e demitiu-se por discordar do que considerava uma excessiva moderação dos Estados Unidos na Síria! Ou seja, queria mais, e não menos, guerra ao governo (constitucional e laico) do presidente Assad. Logo… candidato ao Nobel da Paz. Tem toda a lógica…
https://www.theguardian.com/world/2016/feb/10/laurent-fabius-foreign-minister-to-leave-french-government
Leiam que é de ir às lágrimas…
http://www.parismatch.com/Actu/International/Laurent-Fabius-futur-prix-Nobel-de-la-Paix-1085600
http://www.valeursactuelles.com/laurent-fabius-aurait-demande-de-laide-a-francois-hollande-pour-avoir-le-nobel-de-la-paix-65793
http://www.normandie-actu.fr/laurent-fabius-voulait-le-prix-nobel-de-la-paix-c-est-rate_236903/
A noção do ridículo passou de moda.
«se este prémio vos parece, e com razão, um tanto excêntrico», …?
Meirelles, ou vês mal ou não compreendes o que lês.
atão e ninguém fala do dinheiro que o baladeiro anti-vietnam ganhou com as canções make-love-not-war e investiu nas empresas de armamento amaricanas.
Adenda, em tempo. A não ser que, como é habitual, um momento importante se tenha transformado no Aspirina B numa app da Casa dos Segredos. As usual, portanto.
Nota, a modos que metodológica. Quando ouvimos os outros a falar partimos do pressuposto que estão perto do nível 20 e então, a não se por ostentarmos uma má-figura permanente, não ordinaramos e nem desviamos a conversa para o -10 porque é aí que compreendemos os senhores (evidente!) e onde estamos habituados a reinar. Que a Penélope se surpreenda, e aceite entre por aí, tem que ver com a sua psi alegadamente feminina. E a porta do bar está aberta para dois ou três, vê-se.
… e aceite entrar por aí, assim.
Ignatz:
«“parece um anedota judaica …” diz o yo-yo
o problema não é parecer, é ser
https://www.youtube.com/watch?v=yGXcTAHCcmo »
Admira-me o Leonard Cohen nunca ter sido nobelizado . A letra do “First We Take Manhattan”, por exemplo, é muito melhor que as do Zimmermandylan, embora me faça muita confusão aquela 1ª pessoa do plural — “we”. Nunca percebi se é ele e a namoradita (*suspiro*)?… O bairro onde vive?… O clube de baseball favorito?… A civilização ocidental?… A Organização das Nações Unidas?…
Mistério.
[…]
I’m coming now, I’m coming to reward them
First we take Manhattan, then we take Berlin
I’m guided by a signal in the heavens
I’m guided by this birthmark on my skin
I’m guided by the beauty of our weapons
First we take Manhattan, then we take Berlin
I’d really like to live beside you, baby
I love your body and your spirit and your clothes
But you see that line there moving through the station?
I told you, I told you, told you, I was one of those
Ah you loved me as a loser, but now you’re worried that I just might win
You know the way to stop me, but you don’t have the discipline
How many nights I prayed for this, to let my work begin
First we take Manhattan, then we take Berlin
[…]
É claro, também pode ser aquelas coisas da wikipedia, mas shhhh… [His mother, Marsha (Masha) Klonitsky, was the daughter of a Talmudic writer, Rabbi Solomon Klonitsky-Kline of Lithuanian Jewish ancestry. His paternal grandfather, whose family had emigrated from Poland, was Lyon Cohen, founding president of the Canadian Jewish Congress. His father, Nathan Cohen, who owned a substantial clothing store, died when Cohen was nine years old. On the topic of being a Kohen, Cohen has said that, “I had a very Messianic childhood.” He told Richard Goldstein in 1967, “I was told I was a descendant of Aaron, the high priest.”]
ò gugu o leonardo conas tamém se pôs a jeito a ver se alguém lhe dava o trotil, mas o júri achou aquilo bués de ressonativo e decidiram pelo dias que entra melhor no espírito hallelujah da coisa que pretendem promover.
cobrem-se uns aos outros pelos cobres. espreita aqui:
http://www.rollingstone.com/music/videos/flashback-bob-dylan-covers-leonard-cohens-hallelujah-w444773
Eric: «se este prémio vos parece, e com razão, um tanto excêntrico», …? Meirelles, ou vês mal ou não compreendes o que lês.
Eric, “vos parece” não quer dizer «parece a um só» nem «parece a todos». Quer dizer apenas aquilo que correctamente diz.
gugu a discutir com o corrector ortográfico. onde te foste meter, pá. ainda acabas soterrado em priberams sem perceber como.
Pois é, acredita que te entendo, mas parece-me que poderias ser mais preciso:
«- Estou de acordo, somos nós os três. Mas, falamos de quê?!…»
[TAKE 2.]
Penélope e Meirelles, lamento mais uma vez a perda tempo mas trata-se do Nobel da Literatura.
(o Got Talent Portugal passa na RTP 1, no domingo à noite)
http://www.scoopnest.com/user/NobelPrize/786603251428839425
O ignatz seja lá quem fôr…é foda!
Concordo com o Ignatz, em tudo o que diz nos seus comentários!
Não concordo com a atribuição dos prémios nobel! Quem constitui essa tal de Academia que os atribui? Donde vem o dinheiro?
Admiro todos os que, já premiados, recusaram ser Prémios Nobel! Aí sim, se vê, a qualidade dessas pessoas!
MacTorres, lembro-me que o Sartre olhou para o prémio trotil (como diz o Ignatz) com o olho de esguelha, provavelmente com remorsos de — sem ter sequer resistido a coisa nenhuma, a não ser em aparência a posteriori — ter indirectamente pedido a pena de morte para o Céline (muito maior e melhor escritor do que ele), ao afirmar que tinha estado a soldo dos alemães…
Acho que o Lobo Antunes e o Saraiva das escandaleiras (aliás muito exageradas, em minha opinião), também recusaram, mas não me recordo de mais ninguém, apesar de saber que houve mais alguns. Alguém se lembra de mais refractários?
Escrevi eu, lá mais para cima: «… do francês Fabius Gayssot, famoso autor da lei liberticida Fabius-Gayssot…»
Queria dizer, é claro, «Laurent Fabius» e «lei Fabius-Gayssot» (Gayssot do factotum comunista que a apresentou ao parlamento).
Depois da pinga, a sesta.
Depois da sesta, a ressaca.
Depois da ressaca, a pinga.
[etc., isto é 24 sobre 24 até ao fim dos dias.]
15:37, …?
Valupi e Penélope uma conclusão: mais um post fodido, escrevam.
_____
Entretanto, vale mesmo a pena ir seguindo pelo The Guardian (continuam a passar por lá todas as figuras icónicas dos States, e.g.):
https://www.theguardian.com/books/live/2016/oct/13/nobel-prize-in-literature-2016-liveblog (live updates and reaction).
[isto também é 24 sobre 24, e aqui sim.]
O melhor comentário ao Nobel do Dylan já tem décadas, aqui está:
https://www.youtube.com/watch?v=uOokCdkIejk
;-)
take your medal and throw it away
come on back when you got something to say
or just save it for a rainy day
ain’t nothing nobel bout me anyway.
tim heidecker: Nobel já. Bela veia poética e muito dylaniana.
então pega lá a obra completa
https://soundcloud.com/timheidecker/nobel-prize-blues-65-version
ólhó gajo a facturar à pála daquilo que não reconhece.
http://bobdylan.com/