Sacrifícios do lombo e pregos de sola

Passado um ano da operação “assalto ao pote”, estou impressionada.
A combinação, pelo atual primeiro-ministro, de uma linguagem vulgar a tender para o rasca e de uma outra, moralista, que retrocede no tempo até ao Cardeal Cerejeira do nosso imaginário causa uma enorme urticária a pessoas que já viram o país a ambicionar outro destino mais edificante e civilizado e a desejar enterrar de vez os diáconos Remédios do passado. Já só nos faltava mesmo um rapazola inculto que pensa que, não filtrando as palavras, chega ao coração do povo que ele mesmo deliberadamente empobrece, utiliza a linguagem moralista bacoca ouvida a alguma bisavó e ao mesmo tempo vai distribuindo, com total insensibilidade, benesses pelos amigos.

O líder do PSD reconheceu, esta sexta-feira, que os portugueses têm sido “compreensivos” com sacrifícios que lhes têm saído do “lombo”, e apesar de uma oposição a quem “tudo parece um prego” porque “anda sempre com um martelo na mão”.
“É porque nós não desistimos, não queremos renegociar, não queremos fazer essa flexibilização, nós queremos ser exigentes e intransigentes no cumprimento das nossas obrigações. É assim que gente honrada faz, é assim que quem quer o crédito reconhecido pelos outros tem que fazer, é o que os portugueses estão a fazer com o nosso Governo”, defendeu
.

Jornal de Notícias

5 thoughts on “Sacrifícios do lombo e pregos de sola”

  1. Pénelope,

    totalmente de acordo com a sua introdução, bem observado, essa da avó é de estrema e

    oportuna certeza. É mau de mais para ser verdade. Quem ouviu ontem o Marques Mendes

    e o Relvas, no Expresso da Meia Noite, se tinha já pouca duvidadas elas esfumaram-se.

    Mais se confirma a necessidade de punir exemplarmente quem permitiu que o povo

    votasse nesta gente. Parabéns ao António Costa e ao Pacheco Pereira por colocarem sobre brasas o Lobo Xavier e o sistema a dita “comunidade” na quadratura. Foi um mimo.

  2. PPC é, de facto, um homem invulgar, com uma notável força moral para enfrentar os problemas que acontecem aos outros. Ou, em tempos da triste efeméride do chumbo do PEC IV, diria melhor – PPC tem uma notável força moral para enfrentar os problemas que provocou aos outros.

  3. como dizia noutro post, algumas vozes se levantam. Neste caso, cá pra mim, é a vizinhança que se dirige de forma bastante explícita ao pintas que de repente chegou a primeiro ministro de Portugal ;). Do provinciano (cultural) à presidência, do suburbano (cultural) à chefia do governo. Esqueçam o american dream, isto é o portuguese dream.

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