Neste 25 de abril, a falácia das «reformas estruturais» bem abordada

O 25 de abril é sempre ocasião para falar de trabalho, trabalhadores, patrões, sindicatos, reforma agrária, lutas laborais locais e internacionais e outras questões importantes, muito mais importantes do que aquilo que os chavões já gastos, de tão repetidos, dos comunistas portugueses nos fazem crer. O monopólio que têm tido destas palavras quase as esvazia de significado. No entanto, o trabalho, a qualidade do trabalho, a capacidade de trabalho, a falta de trabalho, a luta pelo trabalho, a exploração do trabalho, os contratos de trabalho são o que de mais fundamental existe no mundo para o progresso, o bem estar e a sobrevivência dos humanos.

 

Sugiro, pois, a leitura de um simples artigo de Wolfgang Münchau, hoje publicado no DN, sobre a globalização e o trabalho no Ocidente. Deixo aqui um destaque, mas conviria ler tudo.

 

[…]Em grande parte da Europa, a combinação da globalização e dos avanços tecnológicos destruiu a antiga classe trabalhadora e prejudica agora os empregos qualificados da classe média baixa. Portanto, a insurreição dos eleitores não é chocante nem irracional. Por que razão saudariam os eleitores franceses as reformas do mercado de trabalho, se isso pode resultar na perda dos seus empregos atuais, sem esperança de conseguirem outros?

Algumas reformas funcionaram, mas perguntemo-nos porquê. As aclamadas reformas do mercado de trabalho na Alemanha, em 2003, foram bem-sucedidas no curto prazo porque aumentaram a competitividade dos custos do país através de salários mais baixos em relação a outros países desenvolvidos. As reformas produziram um estado de quase pleno emprego só porque nenhum outro país fez o mesmo. Se outros se tivessem seguido, não teria havido nenhum ganho concreto.

As reformas tiveram uma grande desvantagem. Elas reduziram os preços relativos na Alemanha e impulsionaram as exportações, gerando no entanto saídas maciças de poupanças, a causa profunda dos desequilíbrios que levaram à crise da zona euro. Reformas como essas dificilmente poderão ser a receita para os países desenvolvidos resolverem o problema da globalização. […]

[…] A Finlândia lidera todos os rankings de competitividade, mas a economia é um caso bicudo de não recuperação e tem um forte partido populista. O impacto económico das reformas é geralmente mais subtil do que os seus defensores admitem. E não há nenhuma ligação direta entre as reformas e o apoio aos partidos políticos estabelecidos. […]

Hoje é 25 de abril. A informação é essencial à democracia. Um grande viva à liberdade e ao fim do obscurantismo e da beatice (Salazar era solteiro, não copulava, só lia livros de santos e tinha um genuflexório no escritório).

11 thoughts on “Neste 25 de abril, a falácia das «reformas estruturais» bem abordada”

  1. Afinal o cravo vai na mão.

    Se fosse no tempo que se usava chapéu preto era na fita do chapéu.

  2. Olha a Paulinha (Acabou a Impunidade) Teixeira da Cruz a botar faladura no Parlamento.
    E tirou o PIN da lapela e meteu lá um cravo !!!!!!!

  3. “Ligação telefónica do RCP ao Posto de Comando garantida por uma cabine pública junto à R. Sampaio Pina”

  4. Não tarda muito imprime-se um carro em 3D e com as nano e a revolução biogenética em aceleração o modelo econômico do capitalismo deve ser repensado.
    Por cá já não era mau quebrarem as clausulas abusivas das operadoras de comunicações que obrigam a 2 anos de permanência, embora haja na AR uma proposta que em alternativa propoe a redução da cláusula para 1 ano com aumento da propina. Se isto é de esquerda vou ali e já venho.Quanto custa a minha liberdade de expressão crl? 3 cents/minuto? Ou e preciso escrever no Publico ou pertencer aquela gordurosa e canina mão – cheia de amigos de esquerda da treta que depende da direita para empregos e para o óleo social?

  5. E caso para dizer que o amigo do Costa por 2000€/ mês consegue acordos do catrino. Ele, um tipo, como o amigo, que cedo perdeu a ilusão de mudar o mundo. Um Jarda.

  6. “Em grande parte da Europa …”
    Wolfgang Münchau tem razão … numa visão exclusivamente eurocêntrica. Mas não podemos esquecer que o mundo, e a globalização, não se esgota na Europa. Qual foi o efeito da globalização na China, por exemplo?
    Até que ponto estão os Europeus, que tanto discursam a favor da ajuda a outros países, dispostos a prescindir de algum do seu bem estar se isso significar na prática melhorar o bem estar dos outros? Ajudar a desenvolver … é só garganta. Primeiro nós!

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