Maioria dos italianos já percebeu o que é a credibilidade?

Deixemo-nos de tretas. A credibilidade, tal como no-la querem vender as instâncias europeias e que o PSD e o CDS propagandeiam como uma grande conquista da sua coligação, um grande feito do Gaspar, é uma figura de estilo, um eufemismo para sujeição. Tendo havido um período inicial de dúvida, a realidade mostra cada vez mais que só é “credível” hoje em dia, para os lacaios de Angela Merkel e da alta finança europeia, o país que põe a sua população na miséria. Nem sequer é preciso pôr as finanças públicas em ordem, como se torna notório. É preciso é retirar poder de compra e direitos aos cidadãos. Por sadismo? Não. Porque isso tem vantagens para os países do Norte, como a Alemanha. Pessoas em desespero por falta de trabalho emigram. Quem os recruta e acolhe aproveita-se do manancial de mão-de-obra (não muçulmana) subitamente à sua disposição. Ainda ontem soubemos de mais uma incursão de alemães em solo pátrio para recrutamento de trabalhadores qualificados, desde engenheiros e enfermeiros até eletricistas. 600 deles e delas.

Esta crise é, de facto, uma oportunidade, mas não de desenvolvimento para os países do sul. Estes países investiram recursos próprios na formação dos que agora partem. Outros irão beneficiar dos seus conhecimentos e da sua juventude – por lá ficarão e por lá criarão prole. O esquema foi bem montado. Não admira que a Alemanha se continue a desenvolver. E dir-me-ão: mas as empresas alemãs não estão a ser generosas? Quem parte não vai em busca de uma vida melhor? Sim, vai. Quanto à generosidade, prefiro falar das condições do mercado, da lei da oferta e da procura, soberanamente explorada. Mas é evidente que tal situação deixa os países do sul sem perspetivas de futuro e com uma forte pressão sobre as contas da segurança social por via do envelhecimento da população.

Não critico os alemães que assim defendem a prosperidade do seu país. Critico é quem opta por contribuir para a prosperidade dos outros e não defende a prosperidade dos seus nem tem a noção do que está a acontecer. Por incompreensíveis que nos pareçam as opções eleitorais dos italianos, daqui os saúdo. Algo de muito injusto e revoltante está a acontecer na Europa da moeda única. E algo vai ter que mudar.

Nota à margem: Será assim tão difícil dizer Bersani e não Barsani? E Gril-lo (à italiana) em vez de Grilho (à espanhola)? Não só nas televisões se cometem imprecisões deste género, como também nos jornais – chegando-se ao absurdo de, hoje, no Público, se dizer em título “Barsani estende a mão ao movimento antipartidos de Grillo” e se escrever corretamente o nome do senhor – Bersani – em todo o corpo da notícia.

3 thoughts on “Maioria dos italianos já percebeu o que é a credibilidade?”

  1. é mesmo isso. já o ando a dizer há que tempos. resolvem a crise demográfica à conta do sul e nem gastam na formação , é só facturar.
    e , pela parte que me toca , mil vezes passar mal para recuperar o poder de decisão e mandar às urtigas as directivas europeias que deram cabo da economia dos países mais pobres e os fundos de comunitários que mais não são que um artifício para passar o dinheiro dos contribuintes europeus para o bolso da banca das empresas amigas e dos políticos , que para salvar a euroalemanha : vá tomar no dito :)

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