Faz mais de um ano hoje. Lembram-se de Sócrates dizer que não governava com o FMI? Era um alerta para o que aí vinha e, ao mesmo tempo, uma crítica e um distanciamento em relação à receita que a instituição sistematicamente aplica. Ao FMI, juntou-se então o BCE e a UE, mas para o caso pouco interessa. Estamos sob o jugo da Troika, sem moeda própria e às ordens da Alemanha, e sabemos ao que sabe.
Repararam já também no que nos diz todos os dias este governo? Pois é, ao contrário de Sócrates, dizem-nos praticamente que não governam sem o FMI, ou seja, sem a Troika. Adoram-nos. Tal é a sintonia e a colagem, que é difícil até imaginá-los a governar autonomamente. É verdade que já antes o diziam, por outras palavras, ao desejarem ardentemente a sua vinda e tudo fazendo para que tal acontecesse, pois sabiam que, sem esse poderoso chapéu de chuva e anjo da guarda, não poderiam jamais aplicar o programa de empobrecimento de 95% da população, perdão ganho de competitividade, previsto na página 32 do manual de Economia de Passos, Álvaro e Gaspar, para benefício dos privados, que irão enriquecer, perdão, dinamizar e mudar o paradigma da economia portuguesa e colocar o país na senda do progresso, como aconteceu com …, olha, varreu-se-me o nome do país.
Não deve ter escapado a ninguém a obstinação e a angústia com que Mariano Rajoy, numa Espanha sem meios para resgatar a banca e com a taxa de desemprego conhecida, resiste a um pedido de ajuda externa e à perda de soberania e pressiona a UE a avançar com as medidas teimosamente adiadas, indo ao ponto de já falar nas euro-obrigações. Os mesmos que por cá acusaram Sócrates de levar a resistência longe demais, olharão agora para o amigo Rajoy com que olhos? Pensarão que é lunático? Eu respondo: é claro que não o pensam, mas, na tentativa de parecerem coerentes, já ouvi alguns pronunciarem-se sobre isso: “Rajoy já devia ter pedido ajuda, está a deixar a situação arrastar-se demasiado tempo” (Braga de Macedo). Queridos, coerentes e uns portentos a falar dos outros! Como é óbvio, ninguém naquelas hostes fanáticas vai ter a lata de elogiar ou simplesmente compreender Rajoy na sua recusa da humilhação e na sua impotência perante uma Europa injustificadamente moralista. Mas, justiça lhes seja feita, para Gaspar e Passos, dizer que compreendem ou que apoiam Rajoy seria efetivamente contraditório com os elogios que tecem às ideias da Troika, logo, há grandes probabilidades de pensarem que Rajoy é mesmo um lunático. Não sendo essa la opinión do próprio, com certeza que a nossa dupla lhe poderá explicar as vantagens e os prazeres de se ser um governador de província. Seria qualquer coisa do género “É um gozo: em público, encena-se um ar grave, sério e compungido (a voz do Pedro ajuda), diz-se que não há alternativa, atiram-se as culpas do afundamento do país para o governo anterior e, em privado, seguimos cantando e rindo com o pote conquistado após uma dúzia de aldrabices, gargalhamos com Relvas, Portas e Aguiar Branco e deixamos o pateta de Belém divertir-se também, de vez em quando, pelo globo fora, ouvindo-o dizer, no regresso, que está a empenhar todas as suas energias no combate ao desemprego”.
A Grécia vai à vida (os russos e até a Turquia serão financiadores possíveis) e a Espanha vai-se afundar. Possivelmente, com ela, toda a zona euro. Vai ser bastante risível ver os nossos bons alunos da escola alemã dizerem que estávamos no bom caminho e fomos apenas lamentavelmente prejudicados pela situação internacional. Será que a Troika os abandona? Não façam isso! Nós amamos-vos, dirão, enquanto se afundam.
Alguém que escreva um novo «Ensaio sobre a cegueira», que inclua não só estes governantes e os seus mentores europeus, mas também o povinho que ainda lhes dá (aos primeiros) 36% nas intenções de voto, mais 6% aos colegas da lavoura e da caridade.
se fizerem umas esperas ao coelho como faziam ao socras e a comunicação social apertar com o gaspar é vê-los a ceder em toda a linha, o problema é que a oposição está comprometida com a eleição destes trates e o seguro está à espera que o poder lhe caia ao colo. o país que se foda, o que interessa são os projectos pessoais de uns quantos lusotóinos autopredestinados.
Muito bem Penélope.
E é algo completamente espectacular, inacreditável, ver como o PS não denuncia a duplicidade, a hipocrisia, o cinismo, a golpada que está na origem da situação que vivemos depois do chumbo do PEC IV.
É mesmo, Val. Com o afastamento do Louçã em setembro, e se o Tsipras na Grécia for capaz de liderar alguma coisa rumo a uma solução qualquer, o PS corre o risco de surgir alguém no Bloco com algum carisma e populismo q.b. que os deixe a ver navios.
” o PS corre o risco de surgir alguém no Bloco com algum carisma e populismo q.b. que os deixe a ver navios.”
deves tar a pensar na isabel moreira e a música pode ser esta
http://www.youtube.com/watch?v=wzrXc68gNjQ
A verdade fere como punhais.este post de penóple,é um manancial de verdades que ninguem serio pode contestar.Só há uma coisa que penople não disse,é que é o governo de Passos Coelho que pede , à troika muitas das medidas de austeridade que estão a ser aplicadas para serem eles (Troika) a exigir, sacudindo dessa forma vergonhosa a agua do seu capote. rajoy,está a pedir o que Socrates queria para portugal,tempo e solidariedade.Para já ao contrario do rapaz de massamá está a pressionar merkel para a adoção dos eurobonds. termino com este lamento:Conseguimos resistir no prec às tentativas de tomada do poder por parte dos irresponsaveis do pcp.hoje sem recurso armamento bélico,estamos a caminhar suavemente como convem… para um tipo de pais que rejeitamos há 38 anos.
Concordo que é dolorosamente lúcida a análise da Penélope.
Mas, Maria Rita, esse povo já não existe. Ao menos podiam ter-lhe feito um requiem, qualquer coisa, mas não, deitou-se numa valeta e nunca mais ninguém o viu. Ou morreu ou está tudo cego
http://www.youtube.com/watch?v=KSY4Yi2ypno
Ignatz: Boa música e muitíssimo apropriada.
O post estava bom até chegar às duas últimas palavras. A esquerda neo-urbana tem de aprender a respeitar os homens do campo.
Pá, ò Galuxo, os homens da lavoura e da caridade são os gajos do PP, homem de Deus.
Percebi à primeira, Homem do Campo. Mas a Penélope utilizou essa condição com desdém. Leva com o mata-moscas.
No norte a expressão “homem do campo”,é elogiosa.agricultores para os subsidios já há demais.
Lucas Galuxo: Não utilizei com desdém pela atividade em si. A palavra “lavoura” é perfeitamente correta e, à primeira vista, nada depreciativa. Mas era um termo muito usado e explorado pelo salazarismo santacombadense, como sabemos, tendo sido substituído, após a revolução, pelo mais internacional “agricultura”. Paulo Portas decidiu há uns anos repescá-lo e não podemos deixar de nos interrogar porquê. Neste caso, lavoura, assim como caridade, são sinédoques para CDS-PP.
uma ajuda à panegeríca, aproveitando a boleia da sinédoque: mercedes topo de gama cum chófer não é para qualquer um, apenas para quem pode.
oh panegiro! azar teu, távas à boleia para sinédoque mas o gajo regressou em direcção ao marquês. a propósito, reparaste se o topo de gama era a gasolina ou gasóleo, recente ou antigo, se o motorista por acaso não era o filho, o que é que almoçaram, quem pagou a conta e se pediu factura qual foi o número de contribuinte aposto à mesma. este material bem trabalhado dáva outro freepork em versão bar aberto.
oh ignatz, que ofendido ficastes, rapaz! Tomar a parte pelo todo é assim, e eu não disse panegírico. O chique tem destes custos, alguns dizem que de oportunidade.
ofendido!!! not at all, para me ofenderes tens que nascer duas vezes, remíveis a igual quantidade em toneladas de farinha maizena.
Ora, onde se situa a caixa dos cumentários ao ilustre XICU francisco em bonte linhas 794?
ò pazinhos, mas atão, a técnica de um ailutre pegoue mesmo, carago, num há liberdade de ispreçãoe. Ó penelope, descolpe lá, senhora, mas tu toma cudado, tu toma cudado, aquele teixto é mais uma purtagalite que a pasta medicinal nun cura, pá, nem li aquela cousa, mas bie um muinhu, e o conteúdo debe ser o habituel, um enxame de manifestações da birgulas e o carago das letras, a pedir a libertaçãoe du carrascu.
Descolpa lá,miga, mas a tensãoe arterial sove, podes mandar-me ao binho, mas que seja de cólidade.
Ó cidadaão da benedita, perdestes pá, tás abere, cuntinuas adar o flancu, meu. Bê um bideo do ti zé martins, e bais a ber que ele tisplica tudo e ainda te pergunta, «num é»?
O texto da penelope, ó senhora, o caminha é prá frente, de barapau a cair no lomvo de quem nos pôs no fundo do charco e caramba, é charcu mesmo.
Penélope,
Deixe-se de tretas. A palavra lavoura tanto é utilizada pelo CDS como pelo PC. Infelizmente os únicos partidos que parecem ter algum genuíno e sistematizado interesse no tema.
claro, quando o tema é subsídios para destruir e apanhar sol, lá temos o gerómino e o porcas a curtir uma de campesinato., um passa de manhã e outro vai no turno da tarde.