Dá que pensar, embora a violência da conclusão intrigue: caso se repetissem os incêndios de 2017, o Presidente dissolveria o Parlamento. Ou seja, deitaria abaixo o Governo e convocaria novas eleições. Marcelo declarou esta intenção em entrevista à TVI, ontem, num momento em que diz estar a ponderar a sua recandidatura. Nunca saberemos se o fazia ou não. Mas o facto de o afirmar é confrontacional. Segundo ele, os protestos do povo por entre cujo choro andou na altura dirigiam-se de tal maneira ao Governo e ao seu “descolamento da realidade” que não lhe restaria outra solução que não fosse mandá-lo abaixo nos próximos fogos, a acontecerem. Parece que assim vingaria o povo e, a partir daí, não mais haveria tragédias? Que “boutade“. Daquela vez passou, da próxima o Governo não passa? Ó paizinho. Com calma, sim?
Isto é ridículo, surpreendente e muito agressivo. Andando também pelo meio do povo naquela época seca e escaldante, ouvi acusações bem diferentes das invocadas. As coincidências dos fogos postos não escaparam a quase ninguém. Não levei, porém, uma câmara nem sou governante. É que não há nada melhor para ouvir dizer mal de quem governa do que andar um presidente, às vezes uma simples câmara de televisão, pelo meio do povo destroçado. De pessoas que não têm culpa nenhuma, de facto, do que aconteceu e nem terras possuem. Mas Marcelo não ignora certamente que quase ninguém nas terras ardidas limpava as matas, que animais como as cabras há muito desapareceram, que ninguém se preocupava com as portas de saída em certos edifícios, ninguém avaliava os locais de construção de habitações em termos de segurança, ninguém respeitava muito a proibição de queimadas, que todos queriam ganhar dinheiro com os eucaliptos, enfim, que já não chovia há sete meses; e muitos dos que protestavam se esqueceram dos cortes nos organismos públicos e em pessoal (incluindo vigilantes florestais e bombeiros) no tempo do governo anterior; no entanto, já que havia palco e presidente, este diz que o povo malhava era no Costa. E muita gente acredita. Marcelo tinha obrigação e a decência de interpretar correctamente situações de aflição e desespero e de ver mais longe, devendo ele próprio, já agora, contribuir para uma maior tomada de consciência das populações e autarquias para as suas próprias responsabilidades. Mas assim não foi e só pode haver uma razão pouco louvável.
Alguns dados
Segundo o relatório da Comissão Técnica Independente, que Marcelo seguramente leu, 40% dos incêndios de 2017 deveram-se a actos incendiários intencionais, 20% a negligências várias e os restantes 40% a reacendimentos. Escusado será lembrar aqui também, a propósito das dificuldades no combate, o número inusitado de incêndios que se verificaram praticamente em simultâneo, consumindo meios e recursos não multiplicáveis por todo o país, ou os fenómenos atmosféricos até essa data raros que foram responsáveis, pelo menos, por uma das principais tragédias desse fatídico ano, numa determinada estrada. Esses dados deveriam estar sempre presentes antes de alguém decidir mandar para o ar acusações disparatadas e venenosas. Marcelo acusa agora directamente o Governo (na pessoa da ministra da Administração Interna de então) de responsabilidade pelas tragédias ocorridas. Não se percebe onde quer chegar com tal incriminação, numa altura em que até se leram notícias, não sei se falsas, de um possível apoio do PS à sua recandidatura.
E já que falo nisso, aproveito para dizer que discordo em absoluto desse apoio. O partido socialista deveria manter-se distante. Se não tem candidato, cale-se. Já bastou o que aconteceu com Cavaco Silva que, no primeiro mandato, pareceu cordial e colaborante, conseguindo seduzir para o voto muitos dos que não apreciavam Manuel Alegre e, mal se apanhou reeleito, desatou a fazer discursos vingativos contra os socialistas e política partidária desenfreada em prol dos seus camaradas de sempre, muito contribuindo para a catástrofe que se seguiu.
Marcelo não governa nem governava em 2017 e só isso já o devia fazer conter. Pelo que disse na entrevista, até parece que o Costa não faria nada para evitar novas tragédias decorrentes de incêndios nos anos seguintes se não sentisse a espada de Dâmocles por ele supostamente colocada sobre a sua cabeça. É obviamente mentira. Além de ser uma afirmação antipática de autoridade. Por questões relacionadas com a sua própria reeleição, Marcelo está a optar pela esperteza saloia (pode não ser verdade que fizesse o que diz que faria), pelo distanciamento de vedeta e pelo vale tudo, incluindo o aproveitamento de tragédias que nenhum governo poderia ter evitado.
Portugal the Man foi um país Berlusconiano antes de Berlusconi (Balsemão 1o. Ministro e depois licença de TV) Pop antes do Populismo, PCoelho e as constantes mentiras e assassinatos de caracter coadjuvado pelo sistema mediaticopolitico que praticou censura durante todo o programa troikiano. E Fake news? Ahahah esse é o nome do meio do CostaBannoninho.
Isto só foi possível com a criação de um sistema que cimentasse a união interessada de varias colectovidaes a politica, a jornalística,a judicial. Hoje o sistema não tem qualquer função formativa é só um produtor de uma pretensa e irreal assembleia da republica cheia de propaganda e lavagem ao cérebro. O problema das caixas de comentários é esse mesmo, o retorno do lixo propagandistico e da desinformaçao que infesta o sistema .
O Presidente Celinho ou Celito revelou ser um grande estradista local e internacinal!
Sempre gostou de falar isto é; dizer coisas que, por vezes revelam uma insustentável
leveza! Tudo o resto é feito com imenso rigor seguindo um plano pré estabelecido pa-
ra uma eventual reeleição, a falsa proximidade das selfies, a máscara do sorriso perma-
nente, a penúltima foi declarar-se cavaquista a propósito das viagens de Estado do seu
antecessor! Gosta de mandar recados para o Governo por vezes, por interpostas figu-
ras! Dá palpites sobre tudo e nada, procura ir a todas, acaba por banalizar a Presidência!!!
Acho que o Celinho confirma o plano b dos direitolas.
O(s) incêndio(s) foi o acontecimento que mais contribuiu para a erosão da popularidade do governo. Até caíu uma ministra.
Só se formos cegos e surdos não percebemos que os mérdia colam o Celinho a todos os sucessos do governo
(flagrante o caso de Angola), assim como amplificam e desenvolvem os ataques quando algo corre mal.
Por isso, gostava repetir o aviso que fiz no post anterior, para que se divulgue esta noção o mais abrangentemente possível e assim, quem sabe, anular ou minimizar essa estratégia de mérdia:
Com as eleições à porta, as FORÇAS DE DIREITA (e outros grupos de interesse relacionados) VÃO INCENDIAR O PAÍS durante o verão.
Parece ridículo o dramatismo, mas prevejo uma catástrofe a menos que algo seja feito para o impedir.
Nunca pensei dizer “as forças de direita” mas, na realidade, é a melhor designação que consigo arranjar. E acho que, pelo menos em termos nacionais, conseguimos encaixar nela um grupo de endivíduos (políticos, empresários, etc) high e low profile.
Excelente post Penélope! Concordo a 100%.
Só não entendo uma coisa, a Penélope não vive em Inglaterra? Então como é que em 2017 andou com o povo nas matas?
Para além das casas construídas em maus locais, deve-se falar também das casas mal construídas. Viram-se muitas casas que arderam porque o telhado, assente em vigas de madeira, pegou fogo e colapsou. Muitas outras casas têm portas e janelas em madeira ou outro material combustível.
negligências várias
Na minha terra em 2017 houve um incêndio no centro da aldeia causado simplesmente por uns indivíduos estarem a cortar metal com uma rebarbadora no meio de um campo de restolho. As faíscas que saltaram da rebarbadora para trás dos trabalhadores causaram um incêndio sem que eles notassem. Quando repararam o fogo já estava tão descontrolado que tiveram que vir os bombeiros. Os trabalhadores foram presos.
Marcelo não governa nem governava em 2017 ,mais o Marcelo nunca governou nada em nenhum ano ,apenas foi presidente da Assembleia Municipal da terra dele de resto nunca governou nada nem uma simples junta de freguesia porque os eleitores nunca lhe reconheceram qualidade para tal ,foi eleito para dar beijinhos e abraços e tirar selfies ,uma coisa lhe reconheço é melhor Presidente que o crancro de Boliqueime o que não era dificil.
Luís Lavoura: não vivo nem vivi em Londres. Vivi em Bruxelas. Agora estou por cá e, tendo raízes e propriedades (calma, não sou milionária) na Beira Alta, inteirei-me muito bem de todas as tragédias e opiniões no local.
Como a Penélope faz frequentemente posts sobre coisas inglesas, pensei que vivesse na Inglaterra.
Com propriedades na Beira Alta dificilmente se fica milionário, a terra por lá vale muito pouco. Eu tenho propriedades na Beira Litoral (a meio caminho entre Coimbra e Aveiro), lá a terra vale um bom bocado mais mas, mesmo assim, não dá para se ser milionário, nem nada que se pareça.
… contactar com o tanso acima. latifundiário na beira litoral e grande admirador de coisas inglesas em forma de poste. um bolo inglês pelo cu acima era pouco.