A Igreja Católica anda na berlinda. Aliás, desde a eleição deste Papa, nada mais se esperava. Agora, surgiu uma “Instrução”, que João Paulo II já pedira há largos anos, sobre a ordenação de homossexuais. Esta recorda o velho argumento segundo o qual um sacerdote precisa de ser mesmo muito parecido com Cristo para estar à altura da tarefa (o que poderia levar a que apenas judeus trintões fossem ordenáveis, mas enfim). E Cristo não tinha qualquer tendência para a bichice, pois não? (Também gostaria de saber onde é que isto vem garantido nos evangelhos…)
De qualquer forma, os actos homossexuais são sempre, e tendo em vista as Escrituras, vistos como “intrinsecamente imorais e contrários à lei natural” (voltando ainda e sempre à Bíblia, talvez já não tarde muito para se ressuscitar a proibição de tocar em mulheres menstruadas). Já as meras “tendências” escapam com alguma indulgência: são apenas “objectivamente desordenadas”. Mesmo assim, basta que sejam “profundamente arraigadas” num candidato para o excluir. Aliás, tal destino é comungado por todos os que “apoiem a assim chamada cultura gay“, mesmo que sem qualquer tendência pessoal nesse sentido.
Toda esta malta, aos olhos perfeitamente normais das gentes do Vaticano, está impedida “de ter uma relação correcta com homens e mulheres”. No caso dos sortudos que só sofrem dessa desordem como “expressão de um problema transitório” (assim uma espécie de sarampo da alma), podem considerar-se curados se não tiverem tido recaídas nos três anos anteriores à ordenação diaconal.
A mim, tudo isto parece normal e desejável. Normal porque a Igreja Católica tem todo o direito de só admitir na quadrilha quem ela quer. Desejável porque quanto mais ela se fecha mais perto fica do fim: por este caminho, resumir-se-á em breve a um bando de castos gerontes (eles sim, têm uma relação com homens e mulheres 100% normal) entretidos a regulamentar mutuamente, mas de forma ordenada, os seus derradeiros anos.
Mantenham as mulheres resumidas ao papel de Maria Madalena, servindo para vos lavar os pés mas não para tarefas mais sagradas. Afastem os homossexuais, por mais castos que sejam. Impeçam a música profana de violar a santidade dos vossos templos. Continuem a proclamar que “Igreja somos todos nós”, a não ser quando alguém questiona os meandros das vossas decisões. Continuem a berrar pela manutenção de crucifixos em escolas públicas. Por mim, quanto mais, melhor.
PS: há que reconhecer que com Bento XVI a Igreja também tem mostrado alguma abertura. Acolheu, por exemplo, os disparates do Criacionismo.
experiência
(desculpa e “experiência” de cima, mas é que tenho sido saneada dos comentários desde o post do João Pedro até aqui acima… este é que já me aceitou – será a tolerância cristã?)
Pois isto quase chega a ter graça. Já se previa, é claro, que este senhor trazia atrás de si esta cauda toda de posições conservadoras ( notem o belo eufemismo!) Mas é realmente cada tiro cada melro. Vai fazer mais por afugentar os indecisos e vagamente católicos do que uma campanha anti-igreja.
Deviam dar-lhe uma prenda, ou levantar-lhe um altar…
tu és capaz de melhor :)
Isto anda muito mal por aqui. Nem com vaselina os comentários entram. Deixa lá experimentar mais uma vez.