O enterro de Portugal

Uma cegada tradicional portuguesa organizada em Agosto em Guimarães, berço da nacionalidade, acabou na demissão do comandante da GNR de Braga. O enterro de Portugal, num caixão feito por medida (video aqui), tinha sido apoiado pela Capital Europeia de Cultura 2012 e contou com a participação de um aprimorado grupo de militares da GNR armados de espingardas, por sinal disparadas para o ar no final de féretro da falecida nacionalidade.

As ótoridades iam tendo um fanico e, não havendo verba para bombardear Guimarães, demitiram de imediato o comandante da GNR da região. Ainda não foi divulgada justificação oficial da demissão, mas, de facto, não se pode deixar que se espalhe a notícia do falecimento de Portugal. Imagine-se que a troika sabia…

Post-scriptum:

A GNR participa todos os dias em procissões da Igreja católica por esse país fora, apesar do regime vigente de separação entre o Estado e a Igreja, mas pelos vistos não pode participar num acto cultural. Afinal é a cultura que está separada do Estado, não a Igreja?

16 thoughts on “O enterro de Portugal”

  1. Ó Júlio, o que é que tem a ver o cu com as calças?
    Se a GNR estava no enterro é porque foi um assassínio, dhaaa!

  2. Deves ter razão, ó Sousa. Eu estava mais inclinado a pensar numa manifestação encapotada dos GNRs contra o governo, mas realmento o teu argumento é poderoso.

  3. Minha senhora, com estridências e obscenidades não me convence de que não se tratou de um acto cultural: teatro de rua ou, mais precisamente, uma cegada, antiga tradição portuguesa. O que não quer dizer que eu goste ou esteja de acordo com as explicações que o encenador forneceu a posteriori. Não me interessam nada. Há muitos eventos culturais que não me dizem absolutamente nada, este ao menos foi atrevido e fez-me rir. E se Portugal ainda não morreu, está com os pés para a cova.

  4. Olinda, voçê decepcionou-me! A vez, que politicamente foi mais clara na sua intervenção,borrou logo a pintura.

  5. caro júlio – também a mim não interessa a tua, permito-me o tratamento absolutamente desinibido – e por isso elegante – à espanhol, sobre a minha, perspectiva estridente e obscena em relação ao assunto. portugal é muito mais do que um ou outro governo, do que consequências desgovernadas – portugal é meu, é teu e é de quem o amar. e não se ama, em riso, um suposto moribundo. essa morte prevista, mera ilusão, é sopro de desesperança; é crença no desacreditar – de mortos mortos por matar. e as massas que, esquecendo a cultura, o melhor, exaltam o pior e aculturam-se, de facto, de negras vestes e choros vadios. não é assim, à moda de coveiros corcundas, que se ama um país – que se ama. amar exige resistência e resiliência e um dom: o de fazer sobressair o melhor que o outro tem, não de castrá-lo e humilhá-lo e emigrá-lo para terras de caixão.

    Maria rita, não fico triste por te decepcionar: no amor não cabe, política, o poder.

  6. Pois não sei responder a essas perguntas, caro Galuxo. Nunca soube tais coisas em relação a nenhum evento de nenhuma capital europeia da cultura, mas esta cegada deve ter sido dos mais baratuchos.

    E você, sabe quanto custou e quem a pagou? Terá sido a Merkel? Terão sido os reformados e funcionários públicos roubados pelo governo? Quem não foi certamente foram os numerosos praticantes do desporto mais popular em Portugal, a fuga ao fisco. Há “hordas” deles por aí, nunca são abrangidos por pacotes de medidas de austeridade e costumam ser os primeiros a falarem no mau emprego do dinheiro dos contribuintes.

  7. É bem lembrado, Júlio. Contribuinte que sonhe que os seus impostos são utilizados a pagar cegadas dessas, sobretudo na aflição actual, fica sem vontade contribuir.
    Agora. Essa da fuga ao fisco ser o maior desporto nacional está ao nível daquela que diz que Portugal é um país de corruptos. Você no outro dia, e bem, denunciou esse passa-culpas. Não vá por aí.

  8. “Essa da fuga ao fisco ser o maior desporto nacional está ao nível daquela que diz que Portugal é um país de corruptos.”

    as estimativas oficiais falam de fugas ao fisco no valor aprox. a 33 mil milhões, não sei se o futebol está incluído e qual o seu valor oficial para determinar o ranking nacional evasão fiscal por modalidade.

  9. “as estimativas oficiais falam de fugas ao fisco no valor aprox. a 33 mil milhões”

    Onde é que eles estão? Debaixo dos colchões?

  10. Então os GNR’s levavam à arma ao ombro num funeral?

    Já não se usa a posição de “funeral arma”?

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