Prazeres da língua – 1

Aqui em casa, no Aspirina, não há ninguém com o periúdo. Somos um blogue masculino. Exorbitantemente masculino.

Mas não somos mediúcres, julgo eu. Haverá, no máximo, quem nos ache miúpes.

A sério. Se souber de mais retorcimentos vocabulares deste tipo, informe o pessoal. Fazemos colecção. Mais: se achar que a nossa língua é «mesmo assim», diga também. Um gajo já está por tudo. Mesmo rilhando os dentes.

14 thoughts on “Prazeres da língua – 1”

  1. Bem sei que o Fernando está a rilhar os dentes, mas eu sugeria outra estratégia. Porque é que não aproveita a oportunidade para nos dar umas luzes de fonética?

  2. o problema desta república socialista e anárquica são os abortos políticos que sucessivamente a desgovernam

  3. Carriço,

    De facto, espectacular. Se os Gatos Fedorentos põem os olhos naquilo, chamam-lhe um figo.

    JP,

    Ah, sempre insaciável de liberdade!

    Luis,

    Esta evolução leva à desordem. (Esta é também para o JP).

    Luis Oliveira,

    Estes fenómenos (periúdo, mediúcre etc.) não são recentes. Há bem quarenta anos que os observo, e ouso pensar que deitam mais longe ainda.

    Poderia tratar-se de efeito duma tendência ‘natural’ do idioma para a palavra grave (acentuada na penúltima sílaba). Mas também de uma natural ‘rejeição’ desse tipo de estrutura (pe-rÍ-o-do), realmente rara em português.

    Facto é que a pronúncia correcta (a minha, a tua) de «período», «medíocre» etc. pede algum esforço. E nem toda a gente está disposta a ele. Constato, mesmo, que quem diz «mediúcre» tem dificuldade em pronunciar «medíocre». Mesmo que só para te fazer o gosto.

  4. Susana,

    Eu pronuncio mdíucr. É normal que um ‘o’ postónico soe ‘u’.

    Galaico-portugues,

    Entendemos por ‘pronúncia correcta’ a da classe média alta de Lisboa e Coimbra neste momento. As variantes ‘periúdo’ ou ‘mediúcre’ não são, segundo este critério, consideradas correctas. Mas poderão tornar-se-o um dia. Simplesmente, eu não coopero.

  5. «Luis, Esta evolução leva à desordem. (Esta é também para o JP).»

    Desordem? Qual é a «ordem»?

    «Poderia tratar-se de efeito duma tendência ‘natural’ do idioma para a palavra grave (acentuada na penúltima sílaba). Mas também de uma natural ‘rejeição’ desse tipo de estrutura (pe-rÍ-o-do), realmente rara em português.»

    Ora aí está: a tua «desordem» equivale a uma regularização do sistema. É por isso que qualquer neologismo em Português polissilábico tende a ser grave ou que um neologismo verbal tende a ser sempre da primeira conjugação (tentem lá inventar um verbo para um substantivo como, sei lá, «cabeça», sai sempre *«cabeçar» e não *«cabecer» ou *«cabecir»).

    O sistema é uma coisa bonita.

  6. Fernando:

    É como lhe digo esta coisa da fonética fascina-me. Relativamente às normas, à hipotética evolução das normas e aos desvios à norma sou mesmo (só e epenas) um aprendiz.

  7. Caro Fernando,

    A pronúncia do Português e às suas variações regionais, é o menor dos meus problemas. A ignorância crassa da gramática e da sintaxe que se tem propagado como um vírus nos media parece-me bem mais grave. Deixei de ver canais portugueses – incluindo telejornais – por essa razão. Para grande irritação do meu filho de 17 anos que gosta de estar informado, recuso-me a ver notíciários à hora do jantar (para dizer a verdade também ele acaba por desistir ao fim de cinco minutos). Já experimentou gravar um telejornal e assinalar os disparates que todos dizem – jornalistas, políticos e «populares»?

    Um abraço

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