Aqui em casa, no Aspirina, não há ninguém com o periúdo. Somos um blogue masculino. Exorbitantemente masculino.
Mas não somos mediúcres, julgo eu. Haverá, no máximo, quem nos ache miúpes.
A sério. Se souber de mais retorcimentos vocabulares deste tipo, informe o pessoal. Fazemos colecção. Mais: se achar que a nossa língua é «mesmo assim», diga também. Um gajo já está por tudo. Mesmo rilhando os dentes.
bebado
Em matérias de Português, só me acredito no Carlos Xistra. Isto desde que li parte de um relatório do mesmo.
Saudações
Bem sei que o Fernando está a rilhar os dentes, mas eu sugeria outra estratégia. Porque é que não aproveita a oportunidade para nos dar umas luzes de fonética?
«Mais: se achar que a nossa língua é «mesmo assim», diga também.»
É sempre bom quando nos dão licença para sermos livres.
Lá estás tu com a mania que a evolução leva mesmo a algum lado…
o problema desta república socialista e anárquica são os abortos políticos que sucessivamente a desgovernam
Carriço,
De facto, espectacular. Se os Gatos Fedorentos põem os olhos naquilo, chamam-lhe um figo.
JP,
Ah, sempre insaciável de liberdade!
Luis,
Esta evolução leva à desordem. (Esta é também para o JP).
Luis Oliveira,
Estes fenómenos (periúdo, mediúcre etc.) não são recentes. Há bem quarenta anos que os observo, e ouso pensar que deitam mais longe ainda.
Poderia tratar-se de efeito duma tendência ‘natural’ do idioma para a palavra grave (acentuada na penúltima sílaba). Mas também de uma natural ‘rejeição’ desse tipo de estrutura (pe-rÍ-o-do), realmente rara em português.
Facto é que a pronúncia correcta (a minha, a tua) de «período», «medíocre» etc. pede algum esforço. E nem toda a gente está disposta a ele. Constato, mesmo, que quem diz «mediúcre» tem dificuldade em pronunciar «medíocre». Mesmo que só para te fazer o gosto.
fernando, e com a pronúncia correcta o «o» lê-se aberto ou fechado?
pronúncia correcta???
não existe tal coisa!
Susana,
Eu pronuncio mdíucr. É normal que um ‘o’ postónico soe ‘u’.
Galaico-portugues,
Entendemos por ‘pronúncia correcta’ a da classe média alta de Lisboa e Coimbra neste momento. As variantes ‘periúdo’ ou ‘mediúcre’ não são, segundo este critério, consideradas correctas. Mas poderão tornar-se-o um dia. Simplesmente, eu não coopero.
Não me diga que você é dos que dizem “coalho”, “espalho” e “comptador”?
«Luis, Esta evolução leva à desordem. (Esta é também para o JP).»
Desordem? Qual é a «ordem»?
«Poderia tratar-se de efeito duma tendência ‘natural’ do idioma para a palavra grave (acentuada na penúltima sílaba). Mas também de uma natural ‘rejeição’ desse tipo de estrutura (pe-rÍ-o-do), realmente rara em português.»
Ora aí está: a tua «desordem» equivale a uma regularização do sistema. É por isso que qualquer neologismo em Português polissilábico tende a ser grave ou que um neologismo verbal tende a ser sempre da primeira conjugação (tentem lá inventar um verbo para um substantivo como, sei lá, «cabeça», sai sempre *«cabeçar» e não *«cabecer» ou *«cabecir»).
O sistema é uma coisa bonita.
Fernando:
É como lhe digo esta coisa da fonética fascina-me. Relativamente às normas, à hipotética evolução das normas e aos desvios à norma sou mesmo (só e epenas) um aprendiz.
Caro Fernando,
A pronúncia do Português e às suas variações regionais, é o menor dos meus problemas. A ignorância crassa da gramática e da sintaxe que se tem propagado como um vírus nos media parece-me bem mais grave. Deixei de ver canais portugueses – incluindo telejornais – por essa razão. Para grande irritação do meu filho de 17 anos que gosta de estar informado, recuso-me a ver notíciários à hora do jantar (para dizer a verdade também ele acaba por desistir ao fim de cinco minutos). Já experimentou gravar um telejornal e assinalar os disparates que todos dizem – jornalistas, políticos e «populares»?
Um abraço