Gostaria muito que começassem a ler este livro no mesmo estado em que iniciei a sua leitura: na mais pura das ignorâncias. O que me seduziu, quando o vi numa livraria há cerca de um mês, foi o seu aspecto. A Remastered Full-Color Edition de House of Leaves de Mark Z. Danielewski é um objecto que irradia magnetismo: como se a invenção de Gutemberg tivesse esperado mais de cinco séculos para cumprir finalmente nesta obra todas as possibilidades da arte da tipografia. Adquiri assim o livro num impulso de bibliófilo que, até aquele dia, não sabia existir em mim: mesmo que as suas páginas estivessem escritas numa língua que não me fosse inteligível, o livro, enquanto objecto, justificaria a compra. Deve-se olhar primeiro para as páginas desse romance como a mesma inquietação que olhamos para uma pintura. Numa era em que o papel tende a perder a sua importância, o livro de Danielewski é a mais violenta demonstração que conheço do quanto o seu suporte é insubstituível. E foi assim que olhei para as suas páginas, uma a uma, durante uma tarde inteira sem nunca me passar pela cabeça iniciar a leitura. Acabei de o ler hoje de manhã e mais não digo. Porque estou certo que haverão de querer relê-lo um dia no mesmo estado em que finalizei essa primeira e inesquecível leitura.
Maldito que tive de me contentar com a edição paperback. Essa edição tem extras, verdade?
Verdade. Para além de trazer diversas fotos e desenhos, inclui igualmente as The Whalestoe Letters, o seu segundo livro (inclusão essa que faz todo o sentido no labirinto da obra).
Bom, tenho de descobrir a coisa, então.
Ai isso é que não tens: já tenho na minha posse o teu exemplar. A família também é fonte de presentes. :)
hum. (cof-cof) eu acho que eu ainda sou vossa prima…
Ó primo, com essa novidade é que me deixas encantado. Estou banzo!
E luzinhas a piscar, tem luzinhas, o livro do Danielewski? É impresso em caracteres de néon? É que eu só compro tipografia fluorescente. Porque, cum raio, já estamos no sec xxi, e não se justifica que ainda se editem livros que não emitem luzinhas.
Até me ri a ler este post, JP. Aconteceu-me exactamente a mesma coisa. Só ainda não acabei de o ler.