Este comentário de um leitor que assina “Eu Acho” resume, quanto a mim, a situação de uma sociedade que perdeu completamente a noção de que há valores que devem prevalecer sobre os instintos. Por isso o transcrevo para aqui. Assumo a responsabilidade de todas as suas palavras, mas de modo algum o mérito de lhe ter dado mais visibilidade..
Daniel de Sá:
Quando os “residentes” não querem perceber, são os comentadores que passam por não terem percebido. Pois eu acho que percebi muito bem. O Daniel tem apenas razão quando refere a “vulvização” – à qual eu acrescento “vaginação”, “clitorização” e tudo o que diz respeito ao sexo dito sem tabus. Trata-se de uma moda – e de um negócio – a indicar-nos que estamos na Era do Sexo. Muitos dos que escrevem em blogs e noutros locais entendem que para além desse tema não existe mais nada com interesse. Que não há inspiração que suplante o sexo. É o sexo que vende. É o sexo que chama o leitor e, ao que parece, o comprador de “arte”. É moda e é um modo de estar na vida. Quanto mais chocante e desbragado, melhor
Eu acho que com um pouco mais de decoro, de respeito, daquela “reserva” de outros tempos, ainda recentes, todos ficaríamos a ganhar. O sexo tornar-se-ia mais apetecível, quer figurado, quer descrito por palavras. Assim, a tocar pública e abertamente as raias do promíscuo, do chocante, do obsceno, do provocante, do indecente, do sem-regras, vamos de mal a pior. Não havia, por exemplo, tantos casos de mães com 11 ou 12 anos de idade e pais com 13 ou 14 anos. Vamos chamar a isso “evolução” de costumes”? Tudo o que ultrapassa os limites é exagero. Lésbicas e homossexuais sempre os houve. Aberrações também. Não será daí que vem maior mal ao Mundo. Mas não a falta de decoro a que se assiste actualmente, o exibicionismo barato, ostensivo e chocante, que nos bate à porta todos os dias.
Outra coisa: não utilize tantas vezes a palavra «ironia» para tapar buracos. Nem sempre o leitor está à altura de detectar as suas “ironias” nos seus comentários. Chamar, em certos casos, a “ironia” para resolver situações mais controversas, é quase como dar o dito por não dito.
Susana:
Pois terá sido a moral «que impediu representações belíssimas do sexo e do corpo de virem a público». Estou de acordo. Não vem daí novidade. Mas como vamos nós incutir nos nossos filhos a moral que não temos? Os princípios que não nos regem? Que desplante será o nosso ao exigir-lhes condutas que não seguimos? Mesmo que o corpo não seja tabu entre pais e filhos? Sim, porque isso é outra coisa.
O sexo sempre foi tema na arte: pintura, escultura, literatura. Mas não atirado de qualquer maneira à cara de cada um! Hoje, qualquer bicho-careta aborda o tema, quer figurado, quer pela escrita, com grosseria, sem qualidade, sem beleza. Antes com obscenidade, sem pudor, sem preconceitos, como pseudo-arte. Porque é moda? Porque toda a gente o faz? Por dinheiro? É essa a liberdade de expressão artística de que usufruímos hoje?
Poderá dizer que o meu ponto de vista pertence a um passado conservador. Pergunto: passa a evolução das sociedades pelo arrasar de preconceitos lógicos, estéticos e morais? Não vamos, certamente, comparar, na pintura, um cesto de morangos com a representação de uma vagina. O pintor pode ser o mesmo e a sua arte também. Mas ir tão longe, mesmo tendo em conta o «impedimento moral de vir a público» – com as consequências que se entendem por morais ou de bom-senso – poderá tornar-se imoral, ou não?
“O sexo tornar-se-ia mais apetecível” Ui, ui, o “eu acho” quer tornar o sexo mais apetecível? Com fetiches com tornozelos? Depravado! Eu bem digo que este mundo anda cheio de tarados!
«Tenho amigos que o são e, realmente, não é por isso que deixo de pensar que a Natureza errou», esta frase dum comment do eu acho, está errada, mas só tenho tempo de fazer a demonstração mais tarde. A Natureza não erra, apenas é, e a diversidade, tal como as ligações em paralelo num circuito eléctrico, como metáfora, aumenta a resiliência do sistema.
Eu concordo com Eu acho. Mais nada. Não penso que seja uma opinião conservadora. Pelo contrário, é uma opinião que vale ouro nos tempos que correm. Pessoalmente, estou farta das facilidades de que usufruímos a chutos e pontapés. Onde está o mistério, a descoberta, a luta? O facilitismo acarreta aborrecimento sem tréguas…
Eu ainda não entendi de que “facilidades”, vocês falam.. eu vivo aqui nos fundos da provincia e continuar a não ser muito fácil levar uma gaja ou um gajo para a cama, para fazer o amor. Mas vocês vivem onde, ó senhores? E não posso dar aí um saltinho? Eu só queria ver, não toco em nada, juro.
Quando não se tem talento nem bases para argumentar, responde-se como o LeaveAReply: palha!
Eu acho que o aspirina, por este andar, está a transformar-se numa casa de alterne. Ou será que numa casa de alterne a linguagem é mais comedida?
Fazer referência à homossexualidade entre os “limites”, o “exagero” e as “aberrações” destoa do resto da opinião, mas pode ter sido, no melhor das hipóteses, só uma infeliz coincidência.
Se já não andamos nus a trepar de árvore em árvore é porque nesta evolução, de facto, os nossos valores têm prevalecido sobre os nossos instintos… No entanto, bom senso precisa-se: nunca esqueçamos que a igreja e uma certa sociedade mais conservadora também impõem moralismos, condena o sexo extraconjugal e “extra-heterossexual” e é também daqui que vêm os piores exemplos de perversidade.
agent, nisso também concordo. Esse dito sobre homossexuais é um tanto ou quanto infeliz. À parte isto, concordo com a opinião restante.
Parabéns, Claudia. Costumo ler os teus comentários, mas nem sempre me agradam. Hoje, pelo contrário, sendo jovem, mostras que tens miolos. O «toma lá, tens aqui», retira todo o mistério, até todo o romantismo ao acto sexual. Tudo é por demais explicito e oferecido. Essa de que «a opinião do EU ACHO é de oiro nos tempos que correm», escrita por ti, é igualmente de oiro. E também tens razão quando dizes que «não pensas que seja uma opinião conservadora». E não é. Felicito-te uma vez mais. Não é costume achar-te tão sensata, podes crer.
agent, nunca se precisou tanto de bom-senso. Dou-lhe inteira razão. Assim como lhe dou razão no que respeita à Igreja. Há regras por ela ditadas que, elas sim, são uma verdadeira aberração. Os bons exemplos não vêem nem nunca vieram dali. Só não estou de acordo quanto ao EU ACHO ter chamado de aberração às lésbicas e aos homossexuais. Por mim, após ter relido o texto, não vislumbro que o tenha feito. Deve ser, como diz, apenas uma errada interpretação de quem lê.
Eu quero agradecer à autora (enfim, aposto que seja mulher, ou, pelo menos, que use saias) do comentário elevado a poste a refrescante e saborosa comparação entre uma vagina e um cesto de morangos. Muito obrigado e venham daí mais analogias, metonímias e metáforas como essa, tão primaveril, bucólica e telúrica.
Gostei muito do título deste texto e sei que é de homem ,pois está assinado por Daniel de Sá.
Ó pá, que cumbersa… Eu não diria que o “eu acho” é conservador. Diria, sim, que ele é um chato. Um morpillon de pentelho de freira, sem ofensa ao povo católico.
Nik, se não vês a diferença entre um animal irracional e outro que pensa, nada posso fazer por ti. Tens muito que caminhar.
Eu até acho giro mas faz-me impressão os véus. Mais pela questão de princípio.
Shark, a ti são permitidos todos os excessos. LOL.
eu acho: amanhã venho à liça – hoje não dá, tive um dia pesado a ter Eu sou homo pá, e não digo gay de propósito, sou tão alegre quanto triste, mas sobretudo sou marginal em relação a todos os lóbis, que logo por isso me excomungam. Também podia dizer que sou bi, porque noutra etapa da minha vida tive um curriculo hetero multivariado. Mas agora para simplificar digo só homo.
saltou o comento, mas o que deixo é isto:
o número da besta
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/6066606.stm
My best friend is homo too, z :-)
a ter, tomara eu que fosse isso – que ficava suposto – mas é:
a ter de convencer outros de uma evidência que ofende interesses imobiliários e da igreja católica. Em qualquer caso tenho de vencer, em nome do bem comum e dos vossos filhos, mas agora a pinha escalda.
minha linda vou para o lethos: estou a arder – no dia em que se consagrou o início de Roma, e o irmão matou o irmão porque este transgrediu o limite marcado pela charrua. Amanhã estou de volta.
Não tenho de acrescentar nada ao que ficou dito no “post”, porque a introdução que para ele escrevi explica o que penso a seu respeito. Mas não consigo fugir a um comentário: nunca imaginei que fosse possível justificar comportamentos humanos a partir do exemplo de outros animais.
Mas tu és um animal Daniel – nasces, vives, comes, fodes e morres, como eles.
Tem uma pequena diferença: eles não são hipócritas
Z
Sabes muito a meu respeito. Essa do hipócrita é que precisaria de uma explicação. E do que este mundo estava mesmo a precisar também era de que todos os animais, incluindo os que são hipócritas, fossem zabelas. Assim, para daqui a um século, mais ano menos ano, acabava-se com esta treta sem gastar bombas atómicas.
exactamente Daniel, vês como compreendeste? Mas isto foi só uma interrupção no lethos, depois é que é a liça. Fica dito o seguinte: o sapiens é a única espécie que conheço que se dizima a si própria.
por exemplo, já não falando das fogueiras da inquisição, nem das limpezas étnicas, ou de tantas outras, invadindo no 3º milénio um país soberano, à conta de umas armas de destruição maciça inexistentes, catapultando uma reacção em cadeia que liquida centenas de milhar de civis inocentes, para combater o eixo do mal, em nome da enunciação do bem
regresso ao lethos por ora, anamnesis é amanhã
Faço humildemente lembrar o meu homónimo masculino que os ratinhos de laboratório é também para isso que servem, para explicar comportamentos humanos. Agora a Надежда Ивановна Забела-Врубель ser chamada para aqui não entendi.
Caro Daniel de Sá:
Só agora (re)leio, para meu espanto, pois nem acreditava, o meu comentário em poste, colocado por si, acompanhado com palavras sábias, no Aspirina. A sua reflexão respeitante à «situação de uma sociedade que perdeu completamente a noção de que há valores que devem prevalecer sobre os instintos», mostra a capacidade de entender o Mundo, tal como se nos apresenta hoje, e a sua integridade pessoal. Não necessito de claques apoiantes. Agradar a uns, não agradar a outros, é natural num blogue – principalmente, com as características deste.
Mas há uma coisa que não quero deixar de dizer-lhe: contra tudo e contra todos (não acredito que os “residentes” adorassem a ideia de ver um comentário transposto em poste, coisa que me parece rara), o Daniel mostrou a tal coragem de que se falou aqui há uns postes atrás, de uma linha apenas, creio, assinado pela Susana.
Sempre gostei de o ler. Além de um exímio contador de histórias é, sobretudo, um grande poeta. Dos melhores que têm passado pelo Aspirina. Pena que o ambiente não tenha estado, muitas vezes, à sua altura. Mas não desista nem desanime. Precisamos de continuar a lê-lo. As tempestades rebentam, mas o tempo bom vem a seguir. Cada um de nós deu a sua opinião. Os restantes comentadores também a deram, livremente. Isso é o que mais importa.
Abraço grato e não polémico.
eu acho, nessa última parte é que estou de acordo contigo.
quanto a colocar um comentário na página, é prática comum, quando algum de nós o deseja. tanto ninguém se opõe que ninguém se opôs: como deves ter reparado, disse ao daniel que não precisava de ser administrador do blog para tomar tal decisão, quando ele a remeteu para mim. pacífico.
Z
Isso é para quando eu encontro velhos companheiros de armas de cujo nome não me lembro.
Daniela, queres mandar-me esse programa de cirílico? É que o meu computador nem o grego tem. E dava para fazer cá uma figura! Mas essa, minha homónima, era muito bela e consta que tinha uma voz de fazer inveja à nossa Luísa Todi, cujo grande rival foi um “castrato”, muito apreciado na corte de D. João V. E não penses que inventei isto agora. Há uns anitos, e num ensaio sobre a ópera em Portugal, escrevi o seguinte: “Na corte de Sampetersburgo, aonde a chamou Catarina da Rússia, entre outras obras canta Polimnia, cujo libreto ela mesma escreveu, e é nomeada professora das princesas. Participa depois na inauguração do magnífico Teatro Ermitage, com a ópera Armida, de Giuseppe Sarti, o que provoca o aparecimento da rivalidade com o “castrato” Marchesi.”
Para os eventuais e pachorrentos leitores, vai abaixo um endereço em que podem encontrar a mulher de quem se fala.
aqui
Ó minha gente, quem quiser ver a verdadeira não se limite a fazer clic no que ficou castanho, mas copie o “link” todo.
Boa noite, que aqui já é meia.
Eu Acho… enquanto preparei a resposta para a Daniela, entrou este seu comentário que me limito a agradecer. E isto porque dizer que não mereço seria opor-me a uma opinião sua. É normal que nós apreciemos aqueles com quem concordamos. Há gente aqui que já provou que há gostos para tudo. Incomoda-me é a falta de respeito, não é por haver quem me desconsidere a escrita que eu faço o “choradinho”, como disse a Catarina. Sei que às vezes me ponho a jeito, como na resposta provocadora ao Z, quando a verdade, no caso em questão, é que alguns dos meus melhores amigos e alguns dos artistas que mais aprecio são, ou foram, homossexuais. E não tenho inimizades com nenhum. Há uns tempos, numa aula de catequese (podem fazer galhofa os que se riem destas coisas) eu disse que há homossexuais a quem eu confiaria os meus filhos e heterossexuais a quem não os confiaria. E a rapaziada percebeu perfeitamente o que eu queria dizer: que, no que se refere a qualidades e defeitos, todos podem ter de umas e de outros.
Uma vez mais, obrigado.
Um abraço do
Daniel
Sem efeito o meu conselho sobre o modo como aceder à Nadezhda, porque uma alma caridosa, com certeza a Susana, já reduziu tudo à simples palavra “aqui”. Mais fácil, assim, ver como era a cara dessa mulher.
sim, Daniel, essa dos companheiros de armas cujos nomes não me lembro, entendo, e concordo
obrigado por me teres livrado da liça, é muito melhor poder ir passear ao Sol e espreguiçar-me, ontem foi dia de luta, está ganha tive agora a confirmação
naquele link está o fundamental
ora poça, nem tinha visto esta aqui
(mas a luta não era contigo, estava a falar doutra)
eu axo k para o sexo ser bom tem k ser praticado com 4 pessoas ao mesmo tempo. eu ja o fiz e é muito bom mesmo hum hum de fazer e querer muito mais