O que se está a passar no PSD não é normal. Nem para o saco de gatos a que nos habituou. Há qualquer coisa de mais profundo a passar-se, mas que só nos chega através da espuma que provoca.
Quem é que informou a Judite de Sousa acerca da reunião, e porque é que ela faz a pergunta a Passos Coelho, que é claramente apanhado de surpresa (vejam o piscar de olhos compulsivo antes de responder)? Porque é que Ferreira Leite, Marques Mendes e outras figuras do Cavaquismo recusam os convites de maneira tão publica, sabendo bem os danos que provocariam? Porque é que Marques Mendes vem deitar achas para a fogueira de Nobre? Porque é que Pacheco Pereira vem divulgar este SMS, da maneira mais danosa possível, quando ele pode ser explicado de maneira bem mais inocente, como o demonstra o Pedro Marques Lopes? E finalmente, porquê o silêncio ensurdecedor de Cavaco Silva, quando já nos provou que não tem o mínimo pudor em fazer declarações para influenciar a campanha e prejudicar o PS?
Ou seja, porquê a pressão sobre Passos Coelho para provocar eleições, deitando por terra o plano de salvamento já preparado e assegurando a vinda do FMI, para depois lhe tirar o tapete desta maneira?
Para mim, a explicação pode ser esta: Pedro Passos Coelho foi usado para deitar abaixo o governo, na pior altura possível e assegurando-se que não recebia um balão de oxigénio que lhe permitisse recuperar a reputação, mas nunca foi intenção de Cavaco que fosse Passos a ganhar estas eleições. Antes, seria o PS a negociar a ajuda e a arcar com as consequências da sua implementação num primeiro momento, um ano ou dois, permitindo então uma “nova esperança” com um PSD renovado por Rui Rio e uma maioria absoluta. E se o CDS alinhar com o governo, em nome do “interesse nacional”, tomando parte do desgaste, tanto melhor.
Só assim é que me faz algum sentido. Claro isto é especulativo e conspiratório, e que no meio da jogada os interesses do país e dos cidadãos são altamente prejudicados e favor de interesses de poder, mas não espero outra coisa deste presidente.
A ultima jogada do Cavaquismo, a meu ver, está ainda na fase inicial. Uma maioria, um governo, um presidente. Mas não já.
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Heheheh, parece que lhe tiraram as rodinhas da bicicleta antes do tempo, agora sem mãos….
Bem visto.
Faz lembrar Stº Agostinho que pretendia ser casto…mas não para já.
Vega, bem vista e plausível a tua explicação, e Cavaco mostrou já ter perfil para esse tipo de jogadas (não se conluiou com jornalistas em 2009 para lançar uma inventona que levaria o governo a perder as eleições?).
Tenho uma explicação mais bondosa, que não anula a tua e pode correr em paralelo: Passos e a pandilha são maus demais. Os barões do PSD não estão dispostos a apoiar criaturas tão levianas, atarantadas e impreparadas, que, uma vez no governo, seria a vergonha. Aliás, não foram eles que o elegeram para presidente do partido. É difícil acreditar que a escolha do F Nobre fosse sugestão dos Cavaquistas ou da chamada elite. Aquilo foi um tiro no pé dado por quem não faz a mais pequena ideia do que é a política.
A pergunta da Judite de Sousa pode ter-lhe sido imposta pela direcção de informação, que soube do encontro por vias que podemos imaginar. É só vermos como, perante a desorientação de Passos, a dona Judite foi logo prontamente dar-lhe a mão dizendo que “bom, de qualquer maneira, o PEC foi-lhe apresentado como facto consumado, não foi?”
No entanto as duas explicações só provam que cascas de banana é com o Pedro Passos Coelho: escorrega em todas, seja quem for que lhas põe no caminho.
É bem visto, sim, senhor, mas parece-me demasiadamente elaborado para sair da cabeça bastante es”cavacada” do Cavaco!
Embora reconheça que o Vega anda próximo da verdade, muitos de nós sabem que o D. Sebastião do PSD, se encontra ainda em comissão de serviço numa das cidades deste país que está a procurar destruir pedra por pedra.
Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite, Marco António, Aguiar Branco, Santos Silva (Artur), Miguel Veiga, Nogueira Leite, Silva Peneda, Alípio Dias, Miguel Cadilhe, aguardam serenamente na bancada o jogo de que calculam saia um resultado nada animador.
Cavaco, no meio de tudo isto, aprece mais como um suporte natural do que um mentor, pois o seu horizonte político acaba já ali à esquina, há fortes pretendentes ao trono se o PM vier da área do PSD.
O afastamento súbito de PP é um indicador importante, pois a sua capacidade de sobrevivência levou a que não apostassse tudo no mesmo número, mas apenas na cor.
Creio que não há grande vontade no PSD que manda de ir parar a um governo estrangulado pela ditadura do empréstimo, preferem como habitualmente – recordar aqui o passado é obrigatório – dar ao PS essa missão para depois virem dar mais uma volta no carrocel restaurado para o deixarem novamente no estado que nós sabemos.
Veguinha :))))
Acho pensamento demasiado rebuscado para Cavaco. Era jogar a prazo numa aposta que iria desencadear uma guerra interna pela liderança do partido, correndo ainda o risco de Socrates se consolidar no poder, apesar das medidas do FMI .Ha muitos galos para o poleiro. Além disso o partido do Santana Lopes (PSL -Partido Social Liberal) pode determinar uma nova recomposiçao da direita em Portugal. Fala-se muito no Rio, esquecendo-se as ambiçoes mal disfarçadas do Morais Sarmento, Cadilhe, Rangel, o regresso do “ganda Noia” Marques Mendes, a Manela, o “cerebral e genial” Antonio Borges e tantos outros que ficam de fora a observar!!!! Fazem-no por calculismo e torcendo pela vitoria de Sócrates. Mas n creio num plano maquievelico como este da cabecinha do Cavaco. N é que n fosse capaz de o aplicar….mas n o vejo com capacidade para o congeminar!!!!
Que há uma estratégia clara dos sectores cavaquistas para promover Rui Rio como o Senhor que se segue na São Caetano, isso parece-me evidente. A organização dos Debates do Regime pela Câmara do Porto (com o apoio da TVI 24) com Rui Rio a conseguir mobilizar a participação de grandes figuras nacionais como Soares ou Freitas deve querer dizer alguma coisa. A sua excelente relação com António Costa, evidente para todos no recente Prós e Contras, pode também ser utilizada num cenário de futuro bloco central. Rio até tem razão em várias das suas posições (por exemplo, sobre o estado da justiça ou a necessidade de descentralização do Estado), mas, sinceramente, fico arrepiado quando ouço ou leio as suas dissertações sobre o “fim do regime”…
Em relação à informação da Judite sobre a tal reunião de Sócrates e Passos Coelho sobre o PEC IV, tenho ideia que, naqueles painéis de entrevistas organizados durante o Congresso do PS em Matosinhos, ouvi o Augusto Santos Silva falar sobre isto, sem, contudo, querer entrar muito em detalhes (o que Passos Coelho agora tentou fazer com a ajuda de Judite foi procurar desarmadilhar esta bomba, fazendo-a explodir, num espaço controlado, bastante antes das eleições). De qualquer forma, logo nessa altura ficou claro que tinha existido um contacto directo e muito mais profundo do que o PSD tinha referido. Isso, aliás, é coerente, quer com a posição assumida por Relvas na conferência de imprensa da manhã de 11 de Março, quer com a história dos sms entretanto divulgada por Pacheco Pereira.
O que se passou, então, durante a tarde-noite desse 11 de Março? A versão de que teria sido, sob chantagem de Marco António (ou eleições nacionais, ou eleições no partido) é apelativa, mas, a ser verdadeira, deverá ser apenas uma parte da verdade. Ou seja, por muito poder que tenha o líder da Distrital do Porto tenha no PSD, não me parece que nada avançasse sem o PSD ter a benção (senão mesmo o estímulo) do Papá de Belém. Pode ser que um dia alguém conte a triste história desta irresponsabilidade criminosa que nos atirou de vez para os cuidados intensivos da famigerada ajuda externa.
Valupi, agradeço o destaque. Tenho discutido esta hipótese com várias pessoas, e cada vez me faz mais sentido. Aliás, para ser mais correcto, só assim é que consigo dar um sentido ao que se passou. Mas como vários comentadores apontaram, tratando-se do PSD não é absolutamente necessário a existência de um sentido.
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Penélope, a fraqueza intelectual de Passos Coelho é parte integrante do cálculo, claro. Se tivesse dois dedos de testa, tinha aprovado o PEC IV com a condição de ir a votos depois. Foi uma das coisas que mais me espantou nesta história. Depois veio a escolha de Nobre, e tudo ficou explicado.
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Farense, tirando o Rangel (que está a ser preparado para o futuro) não vejo grandes alternativas a Rio nesta altura. Os outros nomes são has-beens ou too-sexy-for-your party.
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Teófilo M. um dia alguém me vai explicar o que é que o Rui Rio fez ao Porto afinal. Nota que eu, aqui de Lisboa, tenho uma opinião razoavelmente positiva dele.
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JP1, bem visto esse ângulo do bloco central. Quanto à irresponsabilidade criminosa, se fossemos apenas nós os afectados, já era mau. Mas não somos. Uma borboletinha em Belém bateu as asas…
Caro Vega, o que o Rui Rio fez ao Porto é simples… nada, ou melhor, lixou o que já estava feito e não acrescentou absolutamente nada.
1 – Diminuiu a população residente;
2 – Destruiu a baixa portuense;
3 – Aumentou a insegurança;
4 – Destruiu parte da Avª da Boavista;
5 – Não acabou com os arrumadores;
6 – Encerrou as casas de banho públicas obrigando quem quiser aliviar-se a recorrer a cefés ou a cantinhos escondidos;
7 – Encheu os serviços da Câmara com filiados no partido;
8 – Não resolveu o problema do Centro Materno-Infantil;
9 – Não resolveu o problema do Bolhão;
10 – Fez do Rivoli o asilo do La Féria à custa do orçamento das câmaras laranjas;
11 – Tornou a Junta Metropolitana do Porto num boneco cheio de intenções sem nada feito;
12 – Deu uma bicada nos dinheiros do Metro e os resultados estão à vista, muiutos clientes e pouco dinheiro;
13 – As ligações à cota-baixa entre o Porto e Gaia não saíram do papel;
14 – Foi destruindo bairros degradados entregando os terrenos a promotores imobiliários e afastando os seus residentes para zonas mais afastadas;
15 – Promoveu espectáculos, fez investimentos e depois deixou-os fugir;
16 – Continuamos à espera de uma Feira Popular e de um aquário digno desse nome;
17 – Arruinou a Avenida dos Aliados, ex-libris da cidade;
18 – A sua teimosia em espetar com o metro na Boavista impediu que até hoje se tivesse modernizado a rede de eléctricos na cidade, arrastando-se os velhinhos e barulhentos veículos como tradições para turistas;
19 – Não aumentou a cobertura policial da cidade;
20 – Começou a destruir o mercado do Bom Sucesso.
Para já ficam estes vinte marcos da governação do senhor, mas se quiser há mais.
Caro VEGA
A sua explicação para este acumular de factos, TODOS aparentemente sem sentido (…), tem alguma coerência quer no respeita à ideologia, quer do ponto de vista conspirativo.
Se atentarmos bem, quando é que o PSD governou? Sempre em tempos de algum desafogo e, mesmo aí, só estragou. Qual o seu método preferido? Entregar às IPSS, às autarquias, às Associações amigas, pois sabe que é aí reside a sua base de apoio. Adoram gerir pessoas em proximidade porque as escolhem a dedo. Têm que ter algumas competências intrínsecas para serem apoiadas: seguidistas, obedientes às ordens recebidas, operativas acríticas, que dominem ferramentas de bas-fond, que tenham contacto com a paróquia de preferência e distribua alimentos pela CARITAS, …
Caro Teófilo M, fiquei esclarecida com as medidas tomadas pela reserva moral e operacional do PSD. Ainda bem que nos vamos contactando…
Também fiquei convencido, desde a primeira hora, que todas estas palhaçadas dos idos de Março foram congeminadas, desde a noite da vitória cavaquista, como uma forma de matar dois “coelhos” (um literal e outro chamado Sócrates) de uma só cajadada (ou cuspidela de bolo-rei). A estupidez natural da “esquerda” para lamentar e a santa ingenuidade do senhor Passos tornou a golpada irresistível.
Do que eu também tenho muitas dúvidas é de que, uma vez desferido o golpe, quem o desferiu tenha mãozinhas para aguentar os cavalos do bólide agora que o acelerador ficou mesmo colado e a embraiagem não responde: podem arrasar a pista toda, mas no final não se hão-de escapar a ficar com a carroçaria num frangalho. Isto de pegar incêndios em floresta seca exige muito mais “areia na camionete” (e sangue-fio de toureiro…) do que a que cabe na galera de Belém: este “cavalo à solta” não é para moços de estrebaria armados em lanceiros…
“sangue-frio”