O Abrupto, a ameaça e a ficção

Às vezes, a gente lê o que quer ler. Sucede sempre aos outros, claro. Mas uma vez tinha que ser a minha. Conduzido por uma informação com certo picante, impedi-me de fazer o óbvio: ir verificar se de facto JPP tinha refeito o texto. Não tinha. Supu-lo cedendo a uma pressão. A ameaça era real, está documentada. Só não sei se foi exercida. Se o foi, saiu frustrada.

Tenho a pedir desculpa ao autor do Abrupto por imaginá-lo cedendo a correcções políticas. E aos leitores deste blogue por não ter feito o trabalho de casa. Quis fazer História. Mas fi-la romanceada. Se não foi simplesmente ficção o que fiz.

8 thoughts on “O Abrupto, a ameaça e a ficção”

  1. Esta história faz-me lembrar uma que se passou comigo. Requisitei uns livros numa biblioteca de uma universidade de Lisboa, estando em Portugal no verão. Antes de regressar aos EUA devolvi-os, e preenchi umas fichas. O sistema estava a ser informatizado mesmo nessa altura, e disseram que registariam a minha devolução mais tarde. Não o fizeram. Semanas ou meses mais tarde a bibliotecária telefonou histérica para casa dos meus pais a perguntar pelos livros, que o computador dizia estarem em minha posse. Para ela foi mais cómodo agarrar-se ao telefone sem sair da secretária do que levantar o cu e ir à prateleira, onde confirmaria que os livros estavam na prateleira da estante. Também era alentejana, como tu, Fernando.

  2. o2: obrigado.

    03: finalmente apoio moral!

    Filipe: nessa tua história exemplar, só uma coisa me faz espécie, e é que os teus pais tenham tido o cuidado de, transatlanticamente, te informarem de que a senhora era «alentejana»… Já não falo do teu cuidado de me lembrares, neste contexto, a minha alentejanidade. Manda sempre.

  3. Oh nao, Fernando, eu ja era utente da biblioteca e conhecia perfeitamente a bibliotecaria. E uma senhora muito simpatica. Nao gosta e mesmo nada de levantar o cu da cadeira.

  4. As bibliotecárias histéricas devem ser parentes dos estudantes boçais? Adoro as caixas de comentários. Uma fonte de aprendizagem constante. Assim vai o ensino superior – será que se aplica a palavra – em Portugal. Faço-lhe a justiça de fazer a diferença, quer nos postes, quer nos comentários, FV.

  5. Claro que JPP não cedeu. Felizmente. Mas o facto é que disse “brasileiro”, que não é língua. Não é o caso de JPP e não é para ser politicamente correcto, mas há muitos portugueses que dizem “brasileiro” com uma pontinha de desprezo. Não percebo. A sério! Um inglês não diz “American language”, nunca. Porque será que há tantos portugueses que se querem orgulhar de não falar a mesma língua dos brasileiros?

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