Recebi da editora Esfera dos Livros a informação de que o historiador espanhol Rafael Valladares irá a Lisboa, nos dias 23 e 24 de Novembro, «explicar como foi o reaparecimento de Portugal como país independente e, como se deu a ruptura entre Portugal e Espanha». Há uma vírgula ali perdida, mas vamos ao assunto.
O interessante, o perturbador, é que o livro – que suponho tradução do seu La Rebelión de Portugal. 1640-1680, de 1998 – tenha como título portguês A Independência de Portugal.
Num artigo, António Manuel Hespanha já o apodou de «castelhanista» e de «preconcebido». Não custa crer. Mas, à parte ter sido «A Rebelião de Portugal» um título fabuloso, o título adoptado grita, da capa, o maior disparate da nossa História según España, que é esse de chamar «Independência» à nossa Restauração. E muito bom espanhol (estará Valladares entre eles?) crê que Portugal data de 1640… Até aí esteve séculos a hesitar, vai-não-vai, a engonhar, quero ser Espanha, não quero ser Espanha, até que apanhou com um Rei espanhol, que até era legítimo cá, para só depois, tarde e a más horas, aproveitar a balbúrdia castelhana na Catalunha para – pumba, catrapuz! – defenestrar um fulano e proclamar a… Independência.
Como cidadão, protesto, ó nobre Esfera dos Livros.
O mais antigo país da europa (fronteiras definidas) é Portugal, sendo um facto, tornou-se insuportável à nobre vizinhança.
E rebelião soa muito melhor que independência… para quando a nossa rebelião da UE… para quando?
E a Bulgária, ó Mao?
E tem muita razão para protestar!
Tal título só demonstra à saciedade a qualidade da cultura em Portugal e a presença de autênticos asnos à frente de editoras.
Há “livrinhos” em Castelhano que não necessitavam de ser traduzidos. Primeiro, porque o seu conteúdo, para além de ser inexacto, é abusivo; segundo, porque nós Portugueses, se os quisermos lêr, não somos tão ignorantes como os Espanhóis, e podemos consultar (que não comprar) a edição original. Veremos quantos Migueis de Vasconcelos se interessam pelo plumitivo, e sua “Obra”! Eu por mim, festejarei o 1º de Dezembro como data de Restauração, com muito orgulho. Españoles? ni verlos! A nossa vocação é e sempre foi Atlântica. Em Espanha começa a barbárie!
Estou de acordo com o comentário do Professor. Entenderia o título se fosse editado no Reino de EspaÑa, mas não compreendo que assim se intitule na República portuguesa. Acho que nem o historiador mais nacionalista espaÑol sustém que Portugal se fizesse independente em 1640. Já era antes e depois. Simplesmente mudara o Rei. Opino. Assim, aliás, estava organizada a “espaÑa” dos Áustrias: Era como uma confederação de reinos diferentes com um único monarca.
O mais antigo país da Europa? Nao admira a ideia, mas penso que todos os países dizem o mesmo, na França, na Alemanha, na Inglaterra… os espanhóis sempre dizem que a sua é a mais velha nação da Europa (claro que é um comentário feito sobretudo para provocar catalães, bascos e galegos)… a Galiza por exemplo já era um país muito antes de existirem essas “fronteiras definidas” tão portuguesas
digo, mais nada
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=744026&div_id=291
Normalmente, quase sempre, a História é a-História-segundo-os-Vencedores. Aceite-se, neste género de Universo.
Mas nós, portugueses, somos a tal ponto pacóvios que admitimos (bom, vamos sugerindo) como nossa a História-segundo-os-Vencidos. Oh sorte!
Nunca ouviram falar de – et pour cause – hombridade?
Apareçam lá por mim, na charla do Valladares. E, muito educadamente, muito figuradamente, mostrem que ainda sabemos… defenestrar.
aos espanholitos ainda lhes custa a engolir que Portugal tenha escapado à sua ânsia de dominação de toda a ibéria.tonterias…