Arquivo da Categoria: Rodrigo Moita de Deus

Sozinho em casa II*

Noutro tempo a Fidalguia
Que deu brado nas toiradas
Andava p’la Mouraria
Onde muito falar se ouvia
Dos Cantos e Guitarradas

A história que eu vou contar
Contou-me certa velhinha
Certa vez que eu fui cantar
Ao salão de um Titular
Lá para o Paço da Rainha

E nesses salão doirado
De ambiente Nobre e sério
Para ouvir cantar o Fado
Ia sempre um Embuçado
Personagem de mistério.

Mas certa noite ouve alguém
Que lhe disse, erguendo a fala:
– Embuçado, nota bem:
Que hoje não fique ninguém
Embuçado nesta sala!

Perante a admiração geral
Descobriu-se o Embuçado
Era El-Rei de Portugal
Houve beija-mão real
E depois cantou-se o Fado

RMD

*com mais de duas linhas!

O assombro – A aspirina está a saber-me mal

Eu cá aguento de tudo. Aguento as odes a Marx, a iconografia soviética, as toupeiras e manteiga aos amigos, a explicação de que o Bush é responsável pela neve em Évora, pela fome no Sudão e pelo fim da carreira do 87 no Porto. Aguento discursos sobre o futuro do Bloco de Esquerda, polémicas com o Henrique Raposo para ver quem leu mais livros do Negri, e até as graçolas do Daniel Oliveira. Aguento tudo! Tudo o que quiserem, menos elogios ao Pacheco Pereira. Ò por amor de Deus!
RMD