Nunca votei no Bloco de Esquerda. Também é verdade que, por razões de documentação (ou deverei dizer de tragédia pessoal), nunca votei em nenhum partido português. Mas sempre arregimentei gente que votasse por mim – e por eles. Algumas vezes no BE, até em Francisco Louçã.
Hoje sei que nunca votarei, nem ninguém votará por mim, em Louçã. Isto, se for verdade o que leio no «DN»de hoje: ter-se ele recusado a cumprimentar o novo Presidente da República. E não creio que o «DN» inventasse isso.
Eu não votei Cavaco Silva. Também ninguém votou nele por mim. O meu – o nosso – candidato foi outro. Mas acontece que Cavaco é desde ontem presidente do meu País.
Que um hoje paisano, como Soares, tenha deixado o Palácio sem ir ao beija-mão, eis o que, achando feio, não me ofende. Mas que representantes do povo não tenham aplaudido, nem mesmo no fim, nem mesmo sentados, nem mesmo visivelmente incomodados, um discurso presidencial, eis o que já acho degradante. Agora que o dirigente-mor de um partido que sempre respeitei, e mesmo admirei, tenha dado prova de tamanha falta de civismo, aí está o que me ofende. Profundamente.
Não só, como dirigente, provou falta de sentido democrático, como demonstou a posteriori a falta do ‘sentido de Estado’ que, como candidato, fazia crer possuir.
[Indevidamente informado pelo «DN» de hoje, incluí, em versão anterior deste post, uma referência a Jerónimo de Sousa. Lamento-o e peço desculpa].