«Prix Nationale Blaise Cendrars» para um poeta português
Liberto Cruz, com o poema «Partir», foi o vencedor do Prémio Nacional Blaise Cendrars de 2008. O júri, presidido por Miriam Cendrars, atribui o prémio com o nome de seu pai ao poema que veio de Lisboa destacando-o como o melhor entre 415 participantes. Para os leitores do nosso Blog aqui fica em primeira mão o poema de Liberto Cruz:
«São idênticas as águas / de nossas terras e gentes / e um sopro de memória / nos habita e conduz.
Por cá ou por lá correndo / é por líquidos caminhos / de mares e oceanos / que nossa vida jogamos.
Partimos para voltar / e só vacila quem quer. / Se perdemos ou achamos / não importa. Nosso lema / é seguir. Nossa viagem / é terra já inventada. / Todo o espaço é / como tempo já vivido.
Por toda a parte soubemos / raízes distribuir / O exílio não vence / quem nasceu para lutar. / São nosso companheiros / o sonho e a coragem / mais a raiva e o luto / com desejo de partir.
A saudade é a nossa / arma. Dela nos servimos / dia a dia. Traiçoeira, / é difícil enfrentá-la: / ora súbito nos mata / ora não deixa morrer.»
(notícia elaborada por José do Carmo Francisco)
Belo poema. Não sei do mérito dos outros, mas o deste é grande.
Muito bonito,leve, com sabor a “Mensagem”, ao Torga da “Viagem” e muito de Eugénio de Andrade.
Cheira a diáspora…
E cheira bem. Todos nós temos um primo no Canadá, um cunhado em França, uma filha na Grã Bretanha… É um grande poema, sem dúvida.
Honro-me de ter sido seu aluno no secundário.
Não chegou ao fim do ano lectivo, porque partiu para leitor de Português em Rennes.
Um homem cheio de classe.