Uma das consequências desta crise foi a ascensão ao estrelato mediático de muitos reputados economistas, no mundo inteiro. Tornaram-se estrelas porque, num tempo de convulsões económicas, sabem transmitir as realidades complexas das finanças e mercados internacionais em linguagem acessível a praticamente todos. Hoje em dia, o cidadão leigo mas informado sabe, graças a eles, o que são spreads, bond-markets, credit default swaps, dívida soberana, debt-to-GDP ratios, leilões de dívida, mercados secundários e primários, yelds, defaults, bondholders, haircuts, reestruturação da dívida, capitalização bancária, o Hayek, o Kaynes e o Friedman. Da minha parte, obrigado por partilharem toda esta informação, gosto de vos conhecer a todos, são pessoas de uma inteligência extraordinária, alguns verdadeiros génios. Vou ficar muito, mas muito feliz quando puderem voltar aos vossos gabinetes obscuros nas vossas instituições e bancos. Onde pertencem, e de onde nunca deviam ter saído.
Desde o Zadinga que não se viam tantos futurólogos a andar por aí.
Xó! Todos! De volta ao gabinete!
Só uma pergunta simples.
Economistas são aqueles senhores que não previram a crise, os que a previram tarde demais, os que a previram no dia seguinte, os que dizem que a culpa da crise portuguesa não tem nada a ver com a crise internacional ou os que afirmam que a crise portuguesa é a pior de todas?
Eu gostava era de ver aqui um filme do tipo do Inside Job e ter certos dos nossos iluminados economistas confrontados com algumas perguntinhas, e ouvi-los, como acontece no INSIDE, a meter o rabinho entre as pernas e a dizerem: Snr. Jornalista, acabou aqui a nossa entrevista!
E já agora que aproveitem para redesenhar os modelos da treta que só têm dado merda…
É que eles são muito bons a dissecar as próprias asneiras e negligências, mas aí só lhes assiste o mérito da auto-crítica.
Afinal, bem vistas as coisas, a quem pode ser imputada a responsabilidade pelas crises senão a quem concebe o sistema e cuida da respectiva manutenção?
Dá para fazer uma actualização, shark: It’s the economists, stupid!”
(claro que o stupid aqui é abstracto :)