Trump e Putin são cá da malta

No sábado passado, num comício de Trump, a congressista Republicana de seu nome Lisa McClain disse que Osama bin Laden foi apanhado pelo tal ex-presidente branquelas e loirinho que iniciou funções na Casa Branca em 2017. Um delírio com seis anos de desfasamento face à realidade mas em perfeita sintonia com essa figura ao seu lado que somou 30 573 tangas nos 4 anos em que foi o homem mais poderoso do Mundo.

Trump, por tanto, pode ser considerado o maior mentiroso na História dos mentirosos só por esta estatística imbatível tendo em conta a função que exerceu. Trump é igualmente um aliado de Putin, alguém que o ajudou contra Hillary Clinton e a quem voltou a pedir ajuda contra Biden. Por seu lado, Putin fez da mentira a preparação para o crime. Tendo garantido que não ia invadir a Ucrânia, levando os putinistas a gozarem soberbos com os americanos que repetiam estar iminente o assalto, não só invadiu assim que os chineses o deixaram como agora é claro estarmos perante uma intervenção caótica, com desfechos imprevisíveis, onde já se pode antecipar esta consequência: Putin vai ficar como uma das personalidades supinamente abjectas do século XXI, aconteça o que acontecer.

Mas mentir todos mentem, né? Certo, mano. Não temos – e, especialmente, não devemos – de nos almariar apenas com esses dois colossos da aldrabice e da megalomania despótica. Aqui no quintal à beira-mar estacionado, desde 2008, vimos como a mentira foi usada como arma de arremesso, como táctica e até como estratégia.

Sócrates é, de muito longe, o político português que sofreu os maiores ataques de assassinato de carácter de que há memória viva. Um deles consistiu precisamente em persegui-lo com o apodo de “mentiroso”, embora não se consigam listar as suas mentiras para além de episódios avulsos e politicamente irrelevantes (mesmo que moralmente sejam muito importantes). Isto é, aqueles que quiserem demonstrar que Sócrates mentiu mais (nem sequer muito mais, basta “mais”) com intento político do que qualquer outro primeiro-ministro não o vão conseguir. Isto porque a dinâmica dessa calúnia implicou sempre fugir da objectividade e dos factos patentes no domínio público e usar a lente de opacidade e distorção inerente à judicialização da política para vender a imagem de um devasso diabólico a pedir linchamento. Ora, na febre de dominarem os impérios de comunicação, o PSD da Manela e do Pacheco achou que bastava continuar a explorar o filão das “mentiras” para derrubar o gajo. E lançaram a “Política de Verdade” (deslumbrante ironia) precisamente ao mesmo tempo em que se escutava ilegalmente um primeiro-ministro e Cavaco fazia da Casa Civil um antro de mentirosos como nunca se viu igual. A “Inventona da Belém”, montada em cima das eleições legislativas de 2009 no desespero de verem Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento a resistirem à golpada do “Face Oculta” criada em Aveiro por um Marques Vidal, fica como monumento da utilização da mentira como táctica. Para estudarmos o que é a mentira como estratégia, Passos Coelho é o nosso guia. Revisitar o que os deputados laranjas disseram no Parlamento no dia em que se chumbou o PEC IV, mais o que Passos disse, não disse e mandou dizer a respeito de um famigerado encontro nocturno com Sócrates na véspera dessa votação, mais o que Passos disse, não disse e mandou dizer a respeito dos cortes nos salários, pensões e reformas, mais o que o laranjal dizia sobre a bondade do FMI e a excelência do acordo com a Troika, mais a reengenharia social através da “austeridade salvífica” que chegados ao poleiro revelaram ser o seu verdadeiro programa, culminando na converseta fétida sobre as causas da crise económica de 2008 a 2011, onde se apaga o contexto internacional e se coloca o foco obsessiva, maníaca e odiosamente sobre uma pessoa e um Governo, tudo isto em nada se diferencia do espectáculo de mentiras oferecido por Trump e Putin.

Em nada. Nada de nadinha de nada.

15 thoughts on “Trump e Putin são cá da malta”

  1. Muito bem, estou impressionado contigo. Vamos prosseguir com o programa. Eis mais 3 exercicios (grau de dificuldade crescente) para as proximas semanas :

    1. Conseguir falar do processo de J. Socrates a partir de dois artigos de jornais sobre as eleições legislativas na Bulgaria em Julho de 2021
    2. Conseguir falar do processo de J. Socrates a partir da resenha duma tese de doutoramento sobre as recentes descobertas arqueologicas na região de Siracusa (Sicilia).
    3. Conseguir falar do processo de J. Socrates comentando o manual de instruções de uma maquina de lavar, escrito em dinamarquês

    Boas

  2. ESTÃO REALMENTE INTERESSADOS EM PAZ?!?!?
    -1- CONDENEM AS NEGOCIATAS DA MÁFIA DO ARMAMENTO.
    -2- NÃO BLOQUEIEM A TAXA TOBIN…
    para que:
    – sejam povos autóctones a explorar as suas riquezas naturais, e não, multinacionais Ocidentais.
    .
    .
    Os boys e girls da cidadania de Roma da NATO:
    —> NÃO ESTÃO INTERESSADOS NA SEGURANÇA DE AMBAS AS PARTES!!!
    Pois é: não têm interesse na segurança dos povos que… não estão interessados em vender as suas riquezas a multinacionais.
    .
    .
    Os patriotas ucrânianos: que façam um acordo de paz com a Russia!
    .
    Sim:
    Os patriotas ucrânianos que não sejam comidos por parvos pelo hipócrita Ocidental (e seus boys: Zelensky, etc):
    – O OCIDENTE QUE PROVOCA PUTIN, E MANDA ARMAS PARA A UCRÂNIA, É MUITO MUITO PIOR QUE PUTIN.
    [nota: os Azov NÃO são patriotas ucrânianos: estão ao serviço de interesses inconfessáveis… multinacionais ambicionam fazer compras no caos da Ucrânia]
    .
    .
    Europeu-do-sistema:
    – habituado ao saque de riquezas a povos autóctones (América…, etc), o europeu-do-sistema ESTEVE MAFIOSAMENTE EM SILÊNCIO (aguçar o dente às riquezas da Ucrânia e da Russia) perante ameaças de ‘gurus’ da NATO:
    -> secretário geral da NATO: «a Russia vai ter cada vez mais NATO nas suas fronteiras».
    -> outros ‘gurus’: «a globalização vai entrar pela Russia a dentro» (multinacionais a fazer compras…).
    .
    Pois é:
    – a NATO pretende cercar a Russia (um território imenso no planeta, com apenas 140 milhões de habitantes) com países da NATO.
    [todos unidos num saque a um território imenso]
    .
    .
    Mais:
    – nas mais variadas regiões do planeta, sempre que não está instalado um «governo amigo»… o hipócrita Ocidental fomenta guerras/revoluções para que… a exploração de riquezas caia nas mãos de multinacionais Ocidentais.
    .
    Sim:
    – o hipócrita Ocidental bloqueia a investigação à forma como chegam armas a ‘grupos rebeldes’, que não possuem fábricas de armamento… e cujas guerras/revoluções são usadas para destituir «governos não-amigos» (não interessados em vender)
    Mais:
    -> O hipócrita Ocidental está preocupado é em acusar/ silenciar (com a acusação de serem racistas/xenófobos) os Identitários que dizem o óbvio:
    – «os países que fazem chegar armas a ‘grupos rebeldes’ é que têm de pagar a ajuda aos refugiados».
    .
    .
    ..
    .
    .
    Os boys e girls do cidadanismo de Roma europeu DEVEM UMA MENSAGENS DE PAZ:
    – não só ao povo da Russia, como também ao povo da Ucrânia, como também a todos os povos que não estão interessados em vender as suas riquezas a multinacionais:
    -> O MAIS ELEMENTAR DOS TRATADOS DE PAZ!
    .
    Isto é:
    —> um tratado de paz que recuse o MAIS VELHO DISCURSO DE ÓDIO DA HISTÓRIA -> o ódio tiques-dos-impérios: o ódio a povos autóctones Identitários.
    .
    [cidadão de Roma da NATO = cidadão de Roma de há 2000 anos atrás]
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    [o hipócrita Ocidental que devolva riquezas roubadas a povos autóctones]
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    O ‘problema’ do europeu-do-sistema não é Identidade, é cidadanismo de Roma:
    – ele não gosta de trabalhar para a sustentabilidade (projecta a existência de outros como fornecedores de mão-de-obra servil, de demografia)…
    – ele vai vendendo tudo aquilo que herdou (do nacionalismo) a multinacionais… e… está em conluio com as mais diversas negociatas…
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    .
    RUSSIA LÍDER DO MUNDO LIVRE.
    A Russia poderá ser a líder do MUNDO LIVRE:
    – povos que não estão interessados em vender as suas riquezas a multinacionais!
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    SEPARATISMO IDENTITÁRIO; sim, óbvio!!!
    .
    Os Identitários reivindicam LIBERDADE/DISTÂNCIA/SEPARATISMO do europeu-do-sistema; por motivos óbvios:
    -> NA ORIGEM DA NACIONALIDADE ESTEVE O IDEAL DE LIBERDADE IDENTITÁRIO: “ter o seu espaço, prosperar ao seu ritmo”; não foi:
    – o ódio tiques-dos-impérios da cidadania de Roma.
    .
    .
    .
    SEPARATISMO 50-50:
    -> os globalization-lovers, UE-lovers, etc, que fiquem na sua… desde que respeitem os Direitos dos outros… e vice-versa.

  3. !ai! cheguei mesmo agora quase sem forças, exaurida, e não tenho tempo de ler as mentiras todas – só de me rir com os pinóquios que chovem sem parar, até me parece que os narizes vão crescendo à medida que me rio, e de sorrir perante este bolo tão bom que é o texto, delícia, e não posso acrescentar mais nada, arroto, reapaixono-me em frequência acumulada, é assim.

    e viva o Sócrates e a Ucrância e o nosso Portugal verdadeiro, estamos juntos, na condenação dos assassinos. e estou disponível para assassinar os assassinos, claro.

  4. porque o ministro das finanças pensa que a resposta do seu governo à crise foi insuficiente e que a troika foi o máximo, logo , era necessária , a troika. suponho que se tivesse vindo mais cedo ainda tinha sido melhor , saía mais barata.

  5. a troika veio a pedido de quem chumbou o peque quatro.
    é bom relembrar que a chancelera alemã ficou de boca à banda e até deu um raspanete ao coelho pela irresponsabilidade.
    em espanha e italia não entraram.
    esse ex-ministro das finanças já disse tudo e o seu contrário, mas enfim sempre vai servindo para acender umas velinhas aos saudosistas daquele partido que não cola e sonha com os cacos para voltar ao poder.

  6. yo, não é isso que o Teixeira dos Santos diz ou alguma vez disse. E o que ele realmente diz em nada contraria a temática do texto acima.

  7. Valupi,
    As super-potências sempre se tornaram, mais tarde ou mais cedo, em imperialistas e depois em totalitaristas, isto é, em ditaduras de massas em movimento contínuo em direcção ao expansionismo seguindo uma ideia de linha única de dominar o mundo; ver a Grécia antiga da Aliança Ática (Atenas) que acabou na guerra pírrica do Peleponeso; Alexandre Magno cujo império durou enquanto sua breve vida e se desmoronou dividido pelos seus generais até findar de morte por guerras sem cessar entre eles; Roma que foi democrática até às guerras civis e César dar o 1º golpe e depois os seus seguidores darem o golpe final quando venceram o populista do tempo, Marco António, que exigira a morte de Cícero e que durou até ser derrotado pelos bárbaros; a Revolução Francesa, que matou o Rei e estabeleceu o terror mas passados apenas nove anos já tinha à frente do poder um imperador cavaleiro vaidoso que ambicionou ser senhor do mundo e acabou enjaulado numa Ilha inglesa; o czarismo russo que levou à Revolução “proletária” que matou o czar e os descendentes e após menos de dez anos de transformação do povo em “massa” alienada pela desalienização marxista já tinha um novo modelo de “czar” instalado no poder e a exercê-lo de modo que o velho czar parecia um aprendiz de feiticeiro até o império URSS cair de podre por viver da aplicação de uma ideia única incontestada.
    Actualmente a democracia americana, que paulatinamente tenta dominar o mundo já sofreu o primeiro assalto pelo putinismo de Trump e é quase certo que, quer com uns ou outros se tonará à custa de querer dominar o mundo, uma ditadura de um povo de massas alienadas e embrutecidas que espalhará o terror pelo mundo, à semelhança de todos os centralismos de poder totalitários.
    O caso Sócrates foi, genericamente, uma golpada de tipo centralista uma vez que foi dado pelo próprio poder central do Presidente, do chefe da oposição e pelo poder judicial todo poderoso intocável e inescrutinável apoiado pelos media de merda que temos e perduram perdidos e tontos à procura do seu salazarista manhoso. Contudo tais golpes baseados em mentiras e falsidades em minúsculos países como o nosso que não conta para nada no mundo tudo acaba, mais cedo que tarde, numa farsa de ópera bufa.
    É esta a roda do mundo ou, como diria Marx, a dialéctica da história que outros transformaram em descoberta científica para poderem dizer, ufanos, que tinha acabado a História.
    Vê-se, com a invasão imperialista de arrasar tudo à frente, à maneira bárbara, da Ucrânea pela Rússia que, ao que parece, a História só acabará mesmo com o holocausto universal e o desaparecimento do imparável e irrascível homo sapiens.

  8. está bem , aproveito para deixar mais um excerto do deixa andar , logo se vê , as aparências é que contam, o povo que se lixe.

    “Não houve coragem política para usar um programa mais ousado. […] Várias vezes comuniquei ao primeiro-ministro que precisávamos de pedir ajuda, em que eu lhe disse que íamos precisar de ajudar. Ele disse que ia ver. Era um jogo de ir adiando”, salientou.

    Teixeira dos Santos lembrou que o então primeiro-ministro José Sócrates argumentava com a reputação internacional e com os mercados.

  9. eu não lamento informar, yo, mas o diz que disse não faz parte do protocolo da governação decente – se tiver algum documento, por favor, deixe-me ficar a conhecer.

  10. jose neves, o caso Sócrates é mais complexo, profundo, do que apenas a dimensão relativa aos feitores das golpadas pois também envolve a esquerda em geral, as instituições republicanas e o próprio PS. Todos cúmplices, por actos e omissões.
    __

    yo, o tema do “pedir ajuda” é consequência do chumbo do PEC IV e, em si mesmo, é algo razoável e até aconselhado a um ministro das Finanças naquela conjuntura. Mas isso em nada se relaciona com o discurso que coloca em Sócrates, ou nas suas políticas, a causa dos problemas financeiros de então.

    Bem pelo contrário, e basta que revejas o debate entre Sócrates e Passos para veres as mentiras deste e o acerto quanto à solução daquele. Solução que começou em 2012, quando finalmente o BCE resolveu o problema comprando dívida (na prática, criando um crédito) e depois quando o PS governou a partir de 2015, aplicando as mesmas ideias de protecção económica e social aos mais pobres e classe média que Sócrates defendera quando lutou até ao seu limite para evitar uma austeridade que só iria afundar mais o País.

  11. ok.
    não sei quase nada de finanças públicas , por isso não sei se foi seguido o caminho mais prudente ; e mesmo que percebesse , não consigo avaliar o assunto de forma isenta e imparcial.

  12. por enquanto não, jp .. continuo a zero testes e zero vacinas .mas acho que tive covid , aí há umas semanas , entrou e saiu rapidamente.
    ( mas novidades , novidades , é no continente…)

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