O que impressiona mais no relato das actividades do nosso agente no Funchal não é o ridículo que São José Almeida e Luciano Alvarez assinam como se fosse uma notícia, antes o subtexto. O discurso identifica com precisão milimétrica o evento fundador do conflito: Rui Paulo Figueiredo, persona non grata em Belém, foi enviado por Sócrates na visita presidencial à Madeira. Afronta imperdoável. Tudo o que se segue não é mais do que a racionalização da hostilidade. Quem conta o episódio está cego de raiva, perde a noção das conveniências. Ao censurar a violação de supostas regras protocolares relativas a mesas e cadeiras, a fonte da Presidência baixa as calcinhas e põe-se a jeito. É a falta do respeitinho que não se admite, a presença que não se tolera, a liberdade que se castiga. Acossados pela asquerosa proximidade ao bandalho que ousou investigar o Professor, entraram em alergia colectiva, reagindo com crescente paranóia à sua presença, fosse onde fosse: Na altura houve quem considerasse que o adjunto de Sócrates se comportava como se quisesse escutar conversas para que não fora convidado. Ah, bom, houve quem considerasse como se! Temos espião.
A Casa Civil do Presidente fantasia-se a merecer escutas e vigilância. Os outros, os porcos do Governo, não descansam e farão qualquer coisa para descobrir os segredos da Casa Civil do Presidente e seus poderosos generais. Como deve ser emocionante ir todos os dias a caminho da Casa Civil do Presidente sabendo que Sócrates espreita cada um dos nossos passos, não dorme a pensar no que nós pensamos. Até já houve quem considerasse, na Casa Civil do Presidente, que a auto-estima cresceu muito desde que começaram a fechar janelas e reposteiros, para depois ficarem a falar baixinho, juntinhos, uns com os outros. Bichanando.
Eu também acho que o tal de Rui Paulo Figueiredo não teve um comportamento à altura dos assessores do PR.
O normal seria escutar atrás das portas?
Bufar para os jornais?
Levar uma camara oculta?
Microfones nas malgas da sopa?
Não, o anjinho andava a mandar o bafo para cima de Sua Excelência.
A esticar o pescoço.
A sentar-se em mesas protocoladas.
Já o ministro levou um tampão para os ouvidos, ou estava veínculado ao segredo profissional?
Sócrates é um incompetente em matéria de espionagem.Tem muito a aprender com o Negrão (Moderna) e Adelino Salvado (Casa Pia).
Será que não se tem um pingo de carácter no PSD?
As pessoas não mudam e quando mudam é para pior. O cavaquismo é isto ou seja o presidencial repete o governamental só com uma «nuance» – agora querem ser eles as forças do bloqueio. Safa!
O estado actual da presidência indicia a mania da perseguição que o nosso PR sempre teve. Os mediocres rodeiam-se sempre de uma corte subserviente, também mediocre, que conspiram. E o chefe vai brincando, sonhando, imaginando monstros em moinhos de vento. Faz-me lembrar quando era criança e encarnava, na minha fantasia infantil, papeis de super heróis.
Ainda me lembro, quando S.Exª era 1º ministro, violou todas as normas esteticas do Montechoro, Albufeira, onde possuia a sua vivenda Marani, mandando elevar os muros que a rodeavam a uma altura enorme. A imaginação das crianças, com receio do escuro, que vêm monstros em todo o lado é tratável. Com a idade cronológica (que não a mental) que tem o sr. Silva já não tem cura.
As larachas do Presidente e um jeep cheio de decretos
Para ultrapassar a sua rigidez congénita de montanheiro algarvio, os assessores de Belém pedem-lhe frequentemente:
– Diga uma laracha, Senhor Presidente, estão aí à porta as presidenciais !
E pedem o mesmo à Dr.ª Maria.
– Diga uma laracha, Senhora Dr.ª, estão à porta as eleições presidenciais !
Nestes pedidos, leva a palma o espantalho da Presidência que todos temos visto como ruído na pantalha quase tantas vezes como o espantalho do Porto, de olhos vítreos, à porta do dragão.
Para cumprir as ordens, Cavaco sempre que vê um microfone à frente diz:
– Uma laracha !
com dificuldade, sílaba a sílaba, a boca seca, porque a palavra não é fácil de pronunciar e no fim mostra a sua dentição sem mácula, com o ar de puto malandro que outrora exibia no comboio das sete, a caminhe de Fare .
Já ensaiou outras declarações, um jeep de decretos nas férias doAlgarve, mas não surtiu grande efeito.
E a Dr.ª Maria que não lhe quer ficar atrás e quer ajudar o marido como é de sua indeclinável condição, sofre de idêntica compulsão frente ao microfone e ajeitando o ligeiro toque de silicone que lhe engordou ultimamente os beiços, atira:
– Duas larachas !
E acrescenta:
– Pedidos não! Em Belém, não há nada para ninguém!
Vá lá, não sejam maus e desejem boas férias ao casal.
Jnascimento
Eu também lá estive com os muros e uns GNR a tomarem contas das toalhas de praia daquela malta. Safa!
Caramba!
E ninguém lhe oferece um bolo-rei?