Como qualquer pessoa normal, percebo mais de futebol do que o Paulo Bento. E como qualquer pessoa anormal, gosto mais do Sporting quando perde. Quando ganha, gosto muito de mim. E dos outros. Quando perde, amo o clube. Amo o símbolo, a sua história, as instalações, relvado, presidente, roupeiro, equipamentos e ainda as esposas, namoradas, amantes, amigas coloridas e irmãs dos jogadores. É muita entidade, muita gente, muitos encontros para conciliar. Só o amor, na sua infinita entrega, pode dar conta do recado.
Quando ia ao estádio, o antigo, nada era tão introspectivo, tão íntimo, como os períodos de mau futebol e crise pontual. O estádio ficava cheio de espaço vazio, lucidez e fé. O que contém uma lição universal: à fé chega-se pela lucidez, à lucidez pelo vazio. Nas bancadas, misturados, apenas dois grupos. Os que assobiavam e os que aplaudiam. Não é diferente do que acontece fora do estádio. Os que assobiavam começavam primeiro. Os que aplaudiam eram os últimos a acabar. Quando o Sporting marcava, estes dois grupos abraçavam-se. Os que assobiavam esqueciam por completo o quanto tinham assobiado até ao golo, e agarravam-se aos que aplaudiam num êxtase sem passado nem futuro. Os que aplaudiam recordavam o quanto tinham aplaudido até ao golo, e agarravam-se aos que assobiavam no êxtase de quem une o passado ao futuro. Éramos tão poucos, a alegria tão imensa.
Agora, o Sporting está num desses períodos. Mau futebol, crise de resultados. Tempo de amar. E dizer: Bento, fica. Aguenta, se és leão. E não te preocupes com a equipa, porque qualquer um de nós tem melhores ideias do que as tuas. Sabemos que é assim por ser assim. O que andas a fazer não presta, pára. Mas fica. Tens é de confiar em alguém. Por exemplo, no Vukcevic. Não te lembras como prejudicaste o Sporting, na época passada, quando não o deixavas jogar? Perdemos pontos que nos teriam dado o campeonato. Não te lembras como ele marcou golos assim que voltou a jogar? Já te esqueceste que ele prefere jogar como avançado? Não vês que ele tem um instinto raríssimo para o golo, e que por isso marca golos improváveis e espectaculares? Estás a tomar notas? Outra coisa, o Miguel Veloso não faz falta ao Sporting. Marcou um golo como não voltará a repetir nos próximos 7 anos e desatou às caralhadas contra os adeptos. Guia de marcha. Até porque ele só foi bom quando ainda não era bom. Aí, pegava na bola e avançava com ela, conseguindo entregá-la em condições 30 ou 40 metros mais à frente. Pouco? Tal operação pode ser meio golo ou mais. Hoje em dia, não avança, passa a bola para o lado, e mal. E tem paneleirices de vedeta. Portanto, rua com esse gajo. No lugar dele, o Rochemback. Essa puta velha. A missão do Rochemback é a de fazer aberturas que troquem os olhinhos aos otários. Mais nada. O Moutinho vai para o banco, porque o Moutinho só deve entrar para substituir o Rochemback, isto é simples de perceber. Quanto ao Pereirinha, estás proibido de o voltar a colocar como defesa. Este talento versátil, que corre, finta, passa e remata com superior qualidade, tem de jogar como titular no meio-campo. Shiuuuu. Quanto ao Caicedo, usar esse pilar de cimento só para substituir o Postiga, e já goza.
É isto. Isto chega. Podes ir e dá o meu melhor.
Há gostos para tudo. Vá-se lá compreender as aberrações da natureza humana.
vá lá, val, não brinques com o amor
(quem dera ao zzzbording ser verdinho, verdinho).:-)
Não te estou a reconhecer, Sinhã. Não sei se é por não gostares de futebol, se é por seres portista.:)
Se fosses sportinguista não só brincavas, como um dia destes até fazias um bolo em forma de leão para oferecer ao Paulo Bento.:)
:-D eu simpatizo com os azuizinhos porque acho um piadão ao meu pai, no estádio,
a ralhar, ralhar
com o guarda-chuva
no ar.
:-D
texto perfeito em honra ao adepto português.
não é só nos salões de baile bem povoados ou nos bares nocturnos que se nota que a paixão cega… os estádios são um lugar perfeito para perceber isso.
A bola de futebol:
É redonda e tanto vai para um lado como para outro. É a única de entre 26 pessoas a que mais sofre e única a não tomar partido por ninguém. Não digo sempre a mais mal tratada, para isso temos os árbitros. A bola leva pontapé daqui e dacolá, sem ter culpa nenhuma. Admira-me aguentar tanto tempo, se fosse outro, abandonava o recinto, a maior parte das vezes com justa causa. De vez em quando é agarrada por algum jogador mas logo arremessada. Às vezes o jogador faz-lhe um carinho, dá-lhe um beijo, mas ela sabe que tudo é falso, prefere ir parar às mãos do guarda-redes, que entrar na baliza. Sabe que este dá-lhe mais carinho, segurando-a, abraçando-a, de vez em quando dá-lhe um soco, mas tudo perdoa. Ao entrar em campo vem na mão de um senhor vestido de preto – hoje não é tanto assim; alguns vêm vestidos de amarelo, de roxo e alaranjado – dando a ideia que vem desconfiada, por vir com tais trajados e vulneráveis à verdade desportiva. Aguenta sempre firme, não protestando, é sempre a última a abandonar o recinto, quando às vezes não fica esquecida.
o mais engraçado é que houve três lances iguais (mão na bola) mas só o do Sporting é que não foi marcado. Porque será? Será que olegário é anagrama de olarápio?
Boa malha JCFrancisco. Dos cães tinhosos até as pulgas fogem deles.
Nutre uma simpatia pelo Sporting, pelo facto do Pedro Barbosa aí ter jogado.
Ficou conhecido para o futebol, no meu querido Sport Clube de Freamunde.
Gosto que ganhe sempre. Que perca só com o Freamunde e Belenenses.
Saudações desportivas.
Um dos meus livro tem como título «Pedro Barbosa, Jesus Correia, Vitor Damas e outros retratos» e foi publicado pela editora Padrões Culturais. Em 2004 e parece que foi ontem. O mundo é pequeno. Se me enviar a sua morada tentarei arranjar um exemplar. Saudações desportivas!
JCF
A minha morada é a seguinte:
Manuel Maria Ferreira Pacheco
Rua da Escola, Nº. 91-1º. Esquerdo 4590-385
Freamunde
O meu obrigado