Que maleita ignominiosa e anacrónica está a unir reaças e comunas nas críticas a Obama, um preto que mandou mais guerreiros para a batalha do Afeganistão? Tendo em conta que Obama está a fazer, e em rigor, o que prometeu na campanha – sair o mais rapidamente possível do Iraque e vencer o mais rapidamente possível no Afeganistão – só há uma explicação para tanta má-vontade, má-fé, má-língua e má-criação: racismo.
Por acaso, tenho mais a noção de que tem sobretudo a ver com a profunda estupidez que se encontra sempre nos extremos do que racismo. A direita, sobretudo aquela mais “reaça”, detesta pessoas integras (pelo menos vivas) e anseia derrubá-las para poderem justificar o imenso cinísmo e hipócrisia que os caracteriza, e sem a qual ficam reduzidos à sua mediocridade.
Já a esquerda não o suporta, porque lhes roubou o alvo fácil da América de Bush, e porque a América de Obama (e de Clinton, e de Bush Sr. etc) é o antídoto às fantasias totalitárias em que vivem, por isso quanto mais depressa o conseguirem demonizar melhor, não vá o povo começar a admirar o modo de vida Americano.
Neste caso, o racismo não me parece um factor, e acho que com Hillary seria a mesma coisa, mas talvez estivesses aqui a acusá-los de machismo…
Vega9000, concordo muito contigo. Só uma nota, e para confirmar o teu último parágrafo: estou em registo irónico quando remeto para o racismo.
Talvez se pudesse, também, chamar diferença de opinião, digo eu de que!
Val,
Essa tua generalização tem tanto de verdadeira como as daqueles que atacam Obama pela sua cor, pela sua origem de classe e pelo seu dinheiro.
Quer dizer, não é justa, nem acredito que realmente penses assim.
O racismo existe na América em doses cavalares e o que me espanta ainda hoje não é o sufrágio do programa eleitoral do Obama. O que é absolutamente inexplicável naquela sociedade é o facto de se terem reunido condições objectivas e subjectivas que conduziram ao resultado eleitoral.
O argumento de que se alguém discordar do Obama, em especial em matéria tão controversa como a da guerra – tão conotada com o pior da política da direita fundamentalista americana – dá prova de racismo…bom, este argumento, tem laivos de um forte desvio totalitário e fundamentalista, inimigo da discussão e do contraditório. Tudo aquilo que de bom o Obama trouxe à América.
I’m sure you can change yr opinion!
Aliás até acrescento que quem é que lhe garante Val, que os que hoje criticam Bush, perdão criticam Obama, pelo agravamento da guerra, pela insuportável aliança com o sionismo, com a recusa da adesão ao tratado contra as minas anti-pessoal e pela manutenção da política versus Cuba, são brancos?
Ou que são todos da mesma cor?
Think again. Yes, you can!
Sim. Mas não há vitória possível no Afeganistão, a não ser a retirada deixando o assunto entregue ao povo afegão, o melhor possível, daqui a um ano. Há aí um equívoco terrível que tem consequências incalculáveis. Digo eu que não me apetece calculá-las.
também ficava bem obodeia.:-)
MFerrer, tens toda a razão, mas não leste o meu comentário dirigido ao Vega9000 onde explicava a intenção do texto. A temática do racismo está a ser usada como remoque irónico, posto que a questão é apenas ideológica. Foi um exagero sarcástico, o qual, pela sua completa falta de nexo, esperava que fosse óbvio. Ora, como as palavras escritas não trazem o tom de voz e a expressão facial, reagiste com justiça porque te ficaste pela leitura literal do texto escrito.
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&, por vitória no Afeganistão entenda-se a reconciliação do seu povo com o Estado através de um Governo que seja visto como aliado do Afeganistão, e não, como até agora, mais um dos seus algozes. A corrupção do Governo afegão leva a que as populações se sujeitem, ou se aliem, aos talibãs.
poder ser isso Valupi, ou outro enunciado que nem sei proferir, mas tem que ser o povo afegão a decidir. Façam um referendo se fôr o caso, não sei exactamente qual seria a pergunta, e também desde logo te digo que é sempre eticamente discutível, para não dizer censurável, exportar democracia à força.
não se iludam sobre o essencial: a Afeganistão que eu saiba não pediu para ser invadido, não há solução para a guerra que não seja retirar, mais tarde ou mais cedo,
espera-se de um Nobel da Paz que desagrave a guerra – ou retira-se-lhe o prémio?
Tem piada, eles no Chile nem segundo mandato têm! Pelos vistos gostam de muita rotação, mas deve ter sido reacção à longa permanência do Pinochet, será?
&, eles não pediram para ser invadidos, certo, mas aceitaram aqueles que atacaram a América. Foi isto, e só isto, que levou à presente situação.
Mas ainda não vi, em Portugal, quem dê sinais de ter entendido a estratégia de Obama para o Afeganistão – embora não leia todos, por isso posso estar enganado. Comentam apenas que vai mandar mais tropas como se isso fosse um fim em si mesmo, e como é que é possível com um Nobel da Paz e tal, e como se Obama fosse apenas mais um presidente dos EUA a mandar tropas para bater nuns desgraçados quaisquer, para “vencer” a guerra. Mas o que significa “vencer” no Afeganistão? Isso não sabem. Quando chegar o momento da retirada, lá estarão a comentar…
e daí eu ter compreendido a reacção americana, não confundir com a extensão da invasão do Iraque, essa vergonhosa.
No entanto a situação no Afeganistão não pode eternizar-se, muito menos agora. Façamos votos de que se encontre uma boa saída para tão breve quanto possível. De resto eu não quero nada impôr a minha opinião chamo é a atenção para o que me parece evidente.
Qualquer presidente americano, com maior ou menor período de “estado de graça” é sujeito a esse tipo de reacções de que falas, Val.É uma derivação de racismo chamada anti-americanismo. Será uma questão ideológica, sem dúvida, mas que une esquerdas e direitas – ou será uma questão supra-ideológica?
Nem mais, Vega9000. Vencer no Afeganistão significa poder retirar. Isso também passa pelo que o Paquistão consiga fazer dentro das suas fronteiras. Agora, o que não vai ser deixado ao abandono é o arsenal nuclear do Paquistão, pelo que Ocidente, Índia, Rússia e China lá teriam de resolver o assunto no imediato.
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&, a ideia do aumento das tropas é para isso mesmo: garantir segurança nas áreas mais infiltradas de talibãs, e recuperar a confiança do povo afegão.
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Edie, excelente questão. O anti-americanismo pode vir da esquerda (mais frequente) ou da direita, nesse sentido sendo supra-ideológico – ou relativo a uma ideologia de cariz nacionalista.
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mais uma vez concordo . O aumento de tropas é necessario niste momento, e como somos bem pensados, achamos serem para que os afgaõs sejam em breve os donos reais do pais, estou a referirme a os afgaõs não talibãs.
Concordo que não tem nada que vêr con Irak e tampouco , engado eu, co Vietnam. Em pouco tempo occidente so deve apoiar com dinheiro o exercito afgaõ para oponherse realmente o talibão, que hoje ja o fai, e é o que apanha o maior numero de mortos, coisa que a opinião pública por vezes não recorda.
Obama tera aquí uma situação dificil, mas podera demostrar assim o que é, a esperança de bons e generosos do mundo. Se ele fracasa o mundo tornará a pulhice ja conhecida.
garantir mais segurança só para que o Governo-exército afgão seja o dono do Estado realmente. Agora mesmo e necessario.
Esperança e sorte.
Infelizmente nem sempre o pacifismo, no sentido da não intervenção, em quaisquer circunstâncias, é sinónimo de opção pela paz nem de respeito pelos direitos humanos.
A História está pejadinha de exemplos…Aprendemos alguma coisa com eles?
Acho que a força, legítima, para defender: direitos humans, pessoas oprimidas etc. é complemento necessario de quaisquer pacifismo. Em certas partes do mundo que se pode fazer ?, perguntem a pessoas que sendo pacifistas lá estiveram en situações dificeis tales que sem o apoio da força não podiam dar de comer a sua gente.