Pedro Tadeu aproveitou a polémica causada pela publicação de um vídeo no Correio da Manhã para fazer um exercício insuportavelmente ambíguo a respeito dos jornais de referência portugueses e do próprio CM – O Correio da Manhã é estúpido? Ambíguo porque não se sabe, no final da leitura, do que esteve a falar. Insuportável porque, quando se trata do CM, não saber exactamente o que dizer é estar a ser cúmplice desse projecto político. Ou melhor: ficámos a saber que o Tadeu dá o CM como o exemplo a seguir pela própria “imprensa de referência”.
Seria de rir alarvemente, mas será mais de chorar, tropeçarmos num jornalista com o traquejo do Tadeu – que, ainda por cima, se assume comunista – e constatarmos que ele consegue reduzir o CM à categoria purificada de “tablóide”. Ora, tablóides houve e há muitos pelo mundo fora e ao longo dos tempos, mas este tem uma característica essencial que o diferencia dentro do género para o que aqui nos importa: para além do sensacionalismo, para além da industrialização da calúnia, o grupo editorial onde se insere pratica uma defesa dos interesses da direita partidária e faz uma perseguição política ao PS. É a partir deste objectivo estratégico, o qual remonta logo à fundação do CM em 1979, que a utilização do arsenal tablóide envolto em populismo de direita atingiu – como reacção adversativa a Sócrates e exploração da sua privacidade – um extremo de violência nunca antes registado na comunicação social portuguesa. Esta violência nasce da parceria com agentes de Justiça que cometem crimes sucessivos no âmbito das investigações a políticos do PS a troco de promoção pessoal, blindagem política para decisões legal e moralmente questionáveis e, quiçá, proveitos monetários ou outros.
Os editoriais do CM, quando versam sobre qualquer aspecto que tenha relação com Sócrates e suas circunstâncias, juntam ao registo putanheiro e de taberna uma interpretação histórica em tudo igual à que PSD e CDS fizeram e fazem do período 2005-2011. Nela, o Estado foi tomado por um grupo de bandidos capitaneado por Sócrates, e tanto roubaram que o País foi levado à bancarrota. O CM também explica o fenómeno de tanta roubalheira, durante tanto tempo, não ter levado ninguém para o chilindró até agora: é que esses bandidos tinham a Justiça na mão, conseguindo corromper quase toda a gente e assustando os restantes. Foi preciso decapitar os mandantes na PGR e no Supremo Tribunal de Justiça para, finalmente, se começarem a investigar esses crimes. Daí o heroísmo de Carlos Alexandre, Rosário Teixeira e Joana Marques Vidal, e ainda de Paula Teixeira da Cruz e Passos Coelho. Sem eles, os socialistas criminosos continuariam à solta, têm repetido ao longo dos anos Octávio Ribeiro e Eduardo Dâmaso institucionalmente. Ora, no PSD e CDS a exploração deste discurso calunioso tem sido feita abertamente desde 2009, e até figuras que agora parecem tão decentes e razoáveis, como Ferreira Leite e Pacheco Pereira, mergulharam nele de cabeça quando estavam à frente do PSD e sua estratégia eleitoral. De igual modo, uma análise aos discursos e declarações públicas de Cavaco desde 2008 até às legislativas de 2011 exibe a mesma intenção de espalhar no espaço público a percepção de que o PS se apropriou do Estado para destruir a oligarquia da direita e substituí-la por uma outra máquina totalitária, com bancos e grupos de comunicação ao serviço do Rato para a sua perpetuação no poder, não esquecendo os espiões do Estado usados para descobrir o que andavam a pensar e a fazer os adversários políticos. Obviamente, o bom do Cavaco não podia ficar quieto e calado perante essa ameaça, pelo que defendeu os seus amigos, aqueles que dominavam a banca e a comunicação social há décadas, o melhor que pôde. Problemazinho com este modus operandi: ele requer, para se manter eficaz social e eleitoralmente, uma constante e alargada repetição no ecossistema mediático. Sem isso, reduz-se à irracionalidade donde nasceu. Em Portugal, juntando os órgãos de comunicação social alinhados à direita, e suas legiões de “comentadores”, há massa crítica para gerar na enorme maioria da população a distorção paranóide de ser possível cometer esses alegados super-crimes sem deixar quaisquer provas.
Não faltam estudos, documentação, memórias, inclusive obras de arte, acerca das formas como se manipula a opinião pública apelando ao medo, ao ódio e perseguindo bodes expiatórios. Invariavelmente, tal passa por criar um antagonismo moral que seja forte o suficiente para mobilizar a turbamulta. Não podendo real e fisicamente assassinar ou linchar Sócrates, no CM et alia tem-se feito um festim com a sempiterna acusação de que é um criminoso, um corrupto. Se com Péricles fizeram o mesmo, porque não a Sócrates, né? É tudo lixo da mesma cidade, por assim dizer. Todavia, este modo de conspurcar a democracia e intoxicar a comunidade não é uma fatalidade, antes uma escolha. Alguém, muita gente, considera ser esta a melhor forma de lutar pelo poder, e não há prurido ético nem cívico que os impeça de usarem todos os estratagemas que puderem, durante o tempo em que o conseguirem, para cometerem crimes e vilanias em nome do combate aos “maus”. Também nestes fenómenos os processos psicológicos que arrastam figuras moralistas como Cavaco para a obscenidade das golpadas escabrosas e atentatórias do Estado de direito não oferecem segredo algum. Quem se convence de que o estão a atacar, ou a preparar-se para atacar, encontra em si, no seu instinto de sobrevivência e no seu orgulho, a justificação moral para responder ou atacar primeiro com o triplo da força e da crueldade imaginada no inimigo. É o Tucídides, estúpido!
O comunista Tadeu não só meteu Marx na gaveta como lançou fogo ao quarto antes de se pirar em direcção aos “interesses do cidadão comum” que jura ver bem cuidados no CM. Será por isso que não consegue detectar a relação material e dialéctica entre um simulacro de jornalismo cujo móbil é o justicialismo mediático dirigido a certos alvos de uma exclusiva área política e a sua influência na degradação dos valores democráticos e no afastamento dos cidadãos da vida política e da cidadania. Tadeu, coitado, tendo chegado ontem à profissão, não encontra pretexto algum para recorrer aos marxistas conceitos de alienação e fetichismo ao ver um jornal que vende voyeurismo, objectificação da mulher, populismo antipolíticos, violação da privacidade e conluio com criminosos. Ou, então, consegue. E consegue tão cristalinamente que resolveu alinhar. Afinal, qual é o comuna que não curte ver um socialista a arder?
Tem calma, ó Valupi, que assim até pareces uma galinha a correr sem cabeça (depois de morta, o que é pior).
Mas, não foi este Tadeu que, foi director de um tablóide que não vingou?
Logo, está em sintonia com o pasquim ou esgoto como lhe chamam, usar o
emblema do comunismo não tem qualquer significado, vai fazendo a vida
dando umas no cravo outras na ferradura como profissional de comunicação
social, porque ser Jornalista implica mais responsabilidade!!!
Quem queima os socialistas não são os comunistas,são as cedências às políticas de direita! França,Inglaterra,Espanha,Grécia,etc.,etc., são as provas reais do afirmado.
O CM segue o muito bem sucedido formato do Daily Mail, o jornal mais lido da Grã-Bretanha: 90% de fait divers e 10% de propaganda de extrema-direita. Em ambos não se permite que escrupulos, sejam de que natureza forem, constituam obstáculo aos fins que se propõem.
não sei se é mas demonstra estar a ser. a sensação com que fiquei depois de ler o artigo é que está revoltado com alguma coisa em um dos outros jornais que diz serem sérios, algo pessoal, e aproveitou para lavar os fígados usando o CM apenas como drenante e não como o lodo a purgar. é isso.
Uma semana após o 25 Abril, numa reunião promovida pelo MDP num salão de bombeiros à cunha só se falava em “Democracia”: os oradores eram todos “democratas” e vincavam a sua “democraticite” repentina a cada frase que pronunciavam.
Quando um homem jovem sobe ao palco levanta o braço e ameaça de punho erguido:
“Eu não sou democrata, eu sou comunista”.
O Tadeu também não é estúpido, é comunista.
aeiou
29 DE MAIO DE 2017 ÀS 20:52
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Tem calma, ó Valupi, que assim até pareces uma galinha a correr sem cabeça (depois de morta, o que é pior).
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Cinco-5-cinco leitores, um-dois-três-quatro-cinco?!
Valupi, larga a garrafinha de 5 decilitros.