O mercado é sagrado

A Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana.

Sobre o livro sagrado, eu costumo dizer: lê a Bíblia e perde a fé!

Na Igreja Católica não vai causar problemas porque os católicos não lêem a Bíblia, só a hierarquia, e eles não estão para se incomodar com isso. Admito que o livro possa incomodar os judeus, mas isso pouco me importa.

Caim matou o irmão porque não podia matar Deus. É uma história horrível de crime e violência e, mostra um Deus cruel, porque deixa que isso aconteça.

A Bíblia passou mil anos, dezenas de gerações, a ser escrita, mas sempre sob a dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável. É uma loucura!

O Corão, que foi escrito só em 30 anos, é a mesma coisa. Imaginar que o Corão e a Bíblia são de inspiração divina? Francamente! Como? Que canal de comunicação tinham Maomé ou os redactores da Bíblia com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que deviam escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos!

No Catolicismo os pecados são castigados com o inferno eterno. Isto é completamente idiota! Nós, os humanos somos muito mais misericordiosos. Quando alguém comete um delito vai cinco, dez ou 15 anos para a prisão e depois é reintegrado na sociedade, se quer.

Mas há coisas muito mais idiotas, por exemplo: antes, na criação do Universo, Deus não fez nada. Depois, decidiu criar o Universo, não se sabe porquê, nem para quê. Fê-lo em seis dias, apenas seis dias. Descansou ao sétimo. Até hoje! Nunca mais fez nada! Isto tem algum sentido?

Deus só existe na nossa cabeça, é o único lugar em que nós podemos confrontar-nos com a ideia de Deus. É isso que tenho feito, na parte que me toca.

Saramago

*

Uma figura da Bíblia serve como fonte de inspiração para um escritor. Esse escritor odeia os outros escritores que criaram a tal figura. E odeia os leitores desse livro cheio de livros e de histórias inventadas, umas, e registadas, outras, onde foi roubar o material literário. Acontece que o escritor vende os seus livros, não os oferece nem guarda no baú. O escritor está velho e gasto, fragilizado, mas não pára. Pode estar xexé, não está gagá. A seguir a este, virá outro livro. Outro negócio. Agora é só o tempo de ofender os católicos, os cristãos e os judeus. Porque o mercado é sagrado.

39 thoughts on “O mercado é sagrado”

  1. Ai Valupi, que tu és tão mauzinho :-) Eu queria já hoje comprar o livro, mas na Fnac disseram-me: “Só amanhã!” E andam a fazer promoção, ou seja, se amanhã comprarem Caïm, um outro livro qualquer de Saramago fica 2 euros mais barato. O negócio é sagrado.

  2. olha , o único escritor de quem tenho sempre um livro à mão ( até ao Homem Duplicado , mais não comprei ) é o Saramago. Nem leio a história seguida às vezes , adoro ler umas linhas , umas páginas , é fabulosa a maneira como escreve. é tipo ver um quadro cada página dele . nobel merecido. E ele não odeia ninguém. vai ler que logo vês. tem como missão avisar. e avisa muito bem. aliás , nem foi Cristo / Deus que escreveu a Biblia , pois não? foram uns homens que tinham uma visão dele similar/deturpada (homem adora poder , até inventaram um deus todopoderoso ) à que tu tens do socras. quem te lê e não o conheça há-de achá-lo o máximo , tipo o inocente reis. e não é o máximo. bem longe disso.
    muito cuidado com a biblia , na volta foi escrita por cem valupis. é que nada do que Cristo disse ultrapassa o amai-vos uns aos outros. dificil , né? por isso uma biblia inteira com conversa de chacha que manda morrer quem não crê na palavra dos tradutores , amadores e maquiavélicos , de Cristo. para por em pé os seus próprios projectos de poder. Cristo falou em linguagem analfabeta e simples para que todos o pudessem ouvir. Como é óbvio , dado querer salvar toda a gente , mesmo os que não tivessem um vocabulário de diccionário. vem lá nos apocrifos , nada terroriíicos , nem fala em chamas do inferno nem em fins do mundo. não diz lá que somos imperfeitos.

    Deves adorar a biblia , né , seu democrata de polichinelo , na maior em maioria , choramingas em “relativia”. a falta que te faz um Deus castigador da heresia de não curtirem o teu deus menor!!!

  3. A imaginação definiu a humanidade no homem de Neardenthal. A criação de um Deus ou deuses faz parte dessa imaginação.
    Com isto pretendo afirmar que não encontro razões que possam impedir Saramago de discutir ou ficcionar Deus.

  4. Sou um frequentador assíduo deste blogue, quase compulsivo!
    Concordo com a grande maioria dos seus textos.

    Agora tirando a questão do Inferno que a Igreja já retirou do mercado, bem como o Purgatório, (se só há Céu, porquê evitar o pecado da gula, do desejo da mulher do próximo, etc.?, vamos todos, santos e pecadores parar ao Céu, não temos escolha) diga-me onde Saramago se engana, ou nos engana?

    Declaração de interesses: não sou admirador de Saramago, nem como escritor nem politicamente. Teve um golpe de génio: arranjou (amou?) uma mulher bem mais nova para não ter de ir para um lar!

  5. ora este Duarte é que viu o filme que importa que eu também ando a pensar nisso, mas digam lá: não acham piada que o velhote provoque os pilares do nosso inconsciente colectivo? Eu acho.

  6. Há ateus para todos os gostos. Também os há que gostam da Bíblia, como peça literária. Se eu conseguir abstrair das utilizações opressivas que esse livro já teve e ainda tem, exactamente como o Corão, também sou capaz de apreciar o relato de um milagre, embora não creia nele, ou de gostar de uma parábola. O que Saramago aí diz sobre Deus e a criação do mundo é muito melhor dito por Chad Docterman aqui.

    O ateu liberal não se importa que os crentes creiam, e até compreende que precisem de crer, só que não partilha com eles a crença. Entre os ateus militantes, que não calam a sua maneira de ver o mundo, e estão no seu pleno direito de a não calarem, mesmo que haja quem sinta por isso a sua crença «ofendida», há, porém, uns tantos, felizmente poucos, que gostariam de impor a sua visão a toda a gente. Esses são feitos da massa dos inquisidores e dos perseguidores de religiões. Eu penso que Saramago, ainda que militante, será um ateu liberal, não um ateu inquisitorial.

    Sustentar que ele é ateu e faz ouvir a sua voz só por ganância e espírito mercantil parece-me que falha totalmente o alvo. Saramago não precisa de mais dinheiro, precisa de falar daquilo que sempre «ofendeu» a sua descrença…

  7. O que me choca em Saramago não é o facto de ele afirmar, e com inteira razão, que o Deus da bíblia ou qualquer outro Deus é uma criação do génio humano, porque, na realidade, nós só podemos discorrer sobre nós e o nosso universo e não sobre «coisas do outro mundo», sejam elas Deus, Anjos, Demónios e almas penadas, tudo realidades «sobrenaturais», «extrasensoriais», «transcendentes»… Enfim, o diabo a quatro. Não consigo vislumbrar, em nós, a capacidade «extra» de nos transportar a um «outro mundo», quando todas as nossas capacidades se revelam, até ao momento, flagrantemente insuficientes para entender o que somos, donde viemos e aonde nos conduz este nosso universo. Cientes desta realidade, falar de um mundo extra parece-me pura fantasia. Nisto acompanho Saramago e se ele não diz, digo eu: tem de estar inscrita na nossa vida a nossa razão de ser e a razão de ser do nosso universo, de modo que tenhamos a possibilidade de encontrar «o caminho» sem risco de engano, porque, a não ser deste jeito, tudo não passaria de uma fraude e de uma farsa. E, aqui chegados, divirjo de Saramago. Ele proclama a fraude, a farsa, o absurdo da vida e seu universo (nada de novo, não é Sartre?) e eu maravilho-me com a beleza do homem e do universo, realidades que ainda só agora começamos a desvendar. Somos um bebé que mal balbucia, ao colo de uma velhinha com biliões de anos, a Terra-Mãe. Está tudo por descobrir.
    E volto a divergir de Saramago quando ridiculariza o “homem biblico”, esquecendo, escandalosa e inexplicavelmente, a História em desenvolvimento e um ser humano feito do barro da terra a tentar levantar-se do chão, sonhando com vida e mais vida até à loucura de imaginar um «mundo extra» e Alguém que lhe garanta a eternidade.
    E quem diz que é proibido sonhar? Longe de ser um manual de disparates a Biblia é antes de mais um livro de sonhos e anseios de imortalidade. E, como em tudo o que é genuinamente «nosso», o disparate está lá presente. Tal como está nesta prédica de Saramago. Com toda a franqueza: esperava-se mais de um prémio Nobel!

  8. mas vocês já leram o livro? vai tudo disparado a comentar, agora já vamos na incomensurável beleza do Universo e ainda bem, mas sabe-se lá o que anda nas linhas e entrelinhas de Caim,

    pois eu continuo espantado com isto tudo: já viram estes gajos? Um Portugal por mês…

  9. Z

    Eu referi-me ao que está na prédica…E pelo que tenho lido em alguns comentários de quem já leu a “teologia” de Saramago em Caim , esta pouco mais acrescenta à do Evangelho Segundo Jesus Cristo. Assim sendo, estamos conversados.

  10. até pareces zangado Mário, não é preciso ficar, somos livres – eu devo estar bem longe do conteúdo do livro mas tenho que passar os olhos lá antes de falar; quanto à beleza do mundo, concordo; chatos são os sapiens e os mosquitos,

  11. Esta é uma típica situação em que todos têm razão. Só que nem todos têm a razão toda. Pegando no excelente comentário da adelaide, é a imaginação que define a nossa humanidade. Isto é, nós somos linguagem. Somos a capacidade de nos concebermos. Somos, então, o que quisermos ser. Como se diz na antropologia, Edgar Morin, somos o animal a que falta uma última especialização, por isso estamos em permanente procura de nós próprios. Somos um ser em aberto, ou com uma abertura de ser. A nossa essência convoca a nossa existência. A nossa existência é definidora da nossa essência. Enfim, nós somos… a literatura.

    Por isso, duarte, não se trata tanto de Saramago se ter enganado. Não creio, até, que faça sentido apontar-lhe qualquer erro, posto que ele está a expressar uma opinião em matéria subjectiva: a sua descrença. O que faz sentido, para mim, é sugerir que a sua opinião é imbecil. Ler a Bíblia, e a História, com os valores do século XX e XXI é uma aberração. Não foi a Bíblia que matou, torturou e excluiu. Antes da Bíblia existir, existia a violência do homem sobre o homem. O homem animal. O que a Bíblia trouxe de novo, para os povos e épocas em que ela foi influência, encontra-se nos testemunhos daqueles que, por causa da Bíblia, transformaram a violência em amor. Esse não conquistaram reinos nem terras com a espada, mas salvaram muitos da morte, da miséria e da doença. Onde estão eles nas palavras de Saramago? Onde está a chamada para a superação da animalidade e da violência que percorre a Bíblia da primeira à última letra? Quer Saramago esquecer que os contextos históricos e culturais, até de grupo étnico, em que se escrevem os textos não são irrelevantes para a sua retórica, simbolismo e pragmática? Pois louco é ele, se for por esse caminho!

    E outra coisinha. Certas noções que associamos ao humanismo, aos direitos humanos, à esquerda, são impensáveis sem a sua remissão à fonte bíblica. Porque a História é uma tessitura de causalidades. As noções de “pessoa”, começando pela pessoa jurídica e acabando na pessoa psicológica, com as suas características de autonomia, inteligência e vontade, tal como as matérias da liberdade e da verdade, resultam directamente das transformações ocorridas no Direito romano e medieval por apropriação de categorias teológicas. Pelo que, e contra a opinião do Nik, ver um escritor no lançamento de um seu livro com um discurso sectário, ignorante e pretensamente inflamatório, não me parece um contributo de mérito para a nobre causa do ateísmo. Parece-me outra coisa, explicada pelo propósito promocional. É que não se trata só de dinheiro, talvez nem especialmente do dinheiro – mas seguramente que se trata das vendas, da vaidade, da adulação. O mercado também é isso, a “trip” narcísica.

    Mario, muito bem.

  12. Z

    Nem zangado nem enfadado. Aquele «estamos conversados» apenas quer dizer que o discurso de “Caim” já é velho. Não era nada contigo. E mando-te um abraço.

  13. A mim parece-me que o ateísmo do Saramago é o de um verdadeiro crente. Ele acredita que Deus não existe (apesar de não ter provas disso), mas entristece-me ver que acabará os seus dias em tom amargo e zangado com esse deus que não exite e com aquele que nele crêem (apesdar de não terem provas disso). Parece-se, pois, mais com esse Deus furioso e vingador…

    O que Saramago esquece, no meio do seu materialismo marxista é que o homem cria a realidade tanto quanto esta cria o homem. O homem é um criador de universos. Podemo-nos perguntar, como Saramago:”antes, na criação do Universo, Deus não fez nada. Depois, decidiu criar o Universo, não se sabe porquê, nem para quê.”

    O mesmo se pode perguntar sobre a costela criadora do Homem – porquê, para quê?

    Porque escreves, Saramago?

  14. Não somos, cada um de nós não é, um ser em aberto. Estamos, isso sim, numa história em aberto. É esse o drama; a eternidade não está em nós mas na história. No resto, espero por um MINISTRO da Justiça.

  15. Caro Valupi

    Quem teve de estudar a Biblia a fundo, como foi o meu caso, ficou a saber que os seus escritores «inspirados» pouco acrescentaram às filosofias e teologias existentes. POde-se mesmo afirmar que seguiram muito de perto as culturas onde os escritores «sagrados» nasceram e com as quais contactaram. Nem Jesus Cristo foi a «novidade» que se tenta fazer acreditar. Por vezes, a sua figura, e tudo o que lhe é atribuido, é decalcada de mitos com séculos de existência. O que será uma novidade espectacular do cristianismo -agora verdadeiro Evangelho de Saulo de Tarso, ou S.Paulo-é o casamento (feliz) entre a filosofia do homem-espirito de Platão ou Buda e o homem-pó-da-terra do judaismo ancestral. Ao tempo de Jesus e S.Paulo a discussão da «vida para além da morte» era crítica e fracturante entre os judeus. As duas correntes principais confrontavam-se até à pancadaria defendendo a sua dama. Jesus e Paulo eram a favor da ressurreição da carne, isto é, do homem-de-barro (facção farisaica) contra os saduceus que defendiam «comamos e bebamos que amanhã morremos». Venceu o Evangelho de Paulo, entre os cristãos, e até hoje se proclama que os cacos de barro que resultam da nossa morte ainda têm futuro. Costumo dizer que é uma loucura tão grande como pregar Deus numa cruz. De facto, acreditar na ressurreição da carne, dogma fundamental do cristianismo, é acreditar que do pó se fez a identidade de cada um e esta identidade é preservada, sem se alienar do «barro», depois do colapso da estrutura “corporal”. Duro de roer! Bem mais fácil é acreditar que somos um pote de barro que encerra um pequeno fantasma que entra e sai quando quer. Só que, neste caso, se um dia me visses, não saberias se lá dentro estava o fantasma do Mário ou do Cavaco. E porque não o teu? Até que a «figura» falasse…

  16. ah, ainda bem, e ainda bem que conheces bem a Biblia, sortudo. Eu não, que sou preguiçoso, ou então ainda não chegou o tempo. Li com atenção alguns trechos e alhumas remissões, mas foram poucas.

    Gosto deste homem, parece que ele aos 16 anos deu-lhe uma coisa e ficou a perceber sem margem para dúvidas que ele não era o seu corpo, seria o tal fantasminha?, e depois transmitia uma grande serenidade e acolhimento: Sri Ramana Maharshi.

    Agora a mim deu-me uma coisa mas foi com a Mata Atlântica,

  17. mas acho piada ao velhote ter armado num banzé de todo o tamanho, quando podia estar estirado sossegado, a ser massajado, com uma caixinha de caviar ao lado. É preciso ser corajoso para armar esta polémica, imagino eu. Mas portanto acho que é para fazer chuva que já sei o que a casa gasta.

  18. Para alem da inegavel qualidade da sua escrita parece-me que Saramago recorre cada vez mais a uma formula na concepção e promoção dos seus livro.Basta ver a quantidade de excelentes posts e comentarios que gerou.Fez um excelente teaser.Velho como a humanidade.

  19. É pá Mário não é bem assim. Foi a espanhola que o apanhou. O Nobel veio para Portugal mas o dinheiro foi para lá. E são os cunhados que lhe controlam o telefone. Se há coisa que não é o mercado é «sagrado». O mercado é um nojo, basta ver o que está a contecer aos correios ingleses. Dizem que o querem modernizar para fazer frente à DHL e à TNT mas modernizar é dar mais dinheiro aos directores e menos ao carteiros. Depois dizem que os carteiros com as suas greves estão a «rebentar» com a empresa – o mercado. Tudo isto porque pensam no correio como um negócio não como um serviço. Coirões…

  20. JCFrancisco

    Eu nem falei em dinheiro ou negócio, pá! Mas que há gente a falar pro ou contra Deus e deuses porque as falas vão render algum, lá isso sempre houve. Está bem dito, pá: coirões!

  21. à que tu tens do socras. quem te lê e não o conheça há-de achá-lo o máximo , tipo o inocente reis. e não é o máximo. bem longe disso.

    mf.. desculpa è o que estou a pensar ou não, ….. não compreendo muito bem .

  22. Bem, este post demonstrou-me o que eu andava já há um certo tempo a tentar perceber e agora percebi: é que o seu feitor bem como a maioria dos comentadores não passam de um grupo aparentemente progressista.
    Mas de facto, é um grupo certamente supersticioso, além de usar e abusar da velhice como meio de ofenderem aqueles que já atingiram essa fase da vida. Pela minha parte despeço-me, definitivamente, subscrevendo na íntegra as palavras e as ideias de Saramago, que não transportam ódio, mas antes amor pela humanidade que não quer, em geral, como se vê aqui representada, ter a coragem de enfrentar e desmascarar os motivos fundamentais da sua evolução para a estupidez cada vez mais cruel.

  23. calma Manel, bem mas tu é que sabes que eu não quero condicionar ninguém, mas és bem-vindo com a tua diferença, digo eu que sou o romeiro da caixa de comentários. Romeiro mas sabido, que não vá dar um chilique à D. Madalena trago aqui uma almofada presa numa unhinha atrás das costas. mas a D. Madalena de Vilhena não és tu não te preocupes que isto é melhor esclarecer. Nem eu sei quem é.

  24. ui, isto deve ser assim em tanto lado… Impraticável pois então, e quem é honesto é despedido, certo?

    Reis, amigo dos saludos não fiques chateado. Eu agora xonex que já fiz um bocejão.

  25. “subscrevendo na íntegra as palavras e as ideias de Saramago, que não transportam ódio, mas antes amor pela humanidade que não quer, em geral, como se vê aqui representada, ter a coragem de enfrentar e desmascarar os motivos fundamentais da sua evolução para a estupidez cada vez mais cruel”
    se me permites faço minhas as tuas palavras, manutor.

    nos dias que correm, é tão difícil sustentar, como faz o Val, que a Bíblia é só um livro, como há quinhentos anos dizer que ela não passava de um livro

  26. “como faz o Val” ? mas quem sou eu para dizer isto?
    parece-me que se está a tentar reduzir a questão à literatura.

    e o Saramago tem feito afirmações muito mais violentas em relação à religião do que estas.

  27. Valha-me Deus! Tanta prosa bem construída na defesa e na crítica de Saramago, onde me parece que o Nik leva vantagem, mas o que sobressai é a tentação para negar ao autor o direito de fazer a sua interpretação do livro “sagrado”. É que livros e coisas sagradas há muitas, especialmente as que nos questionam todos os dias! Não é difícil encontrar na aplicação e no do entendimento oficial da Bíblia pelos seus construtores ou defensores as maiores barbaridades à luz dos nossos actuais critérios civilizacionais. Temos que ligar ao contexto, aos tempos? Pois sim, mas não é assim também que julgamos comportamentos inspirados noutras verdades “definitivas”? Porquê nesta matéria a constante gritaria de ofensa celestial? E o direito à critica? E o direito que os ateus, os agnósticos têm de analisar comportamentos e filosofias? Pense-se o que quiser de Saramago e de sua Pilar, não parece correcto negar-lhe um direito com a chantagem de perseguir interesses económicos! Parece-me que não é o caso, mas e se o fosse também?
    Valupi é uma máquina a racionalizar, um craque da escrita e do argumento, pontapeia tabus como quem bebe agua. Tem nesta temática o seu calcanhar. O chamado calcanhar de Valupi!

  28. “O Corão, que foi escrito só em 30 anos, é a mesma coisa. Imaginar que o Corão e a Bíblia são de inspiração divina? Francamente! Como? Que canal de comunicação tinham Maomé ou os redactores da Bíblia com Deus, que lhes dizia ao ouvido o que deviam escrever? É absurdo. Nós somos manipulados e enganados desde que nascemos!”

    Com os católicos não há problema, agora com o Corão e Maomé?! Rezo para estar enganado, mas isto ainda vai acabar mal.

  29. Não vai haver nada porque lá na Ilha espanhola os cunhados filtram as chamadas telefónicas e ninguém lhe vai chegar…

  30. Saramago está a lançar farpas a todos os fanáticos, sejam judeus, cristãos ou muçulmanos. Uns são mais perigosos do que os outros… Tens razão Aristes, como acabará a coisa? Os mullahs ainda emitem uma fatwa e mandam um psicopata armadilhado a Lanzarote. Já fizeram isso com Naguib Mahfouz, que era da raça de Rushdie e Saramago. Mahfouz e Saramago têm o Nobel, Rushdie não, por cagufa da Academia sueca.

    Gosto deste velho sacripanta portuga, nobelizado ou não (não gosto do escritor), desde que se declarou iberista. Provocação pela liberdade do espírito, valor eterno e universal.

  31. E já agora porque “nunca digas nunca”, com a devida vénia cito aqui esta citação lida em http://rprecision.blogspot.com/ :
    “Citação do Dia [2]
    Quando uma pessoa sofre de um delírio, chama-se a isso insanidade;
    Quando muitas pessoas sofrem desse delírio, chama-se a isso religião.
    – Robert Pirsig”.

  32. Manutor
    O Robert tem toda a razão! É um perfeito delirio querer viver mais que a conta! E a religião passa muito por aí, não é? Bem, bem, estão os animaizinhos que não atreitos a estes delirios…

  33. Saramago publicita uma leitura primária, preconceituosa, demagógica, deturpadora, redutora e manipuladora da bíblia. E estúpida. Independentemente das crenças de cada um, é esta desonestidade intelectual que está em causa. Como se a bíblia se reduzisse ao velho testamento, como se todas os crentes fossem uma “quadrilha” (termo dele) de gente desonesta, violenta e imoral.

    É nisto que se vê o seu “grande amor pela humanidade”? Saramago nunca foi uma pessoa tolerante e está ressabiado porque, chegado ao fim da sua vida, as coisas não correram como ele tinha idealizado – Saramago é inquisitorial, sim.

  34. quem salvou muitos homens da miséria e da doença não foi deus ( o deus de que fala saramago , o inventado pelo homem , homem sedento de poder ), foram outros homens , muitos deles ateus , que se dedicaram à ciência , até à revelia da igreja , que ainda hoje é reaccionária a muitos anseios da ciência , caro V. não gosta nada de perder poder , o raio da igreja constituida por homens que detestam perder terreno.
    Conste que acho do mais absurdo crentes quererem modificar o mundo que Deus criou para eles : digamos que cada ferida que abrem no planeta Terra é um grito de protesto contra a imperfeição do Deus que os criou. digamos que eu até o adoro , linda a Terra , as árvores e borboletas fascinam-me , chateia-me ter nascido numa estrutura humana que me impede de o disfrutar como ele merece. estou contente com o que Deus criou para mim ( outro Deus , um que espera que de larva me transforme em borboleta , ou seja o estado larvar é natural , não é de ir ao inferno e ficar ) , nada contente com os milhares de insatisfeitos que criou para o partilharem comigo .

  35. e acho que se não mudas e se não deixas de te escandalizar com cenas humanas ainda vais voltar cá como larva. se gostas de ser larva , pronto , é lá contigo. és livre. tens consciência. se não a usas é porque ainda estás agarrado a cenas inferiores : dominar e controlar outros. pelo medo e pelas ilusões. a caverna do saramago é boa nesse aspecto. um irmão maior , o saramago.

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