"Olhando para os cenários pós-eleitorais, os simpatizantes do PSD preferem acordo com IL, PS ou até com o PAN. Uma negociação com André Ventura é uma “má ideia” para dois terços dos simpatizantes sociais-democratas"
Sondagem Expresso/SIC: 64% dos eleitores do PSD rejeitam acordo com Ventura
A ser representativa esta sondagem, e mesmo que o valor indicado fosse só 50%, tal obriga a concluir que a estratégia do PSD de tentar vencer o PS destruindo a confiança nas instituições é imbecil (e antipatriótica).
Podemos imaginar uma História de Portugal alternativa em que Cavaco Silva teria perdido para João Salgueiro em 1985. Talvez o PSD ganhasse à mesma as eleições seguintes, num ciclo longo de poder suportado pela entrada dos fundos europeus, sua distribuição e conversão em riqueza para o Estado e particulares. Mas, provavelmente, não teríamos José Oliveira e Costa e Dias Loureiro, entre outras personagens sinistras do tempo que se colaram a Cavaco na Figueira da Foz. Salgueiro era o caso típico de um alto quadro do Estado Novo que tinha feito uma natural transição para o regime democrático. Trazia competência técnica, sólido currículo político liberal e uma formação moralmente conservadora ligada ao catolicismo. Ou seja, a malandragem não se sentia com ordem de soltura consigo a tomar conta da barraca.
Cavaco permitiu que se criasse o Cavaquistão. A partir dele, todos os restantes líderes do PSD, sem excepção, foram baixando a fasquia da qualidade política dos seus programas e respectiva retórica. Não se aproveita um, por isto ou por aquilo, sempre por falta de acerto com o interesse nacional. E todos a partir de Santana, de alguma forma (inclusive o dúplice Rui Rio), foram coniventes com a judicialização da política e a politização da Justiça. Ventura apenas teve de entrar nesse comboio e juntar-lhe o tempero do ódio às minorias e o teatro da violência.
O PSD tem salvação, mas só se figuras como Jorge Moreira da Silva não desistirem de continuar a verdadeira tradição social-democrata de centro-direita, simbolizada em Sá Carneiro.
Ainda bem que muitos eleitores do PSD não querem nada com “aquilo”. Por outro lado havia por lá muitos que gostavam tanto das ideias daquilo que estão em emigrar para o dito.
O que me sinceramente me admira é que digas que social-democracia seja de centro-direita. Desde quando? Tanto quanto sei, a social-democracia é de esquerda moderada, PSOE, PS, SPD, Labor, etc.
E os últimos dirigentes sociais-democratas do PPD saíram com a ASDI de Sousa Franco e outros desiludidos com a viragem à direita de Sá Carneiro.
Pandil, é tudo relativo. Daí ter especificado que se tratava ainda do “centro”, mas próximo da direita.
Estes conceitos carregam muita complexidade. Numa versão simplista, a esquerda reúne o comunismo e demais correntes revolucionárias, a direita os modelos oligárquicos variados (do poder monárquico ao poder do capital, ou das armas) e o socialismo e a social-democracia dividem o centro em dois hemisférios.
Afinal, o PS é ‘Social-Democrata’, e conta com a ‘Iniciativa Privada’.
ORA OUÇAM:
02 janeiro 2024: “Governo PS e a ‘Mota-Engil’ assinaram o ‘Contrato’, em regime de Parceria Público-Privada, para a construção e exploração do novo ‘Hospital de Lisboa Oriental’ (que irá substituir os atuais hospitais ‘São José’, ‘Santa Marta’, ‘Santo António dos Capuchos’, ‘Dona Estefânia’, ‘Curry Cabral’ e ‘Maternidade Alfredo da Costa’)”.
o garante do funcionamento regular das instituições manifestou simpatia e solidariedade com as reivindicações sindicais das instituições.
Até fiquei surpreendido, neste post e comentários, com o desconhecimento sobre a origem e definição do que é a ‘Social Democracia’.
A ‘Social Democracia’ não se define por ser uma coisa a meio-caminho entre a ‘esquerda’ e a ‘direita’.
A ‘Social Democracia’ surgiu no ‘pós-Guerra 39-45’ como uma ruptura e um projecto alternativo à ideia de «Crescimento Económico e Progresso do séc. XIX».
Tanto o Comunismo como o Liberalismo perfilhavam a ideia de que o ‘governo da Sociedade’ devia ser baseado numa «solução unifactorial». Isto é, ser um factor (concretamente, a economia) a comandar todos os outros factores (social, ambiental, cultural, pessoal) que constituem o funcionamento de uma sociedade. E na crença evolucionista do Progresso e Crescimento (como se fossem um facto certo e inevitável cientificamente comprovado). Ora, a Guerra e as suas consequências puseram fim a essa ilusão materialista, baseada no crescimento económico como panaceia para garantir a vida humana em sociedade.
A ‘Social Democracia’ (como o nome indica) nasce da procura de uma alternativa a esse ‘modelo progressista e crescimentista’. E consolida-se à volta da ideia de ‘Desenvolvimento’, que substituirá gradualmente a de ‘Progresso’.
Com a ‘Social Democracia’ o crescimento económico foi considerado insuficiente para estruturar a vida social de modo a satisfazer plenamente as necessidades e as expectativas humanas. A noção de Desenvolvimento surge e aprofunda-se à medida que se constata a insuficiência do crescimento económico para resolver, de modo global e satisfatório, a organização e a vida humana em sociedade.
A “Social Democracia”, sem menosprezar ou subvalorizar o crescimento económico, passa a considerar outros factores na governação da sociedade. Concretamente, os fenómenos de injustiça e desigualdade social, a desigual repartição e distribuição dos benefícios que o sucesso económico cria, o perigo do esgotamento precoce dos recursos naturais, e a importância do factor ambiental.
Em 1996, o ‘Programa Mundial para o Desenvolvimento Humano’ (PNUD) expressa o conceito de Desenvolvimento do seguinte modo:
“O desenvolvimento humano é o fim, o crescimento económico é um meio. O crescimento que perpetua as desigualdades actuais não é sustentável nem merece ser sustentado.”
“A utilização desregrada dos recursos; degradação contínua do ambiente; o crescimento demográfico descontrolado; a desigual repartição dos benefícios; a assimetria da evolução tecnológica; a desigualdade de oportunidade entre género; o aumento do número de pessoas que vivem à margem da sociedade; o aumento da clivagem entre ricos e pobres, e outros factores deste tipo, não podem estar desligados do crescimento económico como antes da ‘2.ª Guerra Mundial’ e até à atualidade”.
“Os Relatórios do Desenvolvimento Humano foram dedicados, desde o seu começo em 1990, a acabar com a incorrecta avaliação do progresso humano apenas através do crescimento económico. A mudança a favor do desenvolvimento humano sustentável está ainda em criação. Mas, cada vez mais decisores políticos em muitos países estão a chegar à inevitável conclusão que, para ser válido e legítimo, o governo da sociedade tem de ser centrado nas pessoas, equitativamente distribuído, e sustentável ambiental e socialmente.”
Este percurso da noção de Desenvolvimento, que é constitutivo da ideia de “Social Democracia”, pode ser resumido, para não me alongar em demasia, do seguinte modo:
— 1971. A “noção de “eco-desenvolvimento” surge em Junho de 1971 no Seminário de Founex (Suiça).
— 1972. A Declaração da Conferência Mundial do Ambiente realizada em Estocolmo, em Junho de 1972, menciona a necessidade de se proteger a Natureza para que o desenvolvimento das gerações futuras possa ser possível.
— 1983. As Nações Unidas, na Reunião de New York, tentam sem êxito reintroduzir a discussão iniciada em Estocolmo-1972.
— 1984. As Nações Unidas criam a Comissão Mundial do Ambiente e do Desenvolvimento presidida por Gro Harlem Brundtland, com o objectivo de elaborar um relatório sobre o estado actual do Ambiente a nível mundial.
— 1987. O “Relatório Brundtland” designado “O Nosso Futuro Comum” é apresentado oficialmente.
— 1987. O “Protocolo de Montreal” sobre a protecção da camada de ozono é apresentado em Agosto de 1987, sendo ratificado apenas em 1989.
— 1992. A “Cimeira da Terra” (Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento) é realizada em Junho de 1992 no Rio de Janeiro, colocando pela 1.ª vez na agenda da política mundial o Desenvolvimento Sustentável. Através de documentos estruturantes para uma abordagem sustentável do desenvolvimento (“Declaração do Rio” e a “Agenda XXI”).
— 1994. Em Paris é assinada a Convenção Mundial Contra os Riscos de Desertificação.
— 1995. A “Cimeira Social de Copenhaga” acrescenta às duas dimensões iniciais do Desenvolvimento Sustentável (“desenvolvimento económico” e “protecção do Ambiente”) a vertente “social”.
— 1997. A “Conferência de Kyoto” realizada em Dezembro de 1997 apresenta o Protocolo relativo às mudanças climáticas e à necessidade de diminuir a emissão de gazes poluentes para prevenir o “efeito de estufa”.
— 1998. Conselho Europeu de Cardiff. A Comissão Europeia recomenda a adopção de estratégias para integrar as questões do ambiente e do desenvolvimento sustentável nas políticas sectoriais.
— 2000. Em Cartagena (Espanha) é assinado o Protocolo sobre a Prevenção de Catástrofes Tecnológicas.
— 2000. Declaração do Milénio proclamada pela ONU.
— 2000. Em Março, foi adoptado pelo Conselho Europeu, reunido sob a presidência portuguesa, em Lisboa, o objectivo estratégico (Estratégia de Lisboa) para a União Europeia: “Tornar a UE no espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo, baseado no conhecimento, e capaz de garantir um desenvolvimento sustentável, com mais e melhores empregos e maior coesão social”.
— 2002. Entre 26 de Agosto e 4 de Setembro decorre em Joanesburgo a “Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável”.
— 2004. O Desenvolvimento Sustentável passa a considerar a pressão de dois novos factores a nível mundial: a globalização e a urbanização. O lema saído desta integração é “making globalisation work for sustainable development”.
— 2005. A União Europeia consagra a perspectiva ideológica e programática do Desenvolvimento Sustentável no Programa Comunitário de Lisboa/Estratégia de Lisboa (Comissão das Comunidades Europeias, Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu, “Acções Comuns para o Crescimento e o Emprego: o Programa Comunitário de Lisboa”, Bruxelas, 20/07/2005, COM(2005) 330Final [SEC(2005) 981]).
— 2007. Portugal aprova a “Estratégia de Desenvolvimento Sustentável 2015” (Resolução do Conselho de Ministros n.º 109/2007).
— Etc.
A noção de Desenvolvimento foi assim, gradualmente, ocupando o espaço e o estatuto da noção de ‘Crescimento’.
A noção de Desenvolvimento partilha com a de Crescimento a ideia de uma passagem de um estado a outro, com a elevação ou melhoria do nível anterior. Mas difere, ao incluir a componente social nessa mudança. Ou seja, introduz uma componente ‘qualitativa’, e não apenas ‘quantitativa’. Por outro lado, o Crescimento resultava de um determinismo que a Natureza e a Vida impunham à vontade humana. No Desenvolvimento, passa a depender da vontade humana, concretamente de um «esforço comum e conjunto» que obrigava à «mobilização e à participação». Cuja primeira repercussão foi passar a incluir, não apenas as componentes económicas e tecnológicas, mas também o indivíduo e o factor humano. A noção de Desenvolvimento passa a englobar uma ideia de transformação, essencialmente social, e não exclusivamente material. Ou seja: «Social + Democracia».
É este conteúdo programático, e é a substância desta história, que constroem ideologicamente aquilo que se designa por “SOCIAL DEMOCRACIA”.
Que grande lençol .
Em bom rigor, a social democracia, nasceu no século 19, na Alenanha, com Ferdinand Lassale e Eduard Bernstein tendo como meta o socialismo, -no sentido lato da palavr-através do gradualismo e do reformismo, em democracia, por oposição ao activismo revolucionario de Marx e Engels. Teve a sua evolução, e só mais tarde, a partir do pós II Guerra Mundial, assumiu realmente posição de relevo em termos de sistema político com lugar de destaque em termos de governo, designadamente na Alemanha, paises nórdicos e Reino Unido .
ora porra! pensava que a social democracia tinha sido uma invenção do sá carneiro para viabilizar um partido de direita assimilando os fachos rejeitados pela revolução não violenta de abril e que agora estão a sair do armário para a casa onde sempre pertenceram.
prova dos noves ao inorgânico dá movimento zero.
https://twitter.com/acarvalhoramos/status/1753919801687249257
bom trabalho do entrevistador.
Não é o mesmo.
Esse ‘SOCIAL SOCIALISMO’ de Ferdinand Lassale e Eduard Bernstein não é o mesmo (em termos conceptuais e ideológicos) do que a ‘SOCIAL DEMOCRACIA’ do «pós Guerra 1939-45».
Seria o mesmo de dizer, que os ‘homo sapiens sapiens’ lá por terem todos 2% de ADN dos ‘homo sapiens neandertais’ não são uma ruptura na evolução com essa ascendência neandertal.
É neste sentido que refiro a diferença.
Isto é, de que o contexto anterior à ‘Guerra 1939-45’ é completamente diferente do posterior. São dois contextos diferentes.
Evidentemente que há elos de ligação e influências que não se quebraram. E que há sempre algo do passado que transita para o presente e futuro. Mas não é por isso que deixa de haver uma mudança e uma ruptura.
Evidentemente que, no séc. XIX, existiram movimentos e reações que ajudaram a germinar a noção de ‘Desenvolvimento’ ocorrida no pós-Guerra.
Por exemplo, o ‘Romantismo’, na parte em que fez a apologia utópica a um regresso ao passado sem as mazelas e sem os efeitos sociais e ambientais da revolução industrial do século XIX. Ou seja, o desejo e a concepção de uma Vida e de uma Sociedade protegidas e preservadas dos efeitos daquela mudança. E, portanto, a ideia de que o crescimento e a visão quantitativa (apenas positiva e racional) eram insuficientes, e tinham efeitos que necessitavam de ser ponderados nas soluções para o futuro.
Ou, também, todas as ideias alternativas ao ‘Evolucionismo’, ao permitirem relativizar as diferenças sociais e culturais. Quebrando, com isso, o elo causal, linear e cronológico da inevitabilidade «do simples ao complexo», «do antes ao depois», «do Outro ao Nós». Conferindo às ‘diferenças’ e às ‘diversidades’ a mesma importância e valor no plano de uma mesma Declaração dos Direitos Humanos, deixando de estarem umas em cima e as outras em baixo.
Nas ciências sociais surgem, o DIFUSIONISMO, com Robert Graebner (a introduzir em 1904, pela primeira vez, a noção de “áreas culturais”). William Rivers, após a expedição da Universidade de Cambridge de 1898-1899, a verificar que os Papuas da Nova-Guiné alcançavam resultados nos testes psicológicos idênticos aos jovens ingleses que frequentavam aquela universidade. A publicação em 1887 do artigo de Franz Boas, “Museums of Ethnology and their Classification”, em que critica a expografia evolucionista dominante, e propõe uma apresentação das colecções por “áreas culturais”.
O FUNCIONALISMO pioneiro de Richard Thurnwald, ao privilegiar o contexto psicossocial para explicar as características das diferentes culturas. E depois, os contributos de Radcliffe Brown e B. Malinowski.
O CULTURALISMO de Ruth Benedict, A. Kardiner, R. Linton e Margaret Mead.
O SOCIOLOGISMO de E. Durkheim. Com Marcel Mauss a apresentar em 1905, pela primeira vez, a análise de uma sociedade como um facto total em “Essai sur les variations saisonnières des sociétés eskimos”; e depois, em 1924, com o famoso “Essai sur le don”.
O SIMBOLISMO, a partir de 1920, com o método iconológico proposto por Aby Warburg, tendo por base o seu trabalho de campo entre os Índios Hopi em 1896, que deu origem ao famoso projecto de arquivo visual mundial designado Mnemosyne.
E podíamos continuar com exemplos no domínio da arte, ciência ou filosofia.
Evidentemente que todos estes movimentos e reações tiveram influência naquilo que veio depois do ‘pós-Guerra 1939-45’. Todavia, não foram o momento nem o contexto de autoria da atual ideia de ‘SOCIAL DEMOCRACIA’.
Por isso é que escrevi, “teve a sua evolução” e “só mais tarde” etc. … Leia a parte final se faz favor.
O Galambino voltou para fazer pantomina .
Também eu podia fazer, por exemplo, escrever que um gajo pode não ir trabalhar e se for por poucos dias, nem precisa de atestado médico prévio, foi invenção do Costa para agora, com medo de levar um banano em público sem que nenhum policia lhe acuda, possa ser politicamente utilizado como insubordinação gravissima.
O mesmissimo idiota que escreveu lá para trás, que o subsídio foi bem atribuido porque o novo sec geral do PS indicou o domicilio fiscal. É cada uma …