Nas muralhas da cidade

«Por estes dias, um vice-presidente do Chega, em pleno Parlamento, fotografou um insulto que tratou de produzir dirigido à deputada Joacine Katar Moreira, insulto esse difícil de reproduzir. A palavra “descolonizar” é tapada parcialmente para que surja aos olhos de todos o calão ofensivo que os misóginos atribuem às vaginas e, assim, o putativo futuro deputado inaugura na casa da democracia o mais vil ataque racista e misógino à deputada, ao Parlamento e ao regime.

[...]

Sabemos que aquele ataque a Joacine Katar Moreira era impensável antes de haver Chega, não porque não houvesse liberdade, mas precisamente porque havia respeito pela nossa liberdade.»


Racismo — alimentar o ódio, nada fazer ou continuar a luta

15 thoughts on “Nas muralhas da cidade”

  1. O insultos do Chega não surgiram do ar. Se cidadãos se sentem insultados por serem considerados intrínsecamente racistas, homofóbicos, xenófobos, misóginos e anti-democráticos não surpreende que uns quantos percam a cabeça e passem a utilizar o insulto como arma de propaganda e publicidade política, exactamente como fazem os seus adversários. Quando alguém começa a cavar um buraco, aparece sempre mais um para a ajudar a cavar mais fundo.

  2. O racismo, onde quer que se manifeste, com maior ou com menor elegância, será sempre condenável. Para que seja combatido eficazmente, pressupõe um debate lúcido e fundado em conclusões objetivas e não inquinadas de entusiamos políticos – chamemos-lhes assim… – ou de aproveitamentos com motivação eleitoralista, à direita ou à esquerda.
    Refleti, extensamente, sobre o assunto em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/06/racismo-o-homem-cor-de-rosa_26.html, que convido a visitar e a comentar, se quiser dar-me esse gosto.

  3. “O insultos do Chega não surgiram do ar.”

    claro que não, foram feitos por um dos representantes da escumalha que tu defendes, cuja cidanania está bem espelhada no acto que praticou. prontes, agora podes ir fazer queixa de mim ao teu padrinho kilomacho que ele consola-te com um corneto para comeres com a testa.

  4. A boçalidade é sempre incomodativa mas muito sinceramente o chega nunca passou de um saco de gatos de descontentamentos sem qualquer base programática sólida como por exemplo os movimentos nacionalistas que também nasceram da desigualdade social no início do século XX. E mais uma vez estamos a falar do pouquíssimo período de tempo em que a nossa civilização caminhou no sentido de cumprir os valores da Revolução Francesa. Mas é bom não perder de vista que o chega nasce como um movimento para correr com Rio do PSD. Com 4 programas políticos em 2 anos de existência. Depois de começar por querer oferecer as escolas de borla aos professores. E que na minha opinião até já começou a desinsuflar. O Chega só veio dar voz a alguns grupos de burgessos que sempre existiram na sociedade portuguesa. Burgessos por baixo e corruptos como os sponsors por cima

    Preocupa-me muito mais não só o crescimento mais sustentado da IL como a latosa de surgir um partido eminentemente neoliberal depois do crash de 2008?! E da mentira da bancarrota contada tantas vezes em Portugal. Com uma proposta de taxa única no IRS que só resultaria na mesma lei da selva de sempre. Em que já vivemos hoje a nível global sem qualquer governação global. E que mais tempo caracterizou a nossa civilização. Manda quem pode e obedece quem deve e infelizmente e até a escravidão se refinou ao longo dos tempos. Por mais que também goste de se esconder por trás dos valores da nossa revolução liberal que todos subscrevemos. Quando à IL interessa sobretudo o liberalismo económico, um termo tão tóxico depois do crash de 29 que teve que mudar de nome para o tal neoliberalismo que se pretendia um liberalismo mais regulado. Até todos sabemos quando. Não foi por acaso que o último grande crash que conseguiu transformar a montanha de dívida privada na montanha de dívida pública que todos trazemos às costas só rebenta nos EUA depois da revogação de uma das últimas leis de Roosevelt. Que separava muito bem a banca de investimento da banca comercial.

    Até para evitar que figuras como o líder da IL, que nem pode ouvir falar em impostos, assim que chegou à holding do BPP falido pedisse aqueles milhões todos ao Estado…Ou organizasse aquele arraial manhoso – com os arraiais proibidos no auge da pandemia – para emanar um sentido de liberdade falso e ganhar uns cobres taxando as barraquinhas. Os impostos são um assunto muito sério na nossa comunidade e continuam a ser a melhor forma de distribuir a riqueza e assegurar justiça e mobilidade social para todos. Ainda há dias ouvia uma vice da IL a dizer na televisão que em Portugal não há um serviço universal de saúde. Infelizmente ninguém lhe perguntou por esse serviço na meca do neoliberalismo. Sempre com o mito que há estado a mais em Portugal quando todos os indicadores comparativos com as maiores economias europeias dizem precisamente o contrário. E desde o número de funcionários públicos aos apoios sociais. Portugal precisa de voltar a qualificar muito mais toda a Administração Pública ao contrário do que diz a IL. Porque por mais válido que também seja todo o sector privado quem define um país é a sua Administração Pública. Ou qual seria o impacto desastroso desta pandemia numa Europa sem estado Social? Basta olhar para as zonas do globo mais pobres que nem capacidade têm para fornecer indicadores. Ou para a India nos piores surtos. Ou mesmo para o desastre dos EUA por mais milhões que tentassem injetar à presa na economia e no negócio da saúde privada.

    Portugal também precisa de persistir no seu grande de esforço de aumentar a qualificação de todos os portugueses para acabar com movimentos como o chega. E conseguir disseminar finalmente o ensino superior por quase todo o território já foi um grande avanço. Assim como a aposta da ciência nas últimas décadas da qual já estamos a recolher frutos. Porque num país com tanta falta de investimento público e privado, só daí surgirão boas ideias para continuarmos a transformar estruturalmente a nossa economia. Para algo com que a Múmia nem conseguia sonhar quando chamou aquele guru do marketing para transformar a nossa economia… E também precisamos de continuar a reforçar o nosso estado social na medida possível da mochila da dívida que o neoliberalismo nos pôs às costas. Para também acabarmos com os descontentamentos que depois vão desaguar na banha da cobra do chega.

  5. Caro Valupi tive o gosto de ouvir hoje a intervenção de Joana Marques no programa As 3 da Manhã cujo título é Os nossos filhos andam a dançar funk. Como não sei se ouviu aconselho que ouça pois aquilo é a intervenção ao vivo num canal de YouTube de uma mãe a quem foi “roubado um filho para o socialismo”. É de ir às lágrimas até porque a senhora em causa foi às lágrimas emocionada com o que as escolas andam a fazer “às nossas crianças”. Dançam músicas funk nos recreios com letras pornográficas, há escolas a passar todas as semanas um filme pornográfico mas o pior de tudo é que há filhos que se estão a afastar dos pais por aderirem a ideias socialistas. Portanto já não são os comunistas o lobo mau mas sim os socialistas. Há comentários aqui que se parecem em tudo com a intervenção da referida senhora, respeitando os verdadeiros dementes, tenho que dizer que há que ter cuidado que isto mas está a parecer um vírus que se instalou em certos grupos sociais pior que o da COVID.

  6. ora bem, já que não consigo ler o texto e continuo a não perceber o contexto, vou à minha cuca fazer uma aproximação ao que poderá ser. no mundo colonial, e nessa representação de África, ser mulher branca ou preta é algo categórico – e isso importa muito mais do que qualquer outra pincelada particularizante. como dizia, ou diz, a Isabela Figueiredo, as pretas não eram sérias, as pretas tinham a cona larga, as pretas gemiam alto, porque as cadelas gostavam daquilo. não valiam nada. as brancas tinham a cona sagrada. e estreita. mas que também era fodida.

    ora agarrar nesta realidade colonial e metê-la no saco da misogenia é imbecilidade, mesmo não esquecendo de que desvalorizar a mulher negra é potencializar o recalque da mulher branca. isto é gostar de foder mulheres em geral, portanto, o oposto de misoginia. quando muito, como diria o JRD, dará um conto de fodas.

    fazendo a ponte com o texto que não li, se se trocar cona pelo – o calão – pela designação anatómica do canal que conduz ao colo do útero e que se abre na vulva, vulga vagina, passa a ser diferente?

  7. Não sei o que o cretino do Chega disse, mas, sabendo nós que merda é o produto por excelência produzido pela sua pocilga, só pode mesmo ter dito merda, a única coisa que aquela boca produz, em esforço hercúleo para não ficar atrás do provocador infiltrado parvalhatz, seu irmão gémeo e cretino residente deste pardieiro.

  8. sendo certo que nunca ouvi o termo , é óbvio que para ser considerado misógino terá de ter o significado de tirar os humanos com crica de algum lado , suponho que será do parlamento , não havendo perigo de ser uma espécie de “manifesto scum” ao contrário , digo eu . não se percebe como não se percebe….ó pá.

  9. Mjp, agradeço a sugestão. Ela está a gozar com uma pessoa que aparece radicalizada mas cuja situação mental é, muito provavelmente, do foro clínico. É uma mãe, quiçá influenciada pelo marido, a ter de racionalizar o seu afecto e responsabilidade pelos filhos com a manutenção da relação matrimonial e parental em casal. Ou seja, trata-se de uma fuga em frente, daí ter perdido a noção do ridículo ou qualquer cuidado com os factos e a verdade acerca dos mesmos.

    A Joana Marques tem mérito profissional no que faz, pois é muito difícil o humor e 10 vezes mais difícil para as mulheres. Mérito ainda maior por estar a fazê-lo na Renascença. Reconhecendo o seu valor, não sou fã do seu estilo e critérios cívicos.

  10. Sendo um problema de saúde mental então teria de pensar que juízes negacionistas, manifestantes negacionistas que afrontaram o Presidente da Assembleia da República, um tal de Olindinha que fez um dos comentários mais soezes que por aqui vi às 21 horas de ontem estão todos com a saúde mental em cacos. O Valupi parece-me mais preparado que eu para avaliar possíveis perturbações do foro da saúde mental mas não posso concordar consigo. Está gente está boa da cabeça uns serão mais frágeis na argumentação no caso da senhora do Youtube, mas o juiz , a negacionista que institucionalizou a expressão “as nossas crianças” e o Olindinha não lhes reconheco fragilidades nem doença. Joana Marques não faz humor faz críticas sociais , ferozes sim , mais próximas do humor inglês a que Portugal não está habituado. Mas aqui já é uma questão de gosto e não contesto o seu “não gosto”. Obrigado pelo seu comentário. Vou meter uma cunha: acabe com o Olindinha.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *