Falar de Ventura sem falar de Passos é branqueamento. Não foi Ventura que obrigou Passos a aceitá-lo como candidato autárquico do PSD em 2017. Não foi Ventura que impôs a Passos o palco de Loures para se ensaiar, pela primeira vez em democracia, um discurso racista, xenófobo e securitário com a chancela de um partido que votou a Constituição e suas sucessivas revisões. Foi Passos quem decidiu, por estar na oposição e não aceitar esse resultado, que era oportuno deslocar o PSD para o discurso do ódio instrumental aos bodes expiatórios que servem de alvo para os ignorantes, os impotentes, os desesperados. Se resultasse em Loures, o seu PSD ganharia um braço armado que poderia ser usado noutros pontos do mapa onde os mesmos ingredientes populistas prometessem ganhos eleitorais.
Falar de Ventura sem falar de João Miguel Tavares é branqueamento. O discurso anti-sistema tem como racional a teoria da conspiração que faz da corrupção o mal supremo da Grei. O caluniador profissional que se iniciou na imprensa a escrever textos sobre filmes, e que assina as suas opiniões como “jornalista”, teve a sorte grande de ser processado por Sócrates como reacção a um exercício calunioso. A partir daí, especializou-se nesse filão por haver muito dinheiro a ganhar com o ódio tribal ao PS e com os assassinatos de carácter respectivos. A necessidade de manter o negócio e a obsessão alimentada nesse ecossistema financeiro e fanático levou-o progressivamente a expandir a teoria, tendo acabado por declarar repetidamente que a corrupção tinha como origem a Assembleia da República, onde se criam as leis que protegem os políticos corruptos, e como executantes dos crimes os governantes que sacam milhões, e ainda como cúmplices os Presidentes da República sucessivos que se limitam a assistir calados (por também estarem a meter no bolso algum, é a fatal inerência). Só se salvam alguns procuradores e alguns, raríssimos, juízes – aos quais aplaude que cometam crimes por ser necessário combater a corrupção dos políticos protegidos pelos deputados que fazem leis corruptas, restando só aos magistrados terem de violar as leis para denunciarem os bandidos. O módico bom senso – que digo, bastariam vestígios de senso comum – faria prever que esta personagem teria uma passagem meteórica pela comunicação social profissional. O contrário aconteceu pois a indústria da calúnia tem público e dinheiro para gastar com as suas vedetas – todas de direita ou ao seu serviço, fica a curiosidade. E depois veio o impensável, Marcelo usou a Presidência da República para dar honras de Estado exclusivíssimas a quem tinha no seu currículo apenas e só a perseguição a Sócrates e as calúnias que atingem toda a classe política. Este caldo dissoluto e alucinado, que se encontra em diferentes tipos e graus da Cofina à Clara Ferreira Alves, do Observador ao Manuel Carvalho, do José Rodrigues dos Santos ao “Governo Sombra”, já existia anos antes da entrada de Ventura no palco. Ele apenas lançou fogo à colossal lenha que outros amontoaram, e continuam a amontoar, à espera disso mesmo.
Falar de Ventura sem falar de Rio é branqueamento. Conviver com um presidente do PSD que prometeu “banhos de ética” e reposicionamento ao centro, e que na primeira oportunidade não só normaliza como se alia a quem ataca a democracia e os direitos humanos, obriga a tomar posição. Fingir que não está a acontecer, abafar, é antinómico tanto para jornalistas, como para comentadores, como para uma certa pessoa com o estatuto de antigo presidente do PSD, de actual Presidente da República e de candidato a um novo mandato. Esse facto novo de Rio ter sido tão volúvel perante um oportunista que congrega saudosos do salazarismo e do nazismo está inscrito na realidade política. Não se entende Ventura, então, sem compreender a tragédia de Rio.
Falar de Ventura sem falar de Cavaco é branqueamento. O apoio de Ferreira Leite, de Maria João Avillez e de Cavaco à aliança do PSD com o Chega expõe esta elite a uma luz que nunca a atingiu por terem estado protegidos, durante décadas, pelos impérios de comunicação e pela decência da esquerda. Assim iluminada, na evidência de olharem para Ventura e começarem a salivar com a tentação do poder, esta gente tão séria – mas tão séria que outros teriam de nascer duas vezes para serem honestos como eles – revela que na sua essência não passam de reles e imorais videirinhos.
Falar de Ventura sem falar de Trump é branqueamento. Ventura copia Trump e outros modelos de tiranetes com sucesso eleitoral em democracias ou à procura dele. Por sua vez, Trump vai ficar não só como o pior presidente dos EUA de sempre como, muito provavelmente, será julgado como traidor e rei louco. Se não for nos tribunais, se não for num hospício, será na História. Ventura decidiu vender a sua alma a esse ogre na lúbrica e fáustica cobiça de explorar indivíduos vítimas da alienação e perseguir indivíduos vítimas da miséria.
Falar com Ventura sendo-se Marcelo acabou em branqueamento. Não foi capaz de lhe dizer quão inaceitável, quão indecente, quão abjecto e quão perigoso Ventura é para todos os que comungam dos valores que Marcelo alega defender. Não foi sequer capaz de lhe dizer que, na sua opinião de católico, talvez Deus não esteja a achar muita graça a isso do Ventura reclamar ser um eleito divino com a missão de se tornar no próximo ditador de Portugal. Em vez disso, Marcelo violou o protocolo de Estado e a sua integridade como Presidente ao usar num debate eleitoral informações relativas às conversas sigilosas que manteve com o deputado Ventura no âmbito da autoridade regimental de que foi investido pelo voto soberano e pela Constituição. Isso fez de Marcelo um simétrico de Ventura: um Chefe de Estado que em privado, com cafezinhos e bolachinhas, tem a mais cordial das relações com o carrasco dos pretinhos que chegam à Europa com o último modelo de telemóvel na mão para nos roubarem os subsídios, e que em público é capaz do vale tudo para conseguir atingir um adversário e tentar safar-se de um ataque político fútil.
Para explicar o fenómeno Ventura é obrigatório não branquear a pessoa e o papel do Presidente Marcelo. Tristemente para a direita portuguesa, desgraçadamente para todos nós.
Como já se percebeu, o Ventas é uma fabricação dos mérdia, proveniente do PSD e que tem a função de capitalizar eleitorado facho disperso que não se revê no Celinho, no Rio ou no Chiquinho.
Estes potenciais eleitores acham que os palhaços em questão não estão a conseguir aproveitar convenientemente as deixas que a Comunicação Social lhes poisa no colo, por isso apostam no fala-barato para que ele parta a loiça toda.
Ninguém está interessado em saber qual é o projecto político desta besta, apenas querem alguém que consiga ir às trombas ao Costa e destrone os xuchas para que, finalmente, possamos voltar aos saudosos e idílicos tempos do Passos da troika.
Claro que as forças de direita precisam deste ventilador como de pão para a boca porque estão a ver o Celinho a perder algum do ar que lhe tem sido insuflado pelos mérdia.
Não esqueçamos que estamos perante mais uma oportunidade de ouro para que os mesmos do costume possam abocanhar um pote especial, recheado como nunca com malhões da UE e, mantendo a narrativa vencedora de sempre, culpar os xuxas da dívida, do défice, etc.
Aposto estes 2€ que tenho no bolso que, desta vez vão c’os porcos, finalmente, Segurança Social, Serviço Nacional de Saúde e o resto que sobrou do último ataque Passista
Ah, já agora, fiquem descansados que a Padaria Portuguesa vai tomar conta de todos os espaços que ficarem vagos após as falências em massa que se avizinham. Sempre poderão contribuir para a fortuna do Dias Loureiro enquanto bebem café e falam do Jorze Zesus.
Valupi.
Como é” fonte geralmente bem informada ” não quer explicar à malta a cena do procurador Guerra, é penso que não só eu que ainda não percebi nada !
Zé do Mar : vê na íntegra a inquirição à Min, da Justiça e depois da sessão de barba e cabelo que ela faz à oposição, só não percebes tudo se fores pó ou pedra ! Que gente fraca,estes boateiros manhosos.
Sousa é o que sempre foi: só para ingénuos acreditarem.
Enquanto o Ventura vai e vem folgam as costas do governo e do PS . Quando a coisa começa a ficar preta lá saca o Valupi do Ventura para entreter a malta aqui da chafarica.
é isso mesmo ,tem um elefante na sala , mas dá-lhe com a mosca ventura. calhava bem umas tiradas sobre república e as suas famílias nobres de condes , marqueses e prostitutos , embrulhados num papel grego de degeneração de sistemas.
Malta, a maior virtude do venturoso é provar, finalmente, que mais de três quartos do eleitorado do CDS era afinal salazarista. Paulinho das feiras incluído, escusado será dizê-lo…
E agora esse eleitorado já tem onde votar e perdeu enfim a sua vergonha.
Bravo, seu andré!
Agora só falta a IL começar também a roer lentamente os destroços do PSD para ficar provado que este Partido-erro de “casting” nunca na sua vida foi social-democrata, excepto talvez naquele engano de alma ledo e cego dos tempos de Sousa Franco e Magalhães Mota que a fortuna do sá-carneirismo/soares carneirismo (felizmente frustrados) não deixou durar muito…