A insustentável leveza dos filmes do senhor procurador
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ADENDA
Pulhas e broncos (esses estados tendem a aparecer juntos, simbióticos, mas também existem especímenes puros) têm agitado o caso Watergate como justificação para os crimes cometidos por agentes da Justiça, jornalistas e empresas de comunicação social ao violarem o segredo de justiça e, agora, ao violarem direitos fundamentais dos acusados e de testemunhas na “Operação Marquês”. Tudo estaria a ser feito à americana, garantem, imitando o melhor exemplo do jornalismo de investigação inscrito na História. Ai, sim?
No Watergate, o jornalismo denunciou uma situação em que o Estado de direito estava a ser violado inaudita e gravemente. Enfrentando pressões do poder político governativo, a imprensa cumpriu-se como baluarte dos valores que associamos à civilização onde queremos viver: democracia, legalidade, coragem, liberdade. Por causa desse serviço público em nome da comunidade, as instituições dos EUA puderam punir os responsáveis e restabelecer a ordem constitucional.
Na “Operação Marquês” faz-se apenas uma exploração mediática do aparato judicial à volta de José Sócrates, principalmente, e de quem mais tenha sido apanhado no processo e sirva para atacar Sócrates e/ou o PS. A Justiça reuniu recursos colossais para tratar do caso e as decisões judiciais têm sido na sua quase totalidade contrárias às pretensões da defesa. Inclusive, temos direito a um juiz de instrução que declarou publicamente o seu asco contra o então arguido à sua responsabilidade. As informações que invadem o espaço público transitam quase todas do próprio Ministério Público através de uma imparável actividade criminosa no seu seio. As empresas de comunicação social para quem o caso é uma fonte de receitas e de combate político não fazem investigação pois já nada há para investigar – ou nunca houve. O exemplo dos casos passados a envolverem Sócrates em matérias judiciais, nos quais nunca foi constituído arguido mas que continuam a servir para campanhas de assassinato de carácter e para teorias da conspiração, é elucidativo do que agora também se passa. Estando esses processos (Freeport, Licenciatura, Casas na Guarda, Cova da Beira, sei lá que mais) à disposição de quem os quiser consultar, não foram reabertos nem apareceram quaisquer demonstrações de irregularidades na sua investigação e desfecho. A imprensa portuguesa, aliás, não nos oferece a menor recordação de ter sido autora de investigações relevantes, sequer sugestivas, acerca da tal corrupção que tudo invadiu desde 2005 e que só foi interrompida em 2011 graças à gente séria do PSD e CDS, como dizem os caluniadores profissionais a ganharem o pão com o suor da sua canalhice.
Se calhar, os bravíssimos jornalistas que dependem da actividade criminosa para mostrarem serviço poderão lamentar-se de não ter existido uma “Garganta Funda” no período socrático, daí nada terem descoberto. É uma hipótese. A outra remete para certas convivências e práticas “Por Detrás da Porta Verde”. Verde de BES, um filme obsceno acerca das orgias entre a finança e os jornalistas do qual nem sequer o trailer é do conhecimento público.
nos usa josé sócrates nunca chegaria a cargos de governação : seria investigado muito antes pelos media , assim que perfilasse o nariz. aqui é que depois de casa roubada trancas à porta.
poizé ò iôiô, o trump nunca governou, nem sequer foi presidente dos usa.
claro , claro , mas o trump era empregado nalguma autarquia? pertenceu a alguma jota? fez carreira na política ? fez segredo das merdas que fez? quem votou nele sabia muito ao que ia , nunca fingiu nada.
“Até o pensamento criminoso de um bandido é maior e mais nobre do que todas as maravilhas do céu”, dizia Marx. Preparemos a chegada do Belt and Road com o qual o Partido Comunista Chinês vai acabar com o Direito capitalista e transformá-lo em Direito socialista. Os “arietes” estão sendo lançados como isco sob a forma de investimentos ao serviço da revolução e ai dos que mijem fora do penico, pena de morte ou prisão perpétua.
É bom que comecemos a pensar no jornalismo quase como uma idiossincrasia que ficou no sec. xx. Então o verdadeiro jornalismo de investigação…