Delatores e quejandos
Bufos, chibos e delatores pertencem a uma mesma realidade subterrânea, ainda que delator se queira agora fazer passar por palavra redentora. É da história que nunca o serem bufos, chibos ou delatores lhes trouxe dignidade, e, muito menos, à justiça quando desta foram apaniguados.
Nas páginas digitais do Conselho de Prevenção da Corrupção e da Procuradoria-Geral da República existem espaços em que qualquer cidadão, mesmo de forma anónima, pode denunciar o que lhe aprouver. Lamentavelmente, não se sabe para que têm servido ao longo dos anos. A opacidade que rodeia estes pretensos instrumentos de combate à corrupção e crimes afins permitem ajuizar da sua irrelevância. Presumo que sejam sustentados por delatores morais, em tudo idênticos àqueles justiceiros que vagueiam pelas caixas de comentários dos média.
A justiça tem um preço ético e não é quando se abdica dele que se torna mais eficaz. Todas as reformas que cedem à demagogia da eficácia serão sempre passos para novas cedências.
sim, sim. acontece que o preço ético da justiça é caro demais para o povo , só os ricos o podem pagar . aliás , deve ser por isso que as instâncias de justiça fazem logo uma selecção à priori de quem apanhar ( pretos, mal vestidos , do bairro da lata , marginais , etc , etc) , os mais baratitos . ai , as desigualdades , os ricaços precisam de bufos e népia , não pode ser ; os outros só precisam de policia na rua , já dá.
De facto, surpreende o uso da palavra “delação” que tem uma conotação pejorativa e que significa o desvio ou a instrumentalização malévola da “denuncia”, esta ultima sendo uma palavra neutra e que pode ter uma conotação positiva. Lembro que a denuncia é por vezes, moralmente, e mesmo juridicamente, uma obrigação. Basta pensar na denuncia de maus tratos a menores. E’ raro a palavra “denincia” ser usada na lei. Julgo que no Brasil não é. Em Portugal não sei. Se é proposto, é uma obvia fraqueza da proposta…
Não vou discutir o tema aqui, uma vez que a agenda deste blogue cinge-se à reabilitação de um antigo primeiro ministro, pretensamente injustiçado algures no século XIX (acho eu), de modo que o assunto apenas suscita por aqui histeria e impropérios, mas surpreende-me que o autor do blogue citado, que normalmente tem juizo, alguma cultura juridica e muito discernimento, não veja que o assunto tem um bocado mais que se lhe diga.
Boas
Que saudades do Boas!
Viegas: mesmo que tivesse aproveitado o tempo em alguma coisa útil, e não o fez, o gajo não dominaria nada de Direito mas é especialista na frequência do consultório do Endireita que aqueles bicos de papagaio não lhe dão sossego.
«…mas surpreende-me que o autor do blogue citado, que normalmente tem juizo, alguma cultura juridica e muito discernimento, não veja que o assunto tem um bocado mais que se lhe diga.»
Ó Viegas, e pq não considerar a hipótese de o “autor do blogue citado” ter experiência de vida e capacidade para interpretar o mundo dos homens que os produtos de “aviário” que por aí opinam, como tudo indica ser o seu caso, nunca alcançarão ?
Quem conhece o Dilema do Prisioneiro sabe bem a razão pela qual a Justiça recuperou a palavra “delação” e de seguida estabeleceu que: quem trair o que o ajudou a roubar, tem direito a um prémio chorudo, acima dos prémios normais de acusação…