Ganda moca, RAP

No país minúsculo que somos, há famosos mas quase nenhuma estrela. À escala internacional, temos uma celebridade (Guterres) e duas estrelas (Cristiano e Mourinho). Por cá, só existem três estrelas: Marcelo Rebelo de Sousa, Cristina Ferreira e Ricardo Araújo Pereira.

O Ricardo já foi de esquerda. Actualmente, é um alegado e displicente votante na CDU que dedica o seu talento artístico a atacar o PS. No Governo Sombra e no Gente Que Não Sabe Estar está rodeado de caluniadores profissionais em cuja companhia faz desses programas contínuos tempos de antena de uma campanha negra. Um levantamento quantitativo e qualitativo do que o Sr. Araújo tem dito enquanto profissional do espectáculo desde que lhe foram ao bolso no BES mostraria que Sócrates e o PS se tornaram para ele os temas obsessivos para imparáveis variações da cantilena “os socialistas é só ladroagem”. Ora, um fanático não tem graça nenhuma. O atrofio da inteligência e a pulhice não têm, não podem ter, graça alguma.

Depois de ter achincalhado pessoas que foram condenados a penas de prisão, depois de ter envolvido crianças no simulacro da violação anal de um juiz, depois de andar a parasitar e deturpar gravações de cidadãos que prestaram declarações juramentadas sem poderem defender-se do uso humilhante a que ficaria sujeita a sua imagem e palavras, chegou a vez de Cavaco. Nunca saberemos quão longe se poderia ir na gozação desta sinistra figura pela simples razão de não haver quem goze com ele. O que se viu no passado domingo na TVI confirma e consolida essa blindagem. Em vez de apontar ao responsável político, à intencionalidade da sua intervenção no espaço público, o Pereira das piadolas resolveu satirizar os sinais de senectude. O Cavaco-múmia foi usado para arrancar risos boçais da plateia, com isso conseguindo-se esconder o que pretende, e o tanto e tão grave que fez, o Cavaco-chefe-mor da direita decadente. Mas talvez o mais degradante tenha sido ver a nossa estrela a usar o território da velhice, e seu rol de desgraças corporais e mentais, como alvo de humor persecutório e estigmatizante.

A postura do RAP está fundamentalmente marcada pela pulsão da violência. O humor que actualmente cria não passa de um sistemático exercício de agressão, sem qualquer ligação com o estilo inicial dos “Gato Fedorento” – onde se celebrava um património comunitário e se acarinhavam as caricaturas e sua humanidade. Agora, cada rábula, cada boca, procura ofender, procura ferir. Há um inimigo e tem de ser desumanizado. Ofereceu porrada ao Neto de Moura e, simetricamente, teme reacções violentas ao que vai apresentando. Pelo meio, sabe-se protegido pelo seu estatuto mediático e pelo próprio regime. Sente que vale tudo, que se pode vingar, que a audiência papa a gargalhar qualquer cocó que ele faça em palco. Deixou de ser comediante, transformou-se numa moca de Rio Maior com pernas.

9 thoughts on “Ganda moca, RAP”

  1. chateadinho com a imagem que o RAP mostrou do Constâncio ???? que nojo de homem, nunca imaginei que fosse tão feio porco e mau.

  2. O segredo do sucesso dele está mesmo no riso boçal da plateia.
    Valupi, não há duvida, às vezes és mesmo o maior.

  3. O pantomineiro quer fazer crer que, tal como os reaccionários extremistas, que a culpa do que se passou e passa ainda nos bancos é dos socialistas do PS.
    Era inevitável esse caminho que tomou pois, depois de atribuir todos os males que há no mundo ao Sócrates, tinha de chegar à conclusão que também o dinheiro que perdeu no BES afinal, também foi o mesmo diabólico personagem o culpado.
    E os embasbacados letrados e boçais que lhe batem palmas mesmo antes de abrir a boca, agora parece economizar e até prescindiu deles e mete palmas de mortos em arquivo, comem toda a papa merdosa, insultuosa e reaccionária que o engraçadista pantomineiro bolsa pelas falinhas mansas de pulha abusador da individualidade de gente que não lhe apara e topa a sua falsa ”grandeza”.
    Nunca foi, para mim, um comediante sério e logo quando se iniciou de vendedor corrupto dos anúncios inverdadeiros da PT a sua degradação intelectual foi sempre em crescendo no sentido de tudo vender para ganhar a vida.
    Voltando ao seu gozo em achincalhar os políticos e acusá-los de culpados dos negócios dos Bancos e, consequentemente. do muito dinheiro que perdeu no BES (porque já tinha muito e mais do que perdeu), certamente, ganho a gozar alarvemente, injuriar e insinuar acusações a outrem.
    Contudo o golpe do palhaçeiro é esconder a sua ganância. Porque foi ele meter o dinheiro no BES quando este, falido, pagava juros exorbitantes relativamente aos outros bancos?
    Porque para a ”eminente” inteligência que lhe é atribuída seria suficiente para perceber de golpe de cabeça a usura do Banco a dar juros muito acima dos outros, não?
    O problema é que os gananciosos quando entram em «modo ganância» já não pensam. ou melhor, só pensam no dinheiro.
    E, pelo andar da crruagem, continua igual.

  4. Não se trata de humor à custa da velhice. Quando Cavaco estava no auge e deu uma longa entrevista triunfante, ficou contudo na memória de muitos a acumulação de saliva no canto da boca. Foi isso que agora foi utilizado.
    Pouco depois de se instalar em Belém o estilo de Cavaco fez surgir o apodo de múmia, que se foi popularizando ao longo do mandato. No início não era uma característica de velho.
    Não havendo qualquer investigação à troca de casa de férias nem ao mistério da aquisição do pavilhão do Parque das Nações por baixo preço e sem sabermos se o dinheiro veio de um daqueles bancos que agora mencionam empréstimos não pagos, ainda espero peças de humor sobre os assuntos.

  5. não sei se rip. eu nunca o via, mas com tanta pub aqui no aspirina , fui espreitar e até fiquei fã . tenho visto alguns e o tipo apanha muito bem os que estão mal.

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