Fedor na cidade

Tóino Babuíno Cabeleira
Fonte

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António Balbino Caldeira é lido e recomendado pelos direitolas talibãs; como o Zé Manel e a Helena Matos, por exemplo. Para além disso, que não é pouco dada a influência desses cromos no ecossistema mediático, estamos também perante alguém que conseguiu transformar uma paixão funesta num livro que já vai na 2ª edição. Parabéns, boa sorte, e confesso não me ocorrer mais nada a respeito da criatura.

Na semana passada, esta alimária resolveu pedir aos seus leitores para lerem um texto que escrevi sem fazer qualquer ideia de que teria tal destino. O destino de ser usado por um maluquinho para alimentar a sua doença. Porque estamos em território psicótico, haja ou não diagnóstico clínico. Aliás, não será um acaso que este tipo de manifestações paranóides e alucinadas se encontre com facilidade na direita, pois a estruturação ideológica respectiva favorece o isolamento individual; por contraposição com as mesmas tendências ocorrendo na esquerda, onde as vítimas mais provavelmente se organizam gregariamente, assim diluindo o impacto doentio ou acabando mesmo por substituí-lo pelo sentimento de pertença. O PCP é um modelo perfeito deste fenómeno, tendo canalizado a alienação dos seus militantes e simpatizantes para o messianismo sectário desde o 25 de Novembro. Daí a tão importante alteração ocorrida neste partido após as eleições legislativas de 2015 com a aceitação do regime e da soberania democrática, cujas consequências são imprevistas até para os próprios comunistas, acrescento en passant.

Pois o infeliz acima pendurado, na viragem para 2016, continua a sonhar-me como máscara do Jacinto Lucas Pires. Aposto que será a excitação desse delírio a solitária causa que o leva a colocar-me na sua montra. Acontece que o episódio tem interesse para além da dimensão pateticamente anedótica onde quase se esgota. Poderia inserir-se numa infografia onde se registasse a repetição desse boato velho de 6 ou 7 anos, permitindo ver quem, e quantas vezes, o propagou. Veríamos que surge como sintoma de uma atitude genérica onde o discurso do ódio molda a cognição. Factualmente, este babuíno do Caldeira não saberia o que dizer se tivesse de provar a associação entre “Valupi” e “Jacinto Lucas Pires”. Todavia, ao vislumbrar uma vantagem em sugerir que está na posse de um conhecimento acerca da minha identidade de registo civil, ele expõe a fantasia em que prefere habitar e onde se imagina um espertalhão. E se tais predicados chegarão para a manutenção da sua fama junto de passarões decadentes e fanáticos do calibre do Zé Manel e da Helena Matos, talvez o próprio Jacinto Lucas Pires não ache graça ao abuso que está a ser feito com o seu nome.

Já por várias vezes, aqui no Aspirina B, pedi aos broncos para terem um bocadinho de respeito por si próprios e mudarem de cassete. Isto porque cheguei a encontrar-me presencialmente, in illo tempore, com figuras gradas da blogosfera direitola de outrora, como Duarte Schmidt Lino, Eduardo Nogueira Pinto e João Távora. O Carlos Santos, trágica figura explorada pelos pulhas, recebeu por escrito os meus dados pessoais relativos a nome e profissão. Estive em duas sessões do “Blogue dos Cafés” onde me apresentei e passeei num espaço onde estava a Carla Quevedo, o maradona, a Fátima Rolo Duarte, o Luis M. Jorge e o Manuel Falcão, entre outros autores blogosféricos. O Luis Rainha e o Nuno Ramos de Almeida poderiam atestar que entre mim e o Jacinto há espectaculares diferenças para além do estilo de escrita. Outras pessoas notáveis da blogosfera política que tive a sorte e a honra de ir conhecendo pessoalmente poderiam também largar gargalhadas de incredulidade perante a longevidade do boato. Logo, não se trata de existir algo de interessante a respeito de dimensões e facetas minhas que extravasem este exercício de escrita, e não há nada pois sou um monumento à banalidade, mas sim de existir um grupo de pessoas que por pulsão incontrolada, ou por intenção planeada, conspurcam o espaço público com difamações e calúnias que degradam e pervertem a cidade.

No que diga respeito ao envenenamento da racionalidade democrática, este António Balbino Caldeira, apesar do livro que anda a oferecer e do blogue lido por profissionais da indústria do ódio, não passa de arraia-miúda. Muito mais grave, e ficando como paradigma do uso da mentira como terrorismo político, é o caso do Pacheco Pereira. A gravidade neste espécimen aparece em relação directa com os seus ostentados méritos morais e capacidades intelectuais. Para ir directamente ao episódio que conheço melhor, foi do alto de uma posição de prestígio que o Pacheco recebeu dinheiro para escrever na imprensa que em alguns blogues, este incluído, estavam colaboradores e membros do Governo de Sócrates. Não fez prova de nada, e de nada se desculpou, assim deixando a calúnia intacta, operativa. E meteu o dinheirinho ao bolso. Para mim, nesse momento o Pacheco ganhou o estatuto de perigoso crápula. Desde aí, de cada vez que o calhe ouvir ou ler a expressar algo com que possa concordar, mais forte é a convicção, nascida logo na alvorada da democracia na Grécia, de que um dos maiores perigos para a liberdade e a coesão da comunidade vem dos caluniadores.

Não existe um Correio da Manhã na esquerda. Não há publicistas ligados ao PS que façam dos assassinatos de carácter e da intoxicação sistemática a sua estratégia de intervenção pública. A direita portuguesa, por estar numa fase decadente, cheira mal e mete dó. Mas o fedor é tal que não há dó que aguente.

17 thoughts on “Fedor na cidade”

  1. fechei os olhos e imaginei nessa tua escrita deliciosa semelhanças com o palhaço do joao miguel tavares “o grunho”.

  2. Finalmente houve alguém com inspiração suficiente para encontrar o cognome adequado ao JMT: “O grunho”
    Acho que nunca mais se lhe vai descolar… :-)

  3. ai que riso! isso, manda-os feder. :-) eu também sei que não és esse que esse besuntolas diz. deixa-os ladrar, querido. :-)

  4. Se tem poder de analise , explore a comparação entre a linguagem de ódio e babuíno que usa e o do tal Balbino e algo terá que mudar para que seja diferente dele.

  5. Valupi, deixe andar, que se lixem. Eu também já tinha colocado essa hipótese por sugestão mas ao fim e ao cabo, tanto se me dá que seja o JLP ou outra pessoa desde que continue a distribuir aspirinas. Obrigada. Um bjinho

  6. Foda-se! Foi-se embora o cegueta e logo aparece um “colombo” qualquer para nos chatear a mona.
    E este, ainda por cima, dá uma de moralista.

  7. Olha, Val, o que eu vejo ali é uma colagem mal-parida de coisas lidas em muitos lados:
    alguns até poderão ter sido aqui, e não é só o teu post, outras pescadas no esgoto por onde correm as águas pluviais, os óleos industriais e os resíduos (os resíduos domésticos orgânicos)… esgotos que terão sido abertos tardiamente pelo poder local na rua atapetada de alcatrão onde nasceu ou onde mora.

    É esta a ideia com que fico, depois de o ler: a de alguém que fintou o destino (professor, não é?), melhor assim do que passar fome; a de alguém que se agita na penumbra da sua casa onde o sol, ainda hoje, chega com dificuldade; e alguém que comprou tardiamente um computador para escrever umas bocarodas cheias de links, de construções idiotas e de fantasmas. Escreve com quem embrulha palavras e ata-as com um baraço, em resumo.

    Azar o nosso, portanto.É pois natural que os seus posts emporcalhem quem se aproxime.

  8. Eh lá que baralhação. Começa com o Baldino Caldeira e acaba com o Pacheco Pereira, a única linha condutora é mesmo o insulto e a má educação. Tantas letras para dizer tão pouco, tantas palavras para negar e não conseguir. Não sei se é o Jacinto Lucas Pires ou se não é, mas felizmente aqui só se lê não se ouve. bem haja…

  9. oh, Val, não voltes àquela porqueira snob. Quem por ali passa fica com a roupa a cheirar “a morto” durante um mês.
    Que se saiba, o JLP desafina quando se põe a cantar, mas tu, Val, és um rouxinol. Alguns dirão: the voice! Por isso, continua a cantar. É a cantar que me animas.

  10. eu leio o Prof. Balbino e outro – porque sou órfão politico – e não me considero ” direitolas talibãs”.
    Por isso vai chamar ” direitola talibã ” ao cabrãzinho do teu paizinho ou á putinha da tua mãezinha.
    Bye bye.

  11. Valupi, que nojo. De um lado há um conjunto de gente honesta, moderada, séria que publica com profissionalismo, honestidade intelectual e uma exactidão que chega a assustar! Dizem-se de direita (e alguns são-no, muito) e apelam aos valores e causas que defendem mas fazem-no em pista própria, denunciando não a ideologia nem a personalidade perniciosa dos autores, mas os factos tal qual decorridos, informando os leitores sobre a infeliz verdade de alguns dos mais considerados protagonistas políticos.

    Do outro lado, à um amontoado de injúrias eloquentes e pseudo-intelectuais, direccionadas a quem procura participar. Como se a valência da intervenção política fosse exclusiva dos Valupis, dos Migueis Abrantes e das f’s deste mundo!

    E esta é a minha esquerda, as pessoas que concordam e subscrevem os mesmos modelos de sociedade que eu. Sinto-me enjoado, Valupi. Tomara que a sua aspirina me amenizar a digestão.

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