Falar verdade aos portugueses

Para além da curiosidade relativa à coincidência da situação, um Governo de minoria, esta passagem das memórias de Cavaco expõe um calculismo vaidoso que tira as dúvidas a quem ainda as tiver: o actual Presidente da República está apostado no derrube do Governo e na destruição política de Sócrates.

Temos de ler a sua actuação no conflito dos Açores, nas declarações avulsas ou discursos solenes, na inventona de Belém e na tragicomédia dos emails, à luz da normalidade comportamental que a passagem recorda. Cavaco antecipa os efeitos das suas intervenções e joga com as percepções amplificadas na comunicação social para obter ganhos políticos. Nada de nada de nadinha de nada é inocente nas suas acções, então.

Muito bem. O eleitorado encarregar-se-á de julgar o seu mérito, caso se recandidate. Entretanto, convém também lembrar que este mesmo Cavaco, sempre a invocar a sua superioridade moral e intelectual, é o mesmo que não assumiu a ligação ao BPN através dos ganhos inexplicáveis na SLN, e é o mesmo que nunca se pronunciou, porque nunca sobre tal foi interrogado, a respeito da inexplicável escolha de Dias Loureiro para o Conselho de Estado, e ainda a sua inexplicável protecção ao mesmo quando já era público estarmos perante uma equívoca e sinistra figura.

O pior, contudo, não está na paupérrimo patriotismo do actual Presidente da República. Já não poderá fazer muito mais mal a Portugal, a sua carreira está no fim da linha. O pior, o perigo maior, diz respeito aos que se calam e encobrem o inacreditável escândalo protagonizado por Cavaco e amigos, preferindo a devassa da privacidade de Sócrates e a violação do Estado de direito. Acerca destes hipócritas dispostos a tudo, os portugueses precisam de conhecer a verdade.

8 thoughts on “Falar verdade aos portugueses”

  1. … “O pior, o perigo maior, diz respeito aos que se calam e encobrem o inacreditável escândalo protagonizado por Cavaco e amigos, preferindo a devassa da privacidade de Sócrates e a violação do Estado de direito. Acerca destes hipócritas dispostos a tudo, os portugueses precisam de conhecer a verdade”

    Vero Valupi…

    abraço

  2. Há muitos anos existia uma Lei de Bases da Segurança Social que determinava que a acção social, os regimes não contributivos e os fracamente contributivos fossem suportados por transferências do orçamento geral do Estado.A figura em questão nunca o fez usando vários milhares de milhões das contribuições do Regime Geral para patrocinar as suas politicas nos demais regimes.Espantoso e definidor do perfil geral da personalidade. A propósito, A. Guterres foi o primeiro PM a transferir as verbas.A solidariedade deve vir de todos ( OGE ) e não de alguns (RG ).

  3. Esta foi a figura que aconselhou o mercado a não comprar gato por lebre.
    Esta foi a figura que não se coibiu de mandar esfolar o gato em proveito próprio.
    Por outro lado, nada impediria os fornecedores de gatos da SLN de entregarem a pele já curtida à boliqueimada criatura sem que esta tivesse tido investido em trabalho e na espera pelos resultados…

  4. Porque não passam de um saco cheio de gatos, ainda tenho esperança de virmos a conhecer toda a trama montada para destruir o PM Sócrates, em ano de três eleições. Alguém acabará por piar. Quem está de fora, e atento, vai começar a juntar as peças do puzzle. E quem vai sair muito chamuscado da golpada prepretada vão ser o PCP e o BE que sabiam de tudo. Colaboraram porque lhes convinha politicamente.
    A parte final da golpada era jogada de mestre, se tudo tivesse batido certinho. Ao que se sabe agora o PM era indiciado de «crime contra o Estado de Direito», que assim lançada a suspeita para a comunicação social toda colaborante encaixava que nem uma luva na «asfixia democrárica» de Pacheco Pereira e na inventona das escutas do Governo ao Presidente da República. Indiciado de crime contra o Estado e suspeito de espiar o PR, teriamos os partidos da oposição a pedir a imediata demissão de Sócrates. Antes das eleições…Para que precisava a Manela de fazer comicios?
    Acontece que, em Julho, o PRG não vê indicios de atentado contra o Estado de Direito e, para não decidir sózinho sobre tamanha patifaria contra o PM, decide mandar para o Supremo. Este confirma o diagnóstico, em Setembro. Sócrates podia ir a eleições. E venceu-as.
    O que se passou depois das eleições, a começar por aquela comunicação atabalhoada do do PR, é já a ressaca do golpe.
    O Jerónimo e o Louçã sabiam de tudo. Aliás, nunca ninguém perguntou a este Louçã porque foi o primeiro a denunciar o Lima e quem o denunciou a ele. Nenhum jornalista quis saber. Quis Louçã dizer, com esta denuncia e depois do golpe fracassar, que não tinha nada a ver com aquilo? Há-de saber-se, que os gatos hão-de pegar-se.
    Espionagem política e da grossa. O ministro Vieira da Silva sabia do que falava.

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