Exactissimamente

«Não passou assim tanto tempo para que os portugueses não reconheçam um fascista quando o ouvem falar e quando observam os sinais e os rituais de que se rodeia. Honra lhe seja feita, Bolsonaro não disfarçou coisa alguma: no seu discurso de posse disse exactamente ao que vinha, as suas ameaças foram claras, o seu instinto de ódio e perseguição, em nome de Deus e da “cultura judaico-cristã”, foi tão óbvio que não há disfarce possível. Antes assim: mais tarde, num futuro que só por sorte não será tenebroso, ninguém poderá dizer que foi ao engano. Não é por ser evangélico, por repetir à exaustão o mantra de “Deus acima de todos”, que o fascismo se torna cristão. Pinochet, Franco, Salazar eram todos devotos católicos e também eles gostavam de invocar o nome de Deus em vão — que, como se sabe, é pecado que brada aos céus. Não é por esgrimir a fé contra as “ideologias” — isto é, contra as ideias, contra a liberdade de pensamento — que o programa político de Bolsonaro deixa de ter a sua própria e sinistra ideologia. E é por isso que o ministro da Educação, indicado directamente pelos evangélicos, tem como tarefa limpar “o lixo ideológico” das escolas e servir às criancinhas a fé evangélica — esse embuste religioso inventado à medida de um país com largas camadas da população semianalfabeta. Se isto não é todo um programa político e ideológico, em tudo semelhante ao das madraças islâmicas, é só porque há quem o não queira ver.»

Deus deve estar zangado

12 thoughts on “Exactissimamente”

  1. Este Marcelo ainda vai dar muito que falar!
    Não obstante todos os beijinhos, abraços e selfies, a sua personalidade de “vichisoise”, aos poucos irá sendo por todos reconhecida, e não será coisa agradável de se ver. Assim como o seu instinto de “escorpião” acabará, mais tarde ou mais cedo, por vir à superficie.

  2. Aplauso de uma só mão para Bolsonaro
    29 OUTUBRO 2018 ÀS 2:35 POR VALUPI

    Jair Bolsonaro chega ao poder através do voto democrático. Isto tem de ser saudado.

    Se, em resultado de tomar o poder democraticamente, Jair Bolsonaro vier a ser o responsável directo ou indirecto por qualquer tipo de violência, injustiça e crime, à mesma a sua eleição continua a merecer ser saudada por ter sido democrática, livre, soberana.

    Jair Bolsonaro não tem de ser um democrata nem de se comprometer na defesa da democracia para receber o respeito dos democratas na hora da sua vitória.

    […]

    Vergonha, e vivó Sócrates!

  3. Não se invoca o nome de Salazar em vão.

    Não misturem as coisas. (Bolsonaro, Pinochet…?)

    Com Salazar, mesmo incultos e atrazados mentais como esse tal Machado, que anda por aí, não era para Peniche, nem mesmo a Berlenga, talvez os Farlhões.

    E já tinha muita sorte.

  4. A má moeda empurra a boa moeda. A má religião, justicialista, punitivista, expiatória, integrista, obscurantista, mercantil, empurra a boa religião, da Esperança, da reconciliação, da opção preferencial pelos mais pobres, da tolerancia, da paz. O ateísmo fundamentalista também tem responsabilidade nisto.

  5. “Jair Bolsonaro não tem de ser um democrata nem de se comprometer na defesa da democracia para receber o respeito dos democratas na hora da sua vitória”
    Oh! Eric, se fosses vivo há 86 anos atrás terias sido capaz de ter tido a mesma contemporização e fazer igual saudação à vitoria do Hitler.
    Grandes democratas estes que estão na barricada da defesa da democracia!

  6. Ó Valupi, olha que a tampa do esgoto deve ter rebentado e a ratazana malcheirosa anda por aí outra vez a infectar o ar aqui do Aspirina.

  7. … «à medida de um país com largas camadas da população semianalfabeta.», cito.

    Nota. Ó nharro sas 18:20, a citação também é para ti que quem escreveu o post não fui eu. Foi o querido bronco que está atrás do balcão a servir copos de três, o Valupi.

    [Nada de novo no esgoto do Aspirina B, burrice ao quadrado.]

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