Dominguice

Platão e John Rawls. 2300 anos a separá-los, duas poderosas experiências mentais a uni-los no mesmo propósito: mostrar que a humanidade vem da comunidade, não do que a Natureza nos deu e para o qual nos puxa se a deixarmos. A primeira aparece na República, Livro II, através da lenda do “Anel de Giges”. Que faríamos caso obtivéssemos o poder da invisibilidade? Muita merda, da grossa, é a imediata conclusão sem carência de queimar as pestanas com gregos ou troianos. A outra está no A Theory of Justice, onde se reactualiza uma antiga questão que ganhou popularidade a partir deste livro graças à expressão “véu da ignorância”. Que regras escolheríamos para uma sociedade onde iríamos viver num futuro hipotético sem ter a certeza de qual seria a nossa distância ao poder, o nosso estatuto, a nossa riqueza, as nossas debilidades, as nossas carências, as condições concretas que viriam a condicionar a nossa existência? Tal desafio leva-nos a sair de nós próprios e a pensarmos como bondosos legisladores. Estamos no terreno da reflexão sobre o contrato social.

É avisado não ignorarmos o invisível dos outros, sábio vermos a ignorância em nós.

17 thoughts on “Dominguice”

  1. vou ficar a pensar nisto fora de mim, vou tentar porque estou hoje muito aos saltinhos, copiar o texto e mandá-lo em um email de mim para mim, depois volto.

  2. analisa-te a ti para compreenderes: tens um belo corpo , milhões de células a cooperarem, embora fazendo parte de sistemas diferentes e com funções diferentes , todas com um denominador comum , o sistema circulatório ,todas indispensáveis , e com um único chefe , o cérebro.
    e , percebes que quando uma célula sai do circulo cooperativo começa a malignizar , há que extirpa-la imediatamente antes que se transforme num cancro?
    a partir daqui podes construir um modelo de sociedade : achas que uma célula pulmonar deve ganhar mais que uma do sistema nervosos central ? achas que umas são mais valiosas que outras? achas que cada sistema pode funcionar para seu lado?

  3. Sra. yo, não concordo que o cérebro seja um “chefe”. Esse seu conceito poderá explicar a sua admiração pelo ditador Putin. Para mim o cérebro funciona como uma grande Assembleia onde os fatores externos materiais e sociais são permanentemente debatidos, exercendo influência primordial em todas as decisões. Negativa e positiva.
    Talvez volte para aprofundar o tema…

  4. eu queria uma república com a CP tal e qual como está, uma avó, mãe a dobrar por acumulação de vidas, absolutamente objectiva, generosamente objectiva, na regulação da independência e da unidade e da integridade da comunidade. e eu, sendo invisível – e agora posso acrescentar o que eu quiser -, também mais rápida do que a formiga fenómeno, poderia investigar os criminosos para fazê-los circular por outros caminhos dentro da comunidade, desviar esses malvados para fazerem outra coisinha. antes disso fazia com que se confessassem à lei, ah pois. era o que faria mesmo agora com o Marcelo, tirava a prova dos nove se está demente e, não estando, privava-o do cargo mais alto da república e da casa dele, da vida dele. se chegasse à conclusão de que está doente, interferiria junto da família, talvez começando a deixar bileres com pistas inequívocas já que o seuj comportamento em público não os aflige. de maneira que eu acho que o Marcelo malvado (e não doente) servia bem como palestrante nas cadeias. todos os dias iria a uma diferente falar sobre a CP a todos os que, como ele, não a respeitaram e abusaram da sua confiança- porque a CP é a avó invisível e cuidadora de todos nós.

  5. Não volte sr. Fernando, se aprofundar ainda vai cair no sistema semi-parlamentar, quando o que nós temos, é um sistema semi-presidencial. Um cérebro dirigido à semelhança de um parlamento, por exemplo, o nosso, seria um cérebro disfuncional e em permanente crise, o mesmo se diga para um cérebro dirigido no sistema costista, só produzia chamuças, a que, por questões de semântica (eufemismo criado had doc para tentar comer as papas na cabeça dos incautos, chico-espertismo descarado) se chamaria rissois e croquetes .

  6. sim , sim Fernando , entretanto tudo para à espera que seja nomeado outro chefe ou chefes….e as ordens contraditórias dadas pelos diversos chefes? : lá vai a mão para um lado e a perna para outro , tipo doente de coreia ( não estou a gozar com os doentes , atenção ) .

  7. fosse qual fosse o meu lugar no sistema , a minha posição e importância e reconhecimento seria igualinha áà dos outros. suponho que é a isso que se chama de sociedade justa. reconhecer que somos todos iguais , merecedores do mesmo , apesar de diferentes e com funções diferentes.

  8. Pronto, ligou o complicómetro. A prova provada que, quando não se quer resolver nada, o mais simples, é, começar por, mas como havemos de fazer ? …
    Refiro-me à pessoa das crises dominicais .
    É simples, faz-se à tua maneira… caso contrário, nunca mais te calas. E , para além, disso, como te consideras o maior, o que brilha mais, mais até que o Brilhante Dias, um tipo ridículo, diga-se. Mas por outro lado, também não te convém resolver, porque se esgotaria o filão que te traz aqui dominicalmente, para além do que já te aturamos durante a semana, debitar crises e angústias existenciais, que, aliás, mal mascaram o verdadeiro objectivo, limpar a imagem da (des)governação socialista .

  9. “Bem prega Frei Tomás”, Valupi…
    Não exiba tanta erudição! Pratique, um pouco que seja, as teorias que divulga, respeite os autores que cita, deixe-se de “excepcionalismos”, seja consequente!

  10. JA
    Aquilo não é erudição, um intelectual é aquele que sabe, produto do que aprendeu nos livros, já o sábio, é aquele que aprendeu por ele próprio, pela experiência da vida, através da observação e da reflexão própria, e não nos livros escritos por outros.

  11. é o cérebro também não funciona sem sangue , Fernando . diria que podemos considera o sistema circulatória e o coração como o conjunto de valores sólido e seguido por todos ,” cérebro” incluído ..a tal de consciência colectiva que nos últimos tempos se esfumou.
    e desculpem a verborreia.

  12. M de Mentecapto a mostrar o deficit agudo de células neuronais e gliais em que o seu cérebro vive.

  13. olha-m´isto, JA e M vêm ao Aspirina porque não gostam do Valupi e ainda lhe chamam sábio. vinde, vinde

    !viva! o Valupi

  14. Eu prefiro recuar mais 2 ou 3 séculos para mencionar o Legislador Sólon, o político/filósofo que mais admiro entre os da Grécia Arcaica e Clássica. Ligado à realidade concreta, agindo sobre a vida da sociedade e não navegando em utopias – como o radical, senhor Platão, através do exímio “manipulador” senhor Sócrates, filho da parteira. Causa espanto o quanto é ignorado pelas elites intelectuais e políticas dos nossos tempos. As suas reformas são verdadeiramente revolucionárias. Entre elas a
    SEISACHTHEIA
    “A propósito da abolição das dívidas e dos que, sendo antes escravos, haviam sido libertados através da seisachtheia, [Sólon afirma]”

    “Mas eu, dos objetivos com que reuni
    o povo, algum há que deixei por atingir?
    Pode testemunhá-lo na justiça do tempo
    a mãe suprema dos deuses olímpicos,
    a melhor, a Terra negra, de quem eu, outrora,
    os horoi arranquei, por todo o lado enterrados:
    dantes era escrava, agora é livre.
    Muitos a Atenas, pátria fundada pelos deuses,
    reconduzi, vendidos ora injustamente
    ora com justiça. Uns, ao jugo
    das dívidas fugiram – e já nem a língua ática
    falavam, por tanto andarem errantes;
    outros, na própria casa servidão vergonhosa
    sofriam, trémulos aos caprichos dos senhores;
    eu os tornei livres.”

    Não admira, assim, que eu seja um grande admirador do ex-primeiro-ministro José Sócrates pela revolução desencadeada para a modernização do nosso país.
    (Sobre Sólon, aconselho a leitura do livro “Sólon – Ética e política” do Professor Delfim Ferreira Leão, ed. F.C. Gulbenkian. As partes citadas neste comentário são desse livro)

  15. não , não me parece justo o sistema timocrático, a bem dizer o que vigora hoje , em que os mais ricos conduzem os negócios públicos ) e até privados , minando a concorrência com esquemas) e a vida da comunidade a seu bel prazer. é só ver como foi anunciada a reunião dos bilderberg em sintra nos jornais : vão decidir o destino do mundo…assustador , não é? estamos na mão desses ogres.

  16. para o das 15;57 .
    Para a d. Olinda, parece que anda a entender tudo ao contrário, ou então, também anda sob o filósofo grego, Testicles .

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