Dominguice

Podemos associar a inteligência à bondade? Dois berbicachos iniciais, talvez insuperáveis. O que é a inteligência? E que raio será a bondade? Claro, não faltam definições reputadas de gente com obra para o primeiro conceito. Como não faltam definições desvairadas de gente com o seu ponto de vista, a sua circunstância, para o segundo. A inteligência pode ser usada para causar o mal absoluto. A bondade vista como a realização do interesse de um pode corresponder ao prejuízo para o interesse de outro. Abrindo uma passagem nesta selva à catanada, bute ligar a inteligência à sobrevivência dos organismos complexos. Quão mais inteligentes, mais complexos no seu comportamento. No caso dos humanos, a nossa complexidade biológica tornou-se fonte de complexidade cultural, acabando esta por se tornar fonte de complexidade material, ecológica e cósmica. Indo por aqui, a inteligência será tudo aquilo que aumente a complexidade. Parece um avanço quase irrisório na questão mas talvez seja decisivo se saltarmos agora para a bondade. A bondade mais simples, mais básica, será a mais imediata, definindo-se como adjectivação de tudo o que sirva a sobrevivência do organismo individual ou do seu grupo filial. A partir deste núcleo, vemos a bondade a aumentar de complexidade ao aumentar a complexidade dos grupos humanos. Da tribo à cidade, da tradição local aos direitos universais, há um trajecto em que a bondade se vai continuamente redefinindo cultural, política, social e pessoalmente. E sempre com esta lógica: o que é bom não passa de um melhor que.

Conseguir comparar dois bens, e dois males, e pesar as suas diferenças, as suas consequências, escolhendo o bem maior e o mal menor, eis o que o estúpido não consegue fazer. Pela complexidade é que vamos — para o melhor possível.

13 thoughts on “Dominguice”

  1. just saying in “Ou esta: não sejas demasido justo nem…”
    15 DE OUTUBRO DE 2023 ÀS 10:59
    O seu comentário aguarda moderação. Esta é uma pré-visualização, o seu comentário será visível depois de ter sido aprovado.

    não ando com pachorra pra discutir esta merda. este sangue na parede repetido até ao expoente da loucura, fez-me pensar no valor da minha vida e na dos que me são queridos. estou em retiro espiritual. ainda assim, e como é impossível fugir deste inferno desinformativo sobre realidades atrozes, vou só deixar isto aqui para mostrar ao valupi como é que anda a cena do comentariado politico “lá por fora” (na verdade queria so deixar o video original mas não encontrei)

    https://www.youtube.com/watch?v=MqDazMTxhRc

    ah, e free camacho! joaquim camacho is not a crime! against camachartheid!

  2. Quão mais inteligentes, mais complexos no seu comportamento. ?
    associar a inteligência à bondade?

    pergunta ao agostinho da silva , ou ao pepe mujica

    e o que não podemos ligar , de todo , é ganância a inteligência ; ou a destruição da natureza por dinheiro a inteligência ; ou complexos de superioridade a inteligência.

    quanto mais burros , mais complexos.

  3. A propósito de bondade e inteligência…..
    (Ora aqui vai um bom exemplo de bondade e inteligência)

    No dia 24 do corrente mês, outubro, faz anos (109) que nasceu um grande português, que se iniciou na vida ativa nas Artes Gráficas, (Tipógrafo), tal como eu. Tive a suprema vaidade de conversar com ele uma dúzia de vezes, e em nenhuma delas se manifestava a enormidade da personalidade deste País que ele na realidade era. Foi. Nem se era boa pessoa, nem se era inteligente. A história (e OBRA) da sua vida, se Victor Hugo o conhecesse, daria uma obra prima da literatura internacional.

    No próximo ano comemora-se o quinquagésimo aniversário do 25 de Abril e os 110 anos do nascimento de Francisco Lyon de Castro.
    Lyon de Castro devia ser uma das personalidades mais em destaque nessas comemorações pela influência que teve no desenvolvimento da cultura dos portugueses. A Assembleia da República deveria decidir conceder-lhe honras de Panteão Nacional. As ruinas das instalações da Europa-América sitas em Mem Martins deviam ser adquiridas e restauradas para um fim devidamente estudado.

    Talvez haja por aqui alguém que tenha acesso ao ministro da cultura, Pedro Adão e Silva, para lhe dar conhecimento deste comentário….. O senhor Valupi, já concluí, não tem vida para isso.

  4. Fernando, assim que chegar a casa entro logo em contacto com esse ministro para lhe transmitir essas ordens. Agora venho de uma reunião secreta que reuniu o Guterres, o Biden, o Putin, o Papa e o Cristiano Ronaldo. Fui chamado para ajudar aquela gente a resolver os maiores problemas do Mundo (e não só) pelo que já estou a ficar atrasado para o jantar.

  5. Ainda não me dei ao trabalho de analisar melhor mas acho que o texto dá, com as necessárias adaptações, para desculpabilizar/limpar a imagem do “desgoverno” do Vámoláver …

  6. Sim é necessário um “novo” humanismo, mas um que fure a simplificação do framing induzido pela mediatização e pela linguagem máquina: temos que ter uma opinião sobre tudo baseada em duas opções, o prós e os contras, a obrigatoriedade de uma escolha definitiva .Essa simplificação visa uma sociedade puramente reactiva, que abdique do sentido critico e, claro, da inteligência.
    Nota de como a simplificação é a palavra chave da nova “inteligência”, do novo paradigma:

    https://escon.tcero.tc.br/portfolio/inteligencia-artificial-para-simplificar-o-dia-a-dia/

    https://www.linkedin.com/pulse/como-intelig%C3%AAncia-artificial-pode-afetar-o-mercado-e-simplificar?originalSubdomain=pt

    https://ts2.space/pt/o-papel-da-inteligencia-artificial-na-simplificacao-da-gestao-de-conformidade-de-ti/

    Até na União Europeia

    https://ec.europa.eu/info/law/better-regulation/have-your-say-simplify_pt

    A coisa vai no sentido contrário, com a inteligência cada vez mais artificial, a bondade ,como ausência de mal ou abdicação do interesse próprio, também deixará de existir. Espera-se uma nova tradução em linguagem-maquina.

  7. a inteligência esteve desde sempre associada a simplificação , não é paradigma novo nenhum. a mania de complicar é próprio de quem se quer exibir . o que é que um novelo enredado tem de inteligente?

  8. Somos inteligentes? Não parece! -:) -:) -:)
    boa pergunta .. bem , pelo menos não enfermo do desejo de pertencer a um círculo ou a um grupo , freedom bués- além disso , ser criado entre duas línguas e culturas também faz que não enferme de etnocentrismo , cronocentrismo e outros imos. inteligente o suficiente para não me auto limitar. I am freeeeee -:)

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