Curso de ciência política

«Em Portugal havia um partido muito grande pelos princípios do governo absoluto; o partido constitucional começou por pouco, cresceu, formou-se, e elevou-se a uma magnitude tal que hoje está dividido não sei em quantos partidos, mas em um considerável numero d'elles. Em todos os partidos ha gente de todas as qualidades, que professam e que seguem a mesma fé por differentes convicções. No partido que sustentava em Portugal os principios de governo absoluto havia muita gente tão amiga do seu paiz, tão zelosa da independência nacional, tão respeitadora de todas as utilidades públicas, e com tanta auctoridade para se chamar patriota, como qualquer outra que o seja. Mas havia o que tambem ha em todos os partidos, gente que nenhuma consideração d'essas tinha, mas que seguia aquelle partido porque era o mais forte, porque lhe parecia o mais forte, e que o sustentava porque lhe satisfazia, ou promettia satisfazer, ambição, cubiça, todas as paixões boas e más da natureza. Entre os muitos homens que havia n'esse partido, que nos guerreavam, que me teriam sacrificado a mim tambem se me apanhassem, d"onde me vieram, assim como a nós todos, padecimentos, perseguição e extermínio: entre esses homens ha muitos a quem eu hoje e sempre daria a minha mão, a quem hoje e sempre desejaria chamar ao grémio da que supponho melhor communhão portugueza, e estaria prompto a entrar com elles em qualquer negociação politica. Esses homens foram fieis aos seus principios, porque eram seus principios, na honra d'esses homens tenho a garantia de sua probidade politica, que é a base de toda a associação. Mas com aquelles, sr. presidente, que defendiam a usurpação, não por estarem capacitados dos direitos do principe, que tinham posto no throno, mas porque esse principe tinha força; mas com aquelles que nos dizem hoje que já então professavam outras doutrinas, e que assoalhavam doutrinas oppostas, a estes nem a minha mão, nem o meu braço, nem coisa alguma; tenho horror d'elles; tenho mais, tenho nojo.— O ministério que veja aonde estão estes homens: não é do nosso lado. (Apoiados.) O ministério que examine, que veja, que declare debaixo de que bandeira estão os homens sinceramente realistas, e aonde os deshonrados apostatas. O realista é homem que professa os princípios monarchicos como eu, mas que lhe não admittiu até agora as modificações que lhe impõe o pensamento do seculo, que defendeu sinceramente porque sinceramente prezava a monarchia; esse é um homem de bem: posso estimál-o e desejo honrál-o; o renegado miguelista é um infame com quem não quero nada. (Apoiados.)


Garrett : memórias biographicas_Francisco Gomes de Amorim_1884

8 thoughts on “Curso de ciência política”

  1. ou seja

    Mais um igual a todos os outros que critica.

    Tudo o mesmo ser-humano, que não tem lugar no outro que inventa como bode expiatório de si-mesmo.

    A ciência política, logo, é um velho a rir da sua autobiografia.

  2. curso de Democracia pela própria

    Washington, 26 fev 2025 (Lusa) – O proprietário do Washington Post, Jeff Bezos, anunciou hoje que as páginas de opinião do jornal devem concentrar-se na defesa de “liberdades individuais” e “mercado livre”, deixando de publicar pontos de vista contrários a estes. A decisão do fundador da Amazon, pouco habitual para um jornal com a reputação do Washington Post, inscreve-se numa mudança para uma maior interferência de Bezos nas decisões do jornal que comprou em 2013.

  3. «Jeff Bezos, anunciou hoje que as páginas de opinião do jornal devem concentrar-se na defesa de “liberdades individuais” e “mercado livre”, deixando de publicar pontos de vista contrários a estes.»

    Sim senhor, a ‘democracia’ dos volupis vai de vento em popa. É o mercado a funcionar.

    Temos de agradecer ao Trampa e Cia.: agora é tudo feito mais às claras. Estivesse lá a Kamala ou o Biden e seria feito na mesma, mas pela calada. Não que fosse preciso; nada acorda os volupis.

  4. 26 DE FEVEREIRO DE 2025 ÀS 20:49
    Temos de agradecer ao Trampa e Cia.: agora é tudo feito mais às claras. Estivesse lá a Kamala ou o Biden e seria feito na mesma, mas pela calada. Não que fosse preciso; nada acorda os volupis.

    26 DE FEVEREIRO DE 2025 ÀS 19:08
    O tipo nº 2 é menos cansativo: admite logo a podridão do seu lado, mas também o desculpa logo com a terrível ameaça do outro lado.

    o disco riscado do é-tudo-a.mesma-merda ainda tem a lata de dizer que é menos cansativo.

  5. «do mesmo autor 1:41 depois»

    Sim, às 19:08 disse que alguns volupis, i.e. xuxas / centristas hipócritas, até admitem logo que os EUA e outros mamões são podres; mas desculpam logo isso com as terríveis ameaças do outro lado. E às 20:49 disse que os volupis comem tudo o que as Kamalas e Bidens fazem, que no essencial é o mesmo que os Trampas fazem. É aquele confortável ‘mal menor’ xuxo-burguês.

    Não percebi qual a questão (ou a contradição), merdolas, mas não faz mal. Sabemos que a sua capacidade de ler e interpretar não são famosas; o importante é participar.

  6. ” Não percebi qual a questão (ou a contradição), merdolas,”

    é natural que não percebas o que não te interessa. não falei em qualquer contradição, mas tu admites logo que sim, para depois negares exemplificando com a confirmação.
    a intenção é pôr-te a cagar desculpas e mandar a merda para psicanálise forense.

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