«A vida politica tem isso comsigo. Quanto mais estreito e mais apertado é o circulo social onde se manifesta, quanto mais vizinhos e conhecidos são os que vivem d’ella, tanto mais acanhada, mexeriqueira e antipathica se torna. Se a politica do nosso paiz é já pequena, como elle, e degenera em desavença de senhoras vizinhas, que fará das terras pequenas d’este paiz, em que muito acima dos principios e dos partidos estão os mexericos e as vaidadesinhas que brotam como tortulhos á sombra das arvores do campanario?!
Que desconsoladora distancia da realidade ao ideal da vida dos povos!»
A Morgadinha dos Canaviais_Júlio Dinis_1868
Júlio Dinis, considerado depreciativamente um escritor de Aldeia, rústico, mas que Eça aquando de sua morte preferiu chamar-lhe de “paisagista” viveu nesse ambiente de “vizinhos” mexeriqueiros desavindos sentiu profundamente essa realidade do dia a dia e transpo-la para a literatura, não cruamente, mas poeticamente como salienta o mesmo Eça acerca de Júlio Dinis.
Como letrado conhecedor da história dos homens e filosofia das ideias foi-lhe fácil tratar como vidas paralelas a realidade da aldeia com a realidade da vida política do país, comparar os retratos de vida entre o pequeno mexericar mesquinho à sombra do campanário e o grande mexericar político à sombra do campanário do país inteiro. Nessa comparação Júlio Dinis opta por valorizar a vida na aldeia porque nela identifica genuinidade e finalidade sincera na vida dos aldeões.
Mas, recuando ao primitivismo da vida humana até aos rastos originais deixados pela mitologia dos povos podemos imaginar que “desavenças” desde sempre existiram entre os homens. Praticamente, todas as mitologias existentes acerca dos povos do mundo, contam uma história de magias, mexericos, enredos, lutas insanas entre os homens e entre deuses e humanos que levaram os poderosos deuses-chefes-maiores a tomarem medidas radicais contra os humanos, tais, como fazê-los desaparecer sobre a terra. O caso mais vulgar foi de lançar o “Dilúvio” de modo a limpar a terra dos homens nefastos e irreconciliávies desobedientes afim de recomeçar uma nova era da vida com homens novos, limpos e bons.
Ainda hoje o batismo tem esse sentido de lavar e purificar a alma dos homens. E ainda hoje, alguns, muitos, pensam que o mundo pode ser constituído e governado por anjinhos adestrados.
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