Alguns dos que em Portugal exigiram segundo referendo ao aborto, e cujas repetições continuariam a exigir, até que o Inferno gelasse, enquanto não ganhassem, são também os que mais protestam contra o segundo referendo ao Tratado de Lisboa na Irlanda. Nos dois casos, para defenderem posições opostas, invocam sempre a democracia.
Como é larga, e lassa, a democracia destes democratas.
Senhor Valupi, a bem da verdade, houve em Portugal dois referendos ao aborto, o segundo dos quais por pressão dos que não concordaram com o primeiro. Acho que é fácil provar o que digo.
É exactamente isso que recordo, licantropo.
Valupi,
Isto quer dizer que você não concorda com a repetição do referendo ao Tratado de Lisboa?
O contrário, manuel sá, concordo porque o povo irlandês assim o quis. É isso a democracia, salvo melhor informação.
tanto quanto me recordo, um dos motivos para pedir a reptição foi o carácter não vinculativo do primeiro, ou não
Pois é só é democratico quando estamos de acordo
O juri resolve democraticamente atribuir o título de rainha das costureiras do nosso bairro à menina Alice Costa que por acaso é minha filha… António Silva dixit.
aborto não liga, mesmo, com cu-incidência
(é mais incidência na outra face).:-D
LOL. O título é de mais!
Democrático, verdadeiramente democrático foi comprometer-se com o referendo e, depois de ganhos os votos, assobiar para o lado.
Parabéns por este post. É uma coisa que me aflige é ver os amigos dos referendos acharem que só se deve fazer um quando ganham e 2, 3, 4 quando perdem…assim foi com os defensores da legalização do aborto que são contra o Tratado de Lisboa (o tal tratado terrível que, segundo os amigos do não, ia introduzir o aborto na Irlanda…!!!). É oportunismo puro…
Aliás, se a própria Constituição portuguesa prevê que os projectos e as propostas de lei rejeitadas numa sessão legislativa podem ser reapresentadas na sessão seguinte (na prática, no ano seguinte), porque não poderia o soberano repensar e mudar a sua decisão?
Luís Vicente
Certeiro,
Um referendo quase nunca é uma boa ideia.
A reserva “quase” visa salvaguadar os casos em que é imprescindivel destruir a situação criada por um primeiro referendo. Mesmo nesses casos, preferivel mesmo (mas impossivel) seria fazer com que o primeiro referendo nunca tivesse existido.
Portanto, bem vistas as coisas, um referendo nunca é uma boa ideia.
Quod erat demonstrandum.
Tem razão… ou quase.
Há uma pequena diferença, mas importante.
Para voltar à proibição do aborto, basta outro referendo.
Para fazer retorno nas opções económicas fundamentais do tratado de Lisboa, são precisos 27 referendos, todos no mesmo sentido (isto é: unanimidade), e mesmo para chegar sequer a realizar essas consultas, poderá dizer-nos que caminho seria necessário percorrer?!