Começa a semana com isto

Macbeth e o desejo como dimensão política, pelo excelente José Garcez Ghirardi e amigos.

Chamo a atenção para a leitura, aliás representação, de alguns trechos da obra. Impressionante e delicioso, verdadeiro teatro.

7 thoughts on “Começa a semana com isto”

  1. Obrigado. sr. Valupi (não precisa responder). Os primeiros 30 minutos deixaram-me deleitado. É bom de mais. Vou ver tudo. Tudo.
    “O que nos faz humanos é a capacidade de negar os nossos desejos por causa dos outros? ou o que nos faz humanos é afirmar o nosso desejo, apesar dos outros?”
    Shakespeare!

  2. ora , Fernando , ambos. depende do que vamos causar querendo seguir os nossos desejos. eu já me neguei desejos pensando na dor que iria causar , e já os segui por saber que nada de muito grave iria acontecer , que se amanhem. é o que se chama discernimento.

  3. a outra metade só amanhã de manhã, vou acordar e ficar a ouvir – desejo no ar e a pedir à chuva para cair. !ai! estou a amar e a querer meter o desejo em acção de comentar. amanhã. talvez durma a nadar em paris.

  4. Para não começares a semana a dormir, também podes entreter-te com isto:

    Mais dois episódios da aclamada série de terror “Vai Ser Um Despertar Fodido”:

    https://www.resistir.info/v_carvalho/estranho_caso_1.html
    (Daniel Vaz de Carvalho, in Resistir, 28/07/2022, Take 1)

    https://www.resistir.info/v_carvalho/estranho_caso_2.html
    (Daniel Vaz de Carvalho, in Resistir, 28/07/2022, Take 2)

    Também podes chamar-lhe serviço público.

    Slava borreguini! Méééééé!

  5. antes de mais, o português do brasil tem essa magia de ser musical e teatral, fluido e simplificador: reestabelece a compreensão. e se os tempos medievais de ser e não ser forem um escuro que nos ilumina na modernidade? e se o diabo rabudo que encarnava o desejo for, afinal, a minha – a nossa – verdade? e se o desejo, que se queria controlado, for um rio do naturalismo humano, deus em nós e, por isso, verdade interna que se traduz em verdade externa social enquanto razão transformada e expressada em vontade comum? e eis que nasce assim a democracia, essa compreensão do desejo como algo bom, como nascente da diferença e da pluralidade conducente à completude do ser humano: o bem comum que nos ajuda a converter a fatalidade em esperança; o diálogo político eficiente e eficaz, tal e qual a literatura e o teatro, como a solução para a experiência da nossa finitude. porque tudo é um encontro. no ínico eram as bruxas, essas maléficas poderosas sedutoras que pareciam homens mas com a graça de possuirem o desregrado desejo de fazer perder a cabeça. !ai! anda, vai atrás do desejo, não o sufoques, sê e faz o desejo, queriam dizer, e diziam, agora à nossa luz. olha que o pecado do rabudo não é querer ser deus mas não querer ser o rabudo. anda, aceita-te, aceita-te, corre atrás do teu desejo, realiza-te, cumpre-te, pensa e sente e faz em sintonia, vive-te. desfaz essa solidão porque só no encontro com o outro nasce a ordem que gera caos e que gera ordem. o que os outros pensam vale nada, sê fiel a ti mesmo e ao teu desejo – mas faz a ponte entre a propriedade privada para a colectiva, não esqueças disso, dessa organização social, dessa virtude, por dentro dessa construção subjectiva que também é neurótica e narcisista: não desejo porque é bom – é bom porque desejo. e se as instituições políticas falharem precisamente aqui, falharem por ser um mal absolutamente necessário, nesta expressão que não nos deixa fazer o que desejamos mas antes nos controlam o desejo? olha para dentro, ouve, diz-nos, não olhes para o céu, a modernidade é romântica nesse fascínio do Homem ser desejante tanto para libertar esse desejo como para construir o desejo colectivo. agora respira-se fundo, ouve-se a orquestra a elevar o tom e o maestro a gesticular com um movimento brusco: a guerra. a guerra do Homem desejante a querer a mesma coisa, !ah! é a tirania do desejo, desejo cabrão insaciável: putin quer a ucrânia submissa, essa bruxa, e a ucrânia quer-se em si mesma desejante de liberdade. que angústia, que razão injusta quando não agir é impossível e agir é insensatez. é preciso ter esperança, já nos dizia o mestre do teatro e da literatura – por esta ordem por razões do verbo viver -, a literatura e o teatro, tal como o diálogo político, salvam-nos da fatalidade; é preciso querer, desejar, a diferença e a pluralidade, ouve, o desejo e a concretização do querer a diferença e a pluralidade é fazer democracia com alhos e poesia. porque, esqueceram de dizer mas digo eu, é o amor que nos salva da fatalidade pelo encontro com o outro. é o amor a ponte, o mágico mediador dos desejos; é no amor que fazemos, porque o interpretamos e comprendemos, que sabemos o que valemos em nossa finitude.

    amo, amo, amo com todo o desejo que o amor me deixa. porque o amor é uma forma, talvez a maior, de desejo.

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