Depois do processo de substituição de Joana Marques Vidal ter suscitado dúvidas sobre uma tentativa de ingerência do poder político na esfera judicial, os dois deputados estão de acordo sobre a necessidade de se alterar a composição do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), reduzindo o número de procuradores e aumentando as nomeações políticas.
Lacão, velha raposa do parlamentarismo, foi cuidadoso ao expressar os seus desejos, defendendo “soluções que não são isentas de controvérsia”, entre as quais inclui, claro está, os “critérios de representação no CSMP”. Já o deputado do PSD foi transparente e defendeu uma composição mais “paritária”. Quer um, quer outro sabem que num tempo em que a Justiça se empenhou em investigar e a acusar políticos, qualquer ousadia que tenda a diminuir a autonomia dos órgãos do Ministério Público será vista como sinal do instinto de sobrevivência de uma parte da espécie ameaçada pelo combate ao nepotismo ou à corrupção.
Mesmo que questione a actual autonomia dos procuradores, o PS está de mãos atadas pelo fantasma da Operação Marquês. Já no PSD o que está em causa é uma pulsão ideológica que tende a execrar os mecanismos constitucionais de equilíbrio dos poderes – meter os procuradores, ou os jornalistas, na ordem é uma velha ambição de Rui Rio. Com um Bloco Central assim, o melhor mesmo é estar atento.
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Para quê dar atenção ao Manuel Carvalho? Porque ele é o actual director do Público. E porquê dar atenção a esse jornal? Porque ele representa a minúscula “imprensa de referência” que os seus jornalistas alegam ser um pilar da democracia. Pelo que talvez interesse saber de que democracia estão a falar estes bravos directores tão bem pagos para seleccionarem notícias e opiniões.
Acima temos parte de um editorial. O director encontrou assunto de relevância suficiente para expor publicamente a sua visão editorial acerca. E, de facto, outro assunto dificilmente seria de maior importância para portugueses que paguem impostos em Portugal. É este: Manuel Carvalho, enquanto director do Público, declara que o primeiro-ministro e o Presidente da República deixaram legítimas “dúvidas sobre uma tentativa de ingerência do poder político na esfera judicial”, mais afirma que o “parlamentarismo” (leia-se: a Assembleia da República) é um antro de elementos pertencentes à “espécie ameaçada pelo combate ao nepotismo ou à corrupção”, e conclui que tanto PS como PSD pretendem “meter os procuradores, ou os jornalistas, na ordem”.
A prosa não justifica nada de nadinha de nada do que assevera. De que “dúvidas” está a falar no processo de substituição da PGR? Quem são os deputados que praticam o “nepotismo” e a “corrupção”? Como é que seria possível meter procuradores e jornalistas “na ordem”? Não sabemos se o Manuel Carvalho nada explicita porque apenas pretende comunicar com quem já partilhe dos seus pressupostos e respectivas inferências, ou se nada consubstancia porque tal exercício tornaria impossível o actual em que apenas tem de largar suspeições vagas para despachar o serviço. Não sabemos? Ora, mas sabemos tão bem, é tudo tão obsceno e boçal.
Manuel Carvalho, enquanto director do Público, não exige mais de si próprio do que um bebedolas na tasca a discorrer sobre o estado da Nação. Deleita-se a ser cúmplice de quem usa o poder judicial para intervir mediaticamente e condicionar a disputa política e os próprios processos judiciais. A sua concepção de democracia faz dos procuradores do Ministério Público os guardiões de uma versão da Constituição típica de um Estado policial. Para ele, as coisas têm a beleza da simplicidade: os políticos são corruptos e tiranos, mas não podemos passar sem eles nem há ninguém decente para os substituir, pelo que só resta esta vingança de usar jornais, rádios, televisões e tascas para dizer mal dessa corja, para dizer as “verdades” que limpam a alma aos estupendos jornalistas da “referência”. E siga.
É uma vidinha descansada, haja quem a continue a pagar.
E se mandássemos o Carvalho para o car(v)alho?
Há muita gente usando indevidamente a carteira profissional de jornalista!
O que mais existe na comunicação social são os profissionais de comunicação
que, trabalham à peça ou por encomenda expressa, contam-se pelos dedos os
verdadeiros Jornalistas!
No dizer de um verdadeiro Jornalista já passado, essa corja são meros estipên-
diados que, se vendem por várias ordens de razões … algumas atendíveis outras
nem tanto … por estas e outras cada vez se vendem menos jornais e revistas!!!
E quer o Marcelo que sabemos esta corja.
lembro-me de uns tipos andarem a discutir a joana e do ti marcelo, no fim, ter tirado outro coelho da cartola e toda a gente: ohhhhhhhhh!!!! suponho que serão as dúvidas que o manel refere…que memória tão fraca, não dá para confiar nas análises deste laboratório .
Porque carga de razão magistrados e jornalistas se insurgem tanto contra a mínima tentativa de escrutinar as suas autonomias e liberdades de expressão berrando logo aos quatro ventos dos media mal alguém se refere à “situação” privilegiada desses intocáveis trabalhadores de suas liberdades de longo alcance.
Não será a mesma razão pela qual nunca o MP ou algum magistrado alguma vez investigou um jornal ou jornalista e o contrário igual: nunca se viu um jornalista investigar casos de magistrados ou decisões ou omissões do MP.
E na verdade matéria para investigar nessas bandas é mato. Está hoje provado (pelo próprio tribunal) que o juiz Carlos Alexandre recebeu dinheiro emprestado proveniente de corrupção num caso em que ele próprio ordenou ao magistrado amigo para encerrar o processo do caso.
Algum jornalista ou jornal de referência ou tablóide mexeu uma palha para averiguar os papéis, telefonemas, gravações de conversas, etc. e as trocas de favores e dinheiros emprestados neste caso em que o juiz ‘não se pôs a jeito’ antes foi o próprio autor do ‘jeito’.
Há quantos anos jornais especializados na matéria andam a publicar transcrições telefónicas, videos de interrogatórios, mapas e todo o tipo de documentação de processos em segredo de justiça sem a mínima intervenção do MP apesar de, acerca de todos, dizer ir abrir um processo de averiguações os quais nunca ninguém soube de nada, nadinha.
Há, descaradamente, uma ‘entente’ entre estas duas entidades que prestam serviço mútuo conveniente a ambas o que se transformou em tráfico de corrupção de cariz político.
Sócrates, que quis mexer neste ninho de vespas & vespas, organizaram a sua morte como político e até como ser humano com direito a uma vida de uso normal.
Agora é Rio que, mal deu sua opinião acerca do caso, está sendo atacado de morte. E por quem? Precisamente pelos Marques Mendes, jornalistas e o grosso dos que temem e tremem que uma justiça séria os ponha todos no banco dos réus e na cadeia como verdadeiros autores de tráfico de influências e corrupção.
Porque enquanto durar tal conluio entre justiça e jornalismo estão ambos sob protecção e a salvo para podem fabricar matadouros onde sacrificiam quem se lhes opõe ou toca ao de leve que seja nas suas intocabilidades.
Já agora o porta chaves e a procuradora da SIC também vomitaram qualquer coisa. Já eu acho importante louvar a coragem de Rio neste capítulo. E como o próprio adiantou, mais paridade no CSMP não interfere em nada com a autonomia do MP. Quanto muito com os abusos! E pode e deve criticar-se Rio nos muitos anos que já leva de exercício de cargos públicos mas em matéria de seriedade – dentro do seu pensamento politico claro – pode pedir meças a qualquer magistrado deste país. Já alguns magistrados do MP não podem dizer o mesmo de certeza. Dos jornaleiros nem é bom falar.
Excelente contribuição, José Neves!
Ok o Carvalho é um condicionado, nada demais e já devidamente dito e reiterado num país de cobardes e conas, mas o que dizer então do PM, do PR, do Presidente da assembleia da República perante a ameaça e desrespeito pelas leis da Assembleia da República e pelo regime democratico , por parte do Conselho da magistratura e da srª Procuradora (a anafadinha não a de silicone, a Guedes )? É que isto é que é inaudito!!! Aqui já não existe separação de poderes ?
A cobardia civica e politica do tigre de papel Costa já começa a ser legendária. Isto nunca se passou, o PS é hoje um partido cobarde e cinico sem respeito pelo seu passado.
E quer o Presidente da República que salvemos esta javardice…
E sim, também me parece que está a chegar a hora de um valente sobressalto cívico no PS.
Senão, um belo dia ainda se deixa morrer, como os peixes, sem um pio. E com ele, inevitavelmente, a Democracia portuguesa!
“Há quem viva sem dar por nada, há quem morra sem tal saber” (Zeca Afonso)…