Quem, até agora, melhor cantou a tesão na poesia portuguesa foi Florbela Espanca. O que faz todo o santo sentido.
SE TU VIESSES VER-ME…Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e riE é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…
Valupi, deixa-me dizer-te que às vezes fazes umas escadalosas combinações de palavras. Gosta de misturar o vernáculo de taberna ( cf. dito do Shark) e clássicos.
Hã, esqueço-me das letras. Põe lá em cima um “n” a mais e um “s” final em Gosta. Obrigada! :-)
Essa hora dos mágicos cansaços é mesmo uma hora cá dentro.
é pena os relógios do mundo não andarem sincronizados.
claudia, estás escandalizada com que palavras?
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dina, é pena? Talvez não… Pensa no que seria um mundo todo sincronizado… seria assustador…
Tens razão. Vou tentar de novo:
Essa hora dos mágicos cansaços é mesmo uma hora cá dentro.
Gosto quando o tic tac faz sorrir outro tic tac mesmo quando não estamos na mesma hora.
só tu meu lindo, para me lembrar o amar perdidamente, em que me perco e encontro tantas vezes
mas eu é pau feito
amanhã já estou sózinho outra vez e venho cá conversar, ando bem disposto mas numa confusão, a casa parece que vai ser vendida breve, amigos à mistura, amores que nem conheço, mordidas na almofada, e 5 textos para escrever para um museu
dina, esse tic-tac nas horas diferentes é a bela sincronia.
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z, tens de agradecer à Florbela.
e isto,
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1337922&idCanal=13
Estou escandalizada com o complemento de objecto directo do título.
val,
que bem lembrada, caro amigo, essa nossa diva lúbrica, que cantou a tesão com a competência que poucos poetas tiveram na língua portuguesa. Ofereceste dois belíssimos exemplos, permite-me que acrescente mais um, para mim dos poemas mais sensuais de Florbela. Chama-se ‘Nervos d’oiro’, contém ‘toda a Arte suprema dos seus versos’ e reza assim:
Meus nervos, guizos de oiro a tilintar
Cantam-me n’alma a estranha sinfonia
Da volúpia, da mágoa e da alegria,
Que me faz rir e que me faz chorar!
Em meu corpo fremente, sem cessar,
Agito os guizos de oiro da folia!
A Quimera, a Loucura, a Fantasia,
Num rubro turbilhão sinto-As passar!
O coração, numa imperial oferta.
Ergo-o ao alto! E, sobre a minha mão,
É uma rosa de púrpura, entreaberta!
E em mim, dentro de mim, vibram dispersos,
Meus nervos de oiro, esplêndidos, que são
Toda a Arte suprema dos meus versos!
(in Charneca em flor)
A tesão escandaliza-te, dizes. Faz todo o santo sentido.
z,
‘eu é pau feito’???!!!!
Rui, magnífico reverso de um corpo em convulsão de prazer. Muito obrigado.