Ter assistido à metanóia do Pacheco, que de refugiado eleitoral passou a elogiador de Santana, não é memorável. Porque a sua plasticidade axiológica não tem qualquer interesse para mim. Memorável, para mim que trabalho na área, foi a razão apresentada: Santana tinha bons cartazes de campanha. Eis, afinal, ao que tudo se resumia, um arrufo de marketeiros.
Admitindo que não foi Santana a conceber tais peças, nem os militantes dos partidos da coligação, restam as agências de comunicação. Essas entidades proporcionaram boas estratégias e boas execuções, trabalharam as mensagens de modo a facilitar a adesão do maior número de eleitores. Lavagem cerebral? Sim, diria agora Pacheco, mas no sentido em que uma lavagem retira a sujidade às ideias que se querem transmitir. E elas ficam mais bonitas, mais atraentes, porque mais puras. Em suma, isto das agências de comunicação, desde que pagas pelo PSD, é um contributo para a qualidade da democracia e para a luta contra a abstenção.
Santana e Pacheco voltam a cair nos braços um do outro graças aos préstimos de uma agência de comunicação. O destino é sarcástico. Ninguém sabe onde essa queda os pode levar, posto que nenhum deles tem bom fundo. Na verdade, nada existe no seu interior capaz de suster o movimento de fusão iniciado nas Autárquicas, nem sequer um qualquer fundo perdido. Vai ser preciso voltar a contratar a tal agência para descobrirmos o que lhes aconteceu. Brevemente, num cartaz perto de si.
Santana, um saco de balofice.
Pacheco, um saco de importância balofa.
Maradona, um saco de lixo.
Madoff, um saco de intrujice.
Tudo a mesma merda.
Então agora andas a ler o Paulo Coelho?
“A palavra conversão vem de metanóia, que em grego quer dizer ‘mudança de mentalidade’. Deus nos dá a conversão pela graça, e nós retribuímos com a ação. Não é um caminho fácil: o trabalho é semelhante ao de transformar um deserto em pomar; mas, se a gente permite, o Espírito Santo se encarregua disso.”
PAULO COELHO