1ª Obra Pública de José Sá Fernandes

Votei neste homem por me parecer ter a alma indicada para a função. O facto de contar com o apoio do BE, e assim suscitar reacções alérgicas de alguns bloquistas, foi mais uma agradável surpresa a juntar-se à sua candidatura. O José mostra possuir aquele intangível concreto que nem pais nem professores já cuidam de promover – o carácter. Moldar o carácter dá trabalho, leva tempo e é sempre uma empresa de destino incerto. Mas, mais luciferinamente, o vulgo constata ser o carácter uma dimensão que só atrapalha o rumo dos negócios mundanos. E com razão.

A aprendizagem da corrupção é, talvez, a disciplina mais bem sucedida do currículo secreto dos modernos. Começa na família, essa selva dos afectos, onde há desvairados pesos para a mesma medida. Continua na escola, local do tirocínio para a manipulação. Conclui-se no mercado de trabalho, em que é prática normativa. É corrupção a lógica da cunha, a fuga aos impostos, a complacência com as patologias dos incompetentes, a passividade na auto-formação, o medo perante a violência de terceiros, a destruição ambiental, o desprezo da política. Até os chico-espertos que se metem por uma bomba de gasolina para assim passarem à frente dos que estão parados no trânsito, ou que vão até ao limite de uma saída de via entupida e depois se atravessam à frente de quem lá chegou a passo de caracol, são corruptos. Que não espante, depois, as notícias relativas a casos de corrupção causarem esse misto de satisfação anal por alguém poder vir a ser castigado e de identificação aspiracional com o corruptor e o corrompido; no fundo, apenas vítimas do azar (isto é, da aselhice) de terem sido apanhados.

Se fosse eu a mandar no BE, ia por esta via com obsessão metódica: apoiar independentes. E se quem mandasse no BE fosse eu, acabava com esta tentação: o culto de personalidade à figura do Francisco Louçã. O menino tem apetência para tal – como se viu no discurso espontâneo na noite das eleições presidenciais, só para citar um caso próximo e paradigmático – e quem o cerca tem sido amável cúmplice. Aliás, espanta-me (porque sou ingénuo) a falência dos partidos de Esquerda com representação parlamentar (pelo menos, destes) naquela que deveria ser uma das tarefas mais urgentes no seu ofício: a denúncia da corrupção. Deputados com imunidade parlamentar e acesso a fontes de informação vastas, precisas e exclusivas, não aproveitam os meios para combater a corrupção. Em mais de 30 anos de democracia, é o marasmo que todos conhecemos e legitimamos. Escusam de tentar explicar, já sabemos pela leitura dos jornais desportivos como os sistemas são diluentes da coragem e da dignidade.

Como estaríamos em Portugal se a classe política fosse constituída pela fibra que José Sá Fernandes e irmão acabam de exibir? Como estaríamos em Portugal se quem nos governa tivesse o amor à Cidade que o idealista-pragmático-íntegro-lírico-pain-in-the-ass José revelou? Não estaríamos em Portugal, seria a resposta.

50 thoughts on “1ª Obra Pública de José Sá Fernandes”

  1. Sim, como estaríamos? O carácter, a probidade, a inteligência, em suma a personalidade de Sá Fernandes deveria ser dissecada na escola, nas igrejas autorizadas e nos quarteis. Onde nasceu? Como cresceu? O que leu? Come sopa? Se sim, de quê?

  2. Tudo em família?

    Parque Mayer: Sá Fernandes mantém acusação e quer investigação à BragaParques

    Lisboa, 18 Fev (Lusa) – O vereador da CML Sá Fernandes reiterou hoje as acusações de tentativa de corrupção por parte de Domingos Névoa, da BragaParques, e anunciou que vai apresentar uma moção visando a investigação dos restantes negócios da empresa.

    (…)

    Segundo o semanário Expresso de hoje, Domingos Névoa propunha-se pagar o dinheiro “através do irmão do vereador, o advogado Ricardo Sá Fernandes, mas este avisou o Ministério Público e a Polícia Judiciária, que gravaram todos os contactos”.

    Em reacção a estas acusações, Domingos Névoa afirmou à agência Lusa ter apresentado uma queixa-crime por difamação contra o vereador e garantiu que “há um mal entendido” nas acusações “falsas e caluniosas” do autarca.

    “A minha advogada, Rita Matias, que é do escritório de Ricardo Sá Fernandes, está a tratar do assunto”, adiantou o empresário, escusando-se a entrar em mais detalhes devido ao “segredo de justiça”.

    (…)

    HSF/LM/SV/JH.
    Lusa/Fim

  3. “Os manos Sá Fernandes não brincam em serviço: esta denúncia é-lhes mais rentável para os seus objectivos do que os míseros euros oferecidos pelo empresário. Como vereador, após o espectáculo mediático sobre o túnel do marquês, em que perdeu em todas as frentes, e nunca foi responsabilizado, vai ganhar muito mais dinheiro, durante todo o mandato. Quanto ao maninho, usa todos os meios para tentar safar o seu cliente pedófilo, inclusive copiar disquetes do processo e vende-las a quem der mais. São uns belos mafiosos !

  4. É engraçado que tenho visto a maior parte das pessoas tentar negar a practica de corrupção neste caso. A estratégia do Veilchen neste caso é de veras original parece dar a practica do crime de corrupção como adquirida, para depois fazer um processo de intenções aos que denunciaram a suspeita.

    Protesta depois contra o dinheiro que os vereadores ganham. Será que defende que os vereadores devem trabalhar gratuitamente? É estranha tanta exigência moral feita a vereadores eleitos democraticamente vinda de quem parece estar disposto a fazer vista grossa a actos corruptos.

    Depois parece também saber como é que a famosa disquete número nove veio parar aos jornais. Será que tem provas?

  5. O senhor Sá Fernandes só foi eleito vereador depois de ter feito uma campanha fraudulenta. atrasou o tunel, fez gastar milhões ao erário público, perdeu no Supremo, não foi responsabilizado pelo acto. Que garantias nos dá de insenção ? Nenhuma !

  6. “O senhor Sá Fernandes só foi eleito vereador depois de ter feito uma campanha fraudulenta. atrasou o tunel, fez gastar milhões ao erário público, perdeu no Supremo, não foi responsabilizado pelo acto.”

    Eu presumo (correcta ou incorrectamente) que ele tomou a posição que tomou por uma questão de convicção. Nestas matérias os tribunais é que são soberanos, não sou eu nem o Veilchen (a menos que seja juiz).

    Quanto à questão da insenção acho que ela é sempre defensável. Julgo é que não deve impedir as pessoas de terem convicções e tomarem partido quando surgem questões controversas, coisa que o Veilchen não se coibe de fazer. O que é importante é que os critérios que levam a uma tomada de posição sejam transparentes.

  7. Margarida, tu és deliciosamente fascista. Num só movimento, lanças uma suspeita que tem tanto de torpe quanto de lunática, e ainda revelas um ambiente mental decadente e sabujo onde a figura do frete é o teu instrumento de acesso ao real.

    E competia-me a mim desmentir as secreções do teu delírio? Estás perdida, filha.

  8. Querem ver que acertei? É que a reacção é no mínimo destemperada. Há alturas em que mandar o barro à parede compensa…

  9. Acertaste, podes ficar descansada. Acertaste em mais um dos teus fantasmas. E continua a mandar barro à parede. Ou merda, para sermos objectivos no caso em apreço. Antes isso que coisa pior.

  10. Valupi, também podias ser um bocadinho mais cuidadoso, já sabes como é que a Margarida fica quando se fala em alguém ligado ao Bloco de Esquerda … a atirar barro em todas as direcções. Pobres criaturas inocentes, resta-nos fugir do “barro”.

    A terapia do silêncio é provavelmente o método mais eficiente …

  11. Convicções? Mas quem pagou o acto irreflectido dele fomos todos nós. O atraso da obra paga-se. Ele só quis protagonismo.

  12. Luís, tens toda a razão. A Margarida é uma cassete. Pudera…

    Pássaro, tu que passas o tempo todo nas alturas a cagar para os terráqueos, não tens moral para protestos.

  13. Veilchen:

    Eu no fundo concordo consigo, o ideal seria que quem denuncia actos corruptos não ganhasse protagonismo por isso.

    Uma boa medida inicial seria evitar determinado tipo de discursos moralistas (um bocado balofos) que têm por objectivo acagaçar o pessoal, é bem sabido que um dos mecanismos de defesa nessas alturas é procurar as luzes da ribalta.

    [É claro que isto não serve para distinguir o bom do vilão, vaja-se o caso da Fátima Felgueiras.]

  14. A Fátima Felgueiras é uma pessoa que me é indiferente. Mas até agora ela não foi condenada. Até lá é inocente. Por alguma razão ganhou com maioria. Deve ter feito obra.

    E se for absolvida?

    O Sá Fernandes até agora só desfez obra e não foi responsabilizado. Eu desconfio das boas intenções dos maninhos. O advogado é considerado no meio como mafioso que não olha a meios para atingir os fins.

  15. “Mas até agora ela não foi condenada.” Certo.

    “Até lá é inocente.” Errado. Até lá ela é presumivelmente inocente.

    “Por alguma razão ganhou com maioria.” Isso também será verdade, até se pode dar o caso de ela ter sido eleita por os eleitores simpatizarem com o estilo dela, mas isso não significa que:
    1) eu tenha que concordar com ela.
    2) as acções dela sejam moralmente aceitáveis ou sequer legais. (ou isto agora também é decidido nas urnas, como o destino dos gladiadores romanos?)

  16. “Moralmente aceitáveis” – quem define essa moral ?

    “Presumivelmente inocente” – quer dizer “meia-culpada”?

    Reitero: até agora é inocente! Na Lei só existe “Inocente” ou “Culpado” ! Não há meio-termo.

  17. «Na Lei só existe “Inocente” ou “Culpado” ! Não há meio-termo.»

    Não caríssimo Veilchen: a lei diz que que antes do julgamento, como os cidadãos não têm informação pra concluir se o arguido é culpado ou inocente devem PRESUMIR a sua inocência . Repito PRESUMIR.

    Mas como a nossa lei (felizmente) permite aos arguidos concorrerem às eleições locais, os eleitores tiveram que fazer um juizo de consciência na urna de voto sobre os méritos da senhora. Ora eu julgo que esse exercício é livre. Isto se a minha liberdade de pensamento não o incomodar a si caro Veilchen.

  18. Valupi
    Colocar o acento na questão da competência dos “independentes” versus “arregimentados” (para utilizar a expressão de Adorno)é um tanto exagerada. Excuso-me a dar-lhe exemplos de “independentes” bem mais dependentes que os candidatos dos partidos.
    Não nego, o discurso que reflectiu colhe – valeu há bem pouco tempo um milhão de votos – mas o sumo resultante às vezes tem um sabor amargo. Compreendo-o (ao discurso), num contexto económico e social em que se sente o chão fugir debaixo dos pés e as alternativas parecem todas iguais a quem vê a política pelas lentes das cameras de televisão, é normal que surjam opiniões como as que expressou.
    Chamo a isso o alastramento das tendências populistas na vida política.

    Voltando ao independente Sá Fernandes. Não fez mais que cumprir o que é exigido a um eleito: a obrigação de defender a “coisa pública” dos negócios privados.
    Pena é que não haja mais casos assim – que os eleitos denunciem e que os corruptores ponham a pata na poça – já que a comunicação social deixou há muito de se interessar por essas coisas, amordaçada que está (também ela)pelos negócios e pela indigência intelectual da maioria dos novos-jornalistas.

    Politicamente. Louçã teve a fama de ter convidado Sá Fernandes, dê-lhe o benefício do proveito de ter feito uma boa escolha enquanto tirava as fotografias que, a crer nos seus piores fantasmas, vão enfeitar as sedes do BE.

  19. CausasPerdidas, pois sim. Colocar a questão nesse grau de abstracção obriga a não conferir ao estatuto independente qualquer vantagem apriorística. Porém, o contexto do meu texto é um pretexto. Pretexto para louvar o percurso do Zé Sá Fernandes, tal como ele se me afigura pela televisão (não nego, nem me envergonha ou inibe a reflexão) e de acordo com informações pessoais (por via de terceiros e que remontam a um período muito anterior à sua candidatura estar anunciada).

    Vejo nele um lírico. E vejo no lirismo (tomado aqui em sentido muito lato) um dos antídotos contra o cinismo. O cínico alinha com a corrupção, dado que o cinismo é uma das modalidades da corrupção. Alinha activa ou passivamente, mas é invariavelmente conivente. Ora, como é que se tornou possível aos institutos do poder legislativo, executivo e judicial a manutenção dos acontecimentos corruptores? Por várias razões, com certeza, mas para efeitos de síntese genérica podemos diagnosticar uma patologia endémica: cinismo. Basta frequentar as juventudes partidárias e constatar como a lubricidade do poder é uma escola passada dos seniores para os juniores. O problema (se problema o for, outra questão) é do foro antropológico antes de o ser político ou cívico, sabemos.

    Parece-me também interessante perguntar à Esquerda parlamentar pelo seu currículo no combate à corrupção. Não irei ter resposta, obviamente, mas ela não me faz falta. Aqui em cima temos um exemplo luminoso do porquê da falência da Esquerda: a Margarida. Esta figura – que tanto pode ser homem como mulher, singular ou plural, não passando aqui de um grupo de caracteres como identidade – apresenta as marcas da cegueira ideológica. O tempo que ela passa a reconstruir o seu dique partidário é uma completa inutilidade. Poderia estar a contribuir para o bem-comum, mas está ocupada consigo própria. Eis a Esquerda. E a Direita, já agora.

    Então, venham os independentes. Com uma condição: sejam apaixonados. A democracia não apaixona o cidadão; pior para o cidadão, que assim se priva de uma paixão. Mas quando aparece um cidadão apaixonado pela Cidade (a polis) renasce o ideal. Eu, pelo menos, celebro essa madrugada. O Zé, até agora, tem representado bem esse papel. Cumpriu apenas o seu dever? Foi. A notícia é “a contrario”, os seus colegas não nos dão notícias semelhantes. E já lá vão 30 anos, amanhã estaremos com 48 disto.

    Sim, os jornalistas também poderiam ser mais eficazes na descoberta dos corruptos. Contudo, sem o apoio das administrações dos meios não vão longe. Esta ressalva só contempla os raros jornalistas que estariam dispostos a ir longe, escusado seria dizer.

    Gostei do apoio do Louçã, através do BE, ao José Sá Fernandes. E ainda gostei mais da sua atitude, assumindo que esse casamento resultou do BE ter concordado com o seu programa e de ter sido a única organização política a lhe ter proposto uma aliança. É por aí que vamos, mais programa e menos partido.

  20. O Valupi traz este panegírico do Sá Fernandes a propósito da negociata do Santana Lopes com o Bragaparques para que nos esqueçamos que quem aprovou na Assembleia Municipal de Lisboa, há cerca de um ano, aquela solução foram os votos dos eleitos do PS, do PSD, do PP e do BE… e que os únicos partidos que na AML votaram contra foram o PCP e os Verdes.

    Compreende-se agora porque é que o BE precisou de ter esta candidatura “independente” em Lisboa. Se eles tinham rabos de palha, como esta unidade PSD+PP+PS+BE na votação na Assembleia Municipal a favor da negociata Bragaparques/Santana…

    Claro que sobre esta negociata Bragaparques/Santana, na campanha eleitoral das autárquicas, o Sá Fernandes cumpriu a parte que lhe coube como candidato “independente” do BE: teve a distintíssima lata de admoestar o PS, o PSD e o PP mas CALOU o conluio do BE com essas forças, na votação dessa solução.

    E agora também calou que afinal a advogada do Bragaparques era sócia do escritório de advogados do irmão Ricardo…Como o Valupi aliás, que também muito oportunamente calou o conluio do BE na aprovação da negociata Bragaparques/Santana e também omitiu que só o PCP e os Verdes votaram contra!

    O que precisamos é de partidos sérios, coerentes e consequentes. Não é de caciques “independentes” mas afinal dependentes de gente de Direita e do esquerdismo arrependido, como é o Sá Fernandes. Ou já nos esquecemos que quando ele anunciou a candidatura tinha ao seu lado o Alberto Castro Antunes, a Alexandra Lencastre, o António Barreto, o António Braga, o António Pinto Ribeiro, o Fernando Condesso, o
    Gonçalo Ribeiro Teles, a Isabel do Carmo, o José Fonseca e Costa, o José Mário Branco, o Luís Coimbra, o Manuel João Ramos, a Margarida Martins, o Miguel Esteves Cardoso, a Margarida Mercês de Melo, o Pedro Bidarra e a Clara Ferreira Alves? Além clado do Louça, do Luís Fazenda, da Drago, do Daniel Oliveira, do major Tomé, do Daniel Oliveira, do Pedro Soares, e até do Carlos Marques, o tal deputado municipal do BE que votou conjuntamente com o PS, o PSD e o PP a tal negociata Bragaparques/ Santana?

  21. Margarida, satisfaz-me duas curiosidades:

    – quando foi a última vez que algum representante do PCP, eleito ou mero militante, denunciou um acto de corrupção com provas factuais que dessem origem a um processo judicial?

    – tens alguma pessoa amiga que não seja do PCP?

  22. (…) “A acção judicial de Sá Fernandes pedindo a anulação de todo o negócio não só não foi a única, como nem foi a primeira a ser apresentada. Em Junho de 2005, o PCP actuou junto do Ministério Público e do Tribunal Administrativo, bem como da Polícia Judiciária (PJ), falando em “eventual gestão danosa”.

    Dois meses depois, em Agosto, foi a vez do presidente da Assembleia Municipal (Modesto Navarro, do PCP) enviar todo o processo para o procurador-geral da República, Inspecção-Geral da Administração do Território e Tribunal de Contas. Estas iniciativas levaram em Dezembro passado a PJ a fazer buscas na CML.

    Hoje, o PCP tenciona levar o caso de novo a discussão na Assembleia Municipal – e recordando sempre que esteve contra todo o negócio, ao contrário do PS e do BE. Irá propor a formação de uma comissão que acompanhe o caso. (…)”, 21.02.2006 – 09h46 João Pedro Henriques, PÚBLICO

  23. Ou seja, confirmas que neste caso, pelo menos, a acção do PCP foi inútil para travar o corruptor.

    Já agora, mais duas curiosidades:

    – em 30 anos de democracia, quanto casos de corrupção provada se devem a denúncias do PCP?

    – tens algum amigo ou amiga que não seja do PCP?

  24. É a política, estúpido!

    É o facto de querer esconder que o BE alinhou na negociata do Santana/Bragaparques (juntamente com o PS, o PSD e o PP), que levou o Valupi a vir com este elogio abstracto ao Sá Fernandes, e só dois dias depois ousar confessar a razão “o contexto do meu texto é um pretexto. Pretexto para louvar o percurso do Zé Sá Fernandes, tal como ele se me afigura pela televisão (não nego, nem me envergonha ou inibe a reflexão) e de acordo com informações pessoais”.

    E pelo caminho tentou cilindrar quem afinal teve a perspicácia de alertar para o contexto do seu texto: “não és dada à leitura de livros de psicologia”, “a inanidade do costume”, “vives em permanente paranóia”, “és deliciosamente fascista”, “é uma cassete”, foram epítetos que lançou à Margarida, de quem eu subscrevo: “O que precisamos é de partidos sérios, coerentes e consequentes. Não de caciques “independentes” mas afinal dependentes de gente de Direita e do esquerdismo arrependido, como é o Sá Fernandes”.

    Fartos de salvadores, “líricos” ou professorais estamos nós. De facto do que precisamos é de partidos que nos locais próprios desempenhem as funções adequadas aos órgãos para onde foram eleitos. E nas autarquias de Lisboa, há que reconhecer o negativo papel do BE, primeiro na ascensão do Santana à presidência da Câmara, depois no alinhamento com a política santanista, designadamente na Assembleia Municipal e finalmente na continuação da política santanista agora com o Carmona Rodrigues, e o papel positivo do PCP na denúncia das negociatas e dos maus negócios da autarquia. Continue a denunciá-los Margarida.

  25. Primeiro o Valupi falava na “falência dos partidos de Esquerda” na “denúncia da corrupção”.
    Como eu lhe provei que no caso em concreto, houve falência do BE e do PS pois aprovaram a negociata do Santana/Bragaparques, que o PCP e os Verdes não só denunciaram publicamente como até denunciaram a quem de direito, vem agora, armado em xico-esperto, acusar o PCP por essa denúncia ter sido “inútil para travar o corruptor.”
    Primeiro dizia o Valupi ninguém denunciava, agora diz que afinal, nem vale a pena denunciar…
    E não fica por aqui. Pergunta, inquisidor “quanto casos de corrupção provada (sic!) se devem a denúncias do PCP?”. Quem dizer, apanhado numa mentirola dá uma de fuga em frente, para que a malta se esqueça da mentirola inicial…
    E depois numa de psicólogo baratucho, insiste na pergunta de tenho amigos que não sejam do PCP…a começar na família, a acabar nos colegas, passando pela quase totalidade dos amigos de infância, sim a maioria não são do PCP. Por isso mesmo percebo tão bem os valupis deste mundo.

  26. Ena, chegaram reforços. O caso deve estar a ficar sério.

    João Lopes, tenho duas perguntas para ti:

    – em 30 anos de democracia, quanto casos de corrupção provada se devem a denúncias do PCP?

    – tens algum amigo ou amiga que não seja do PCP?

    Margarida, tu és deliciosamente tonta. Vejamos. Como sempre, só respondes ao que te interessa, e por isso não me conseguiste dizer quantos casos de corrupção provada se devem à acção de militantes do PCP. Repara: estou a perguntar de boa-fé, pois gostaria de saber para minha aprendizagem. É que nada me move contra o PCP enquanto instituição partidária e com méritos vários na política portuguesa. Sou é contra a cultura e mentalidade de pessoas como tu, verdadeiros autistas e paranóicos que já só conseguem olhar para a diferença com ódio. Se tu és a amostra que permite inferir do resto do clã, o teu partido está podre. (consola-te, não é só o teu partido que está podre, é a própria matriz partidária…)

    Quanto à questão das amizades, surpreendeste-me. Não esperava tamanha transparência. O que escreveste (e convido-te a ler o que escreveste) leva a concluir que vives rodeada de pessoas que designas como “amigas”, mas em quem percebes os “valupis deste mundo”. E o que são para ti os “valupis”? São aqueles que agem sempre com desonestidade, perfídia e maquiavelismo. Tudo o que os “valupis” dizem é apenas uma manobra conspirativa para atacar o PCP, a mando de sinistras entidades da Direita. Ou seja, não admites que alguém possa ter uma opinião autónoma se ela for contra o teu querido PCP. Aliás, basta que a opinião seja a favor de alguém estranho ao teu obsessivo PCP para de imediato se tornar num ataque. Para ti, ninguém que não tenha cartão de militante comunista é digno de confiança, sequer de básico respeito (como à saciedade provas nestas caixas de comentários). Estás afogada em narcisismo, projectas nos outros a tua disfunção; vives, de facto, na clandestinidade. Em suma, entre ti e uma Testemunha de Jeová, venha o Diabo e fique com as duas.

    Tragédia? Quereres o mesmo que todos aqueles que fuzilas na paranóia: justiça. Mas se tu nem sequer entendeste a razão de te ter perguntado pelas amizades (e por isso escorregaste na resposta), como poderias assimilar uma ideia tão complexa como é essa da alteridade?…

  27. Primeiro o Valupi falava na “falência dos partidos de Esquerda” na “denúncia da corrupção”.
    Ora eu provei-lhe que no caso em concreto, houve falência do BE e do PS pois aprovaram a negociata do Santana/Bragaparques, que o PCP e os Verdes não só denunciaram publicamente como até denunciaram a quem de direito. É esta a mentirola que pelos vistos tanto lhe custa reconhecer…

  28. Uma coisa é a suspeita de corrupção, que tem o seu lugar e importância. Outra, a prova da corrupção, de modo a penalizar corruptor e corrupto. Ora, o argumento do texto remetia para esta constatação: toda a gente, do povo às elites, reconhece ser Portugal um país com altos índices de corrupção. Que temos feito em relação ao assunto nos 30 anos de democracia? Seja lá o que for que tenha sido feito (e mérito para o PCP, ou para outro partido qualquer, sempre que tenta denunciar casos de corrupção), não é eficaz, pois a percepção é (ou era até aos casos CASA PIA e APITO DOURADO, há que o reconhecer) a de crescente impunidade. Nesse sentido, a pergunta: que fazem os deputados dos partidos de Esquerda com o poder que têm à disposição?…

    Este episódio dos Sá Fernandes teve uma eficácia que me entusiasmou. É que os irmãos poderiam ter sido sujeitos à pressão e, mesmo assim, terem abafado o caso. Mas não, comprometeram-se com as polícias para levar o corruptor à justiça. Diz-me uma coisa, Margarida: achas que não há, nem houve, pingo de corrupção nas câmaras onde o PCP é poder? No caso de aceitares haver, nem que seja na forma tentada, onde estão os registos de autarcas e/ou militantes comunistas a levarem casos de corrupção a tribunal com provas suficientes para penalizarem os agentes envolvidos?… Repito-te, estou a perguntar porque queria ter essa informação (e tu, que sabes tudo sobre plágios e edições do Avante, talvez sejas a melhor pessoa para me esclarecer o assunto).

    Entretanto, gostei muito de hoje ter tido conhecimento da iniciativa do PCP de criar uma linha para avisos de falta de luz nas vias públicas. É uma excelente iniciativa e só me espanta não existirem mais, e mais, como essa. Como espero que finalmente concedas, não está na minha agenda andar a perseguir o PCP para o aniquilar. E, caso consigas admitir a minha honestidade no elogio a uma acção do PCP, esse poderá ser o momento em que contemples a possibilidade do meu elogio ao José Sá Fernandes estar a nascer da minha consciência de forma autónoma e livre.

    Servirás melhor a causa do Partido e do comunismo se começares por respeitar o direito ao pensamento divergente e até contrário ao das tuas crenças.

  29. Até à data, o BE não tomou posição contra as negociatas do Santana com o Bragaparques e só o PCP e os Verdes estiveram contra essas negociatas e as denunciaram a quem de justiça. Esta é a questão que você não quer reconhecer.

    Esta história agora com o Sá Fernandes, parece-me no mínimo recambolesca. Esperemos para ver o que a justiça decide. É que lembro-me to outro gajo que era delegado da propaganda médica, andámos anos a gramar as suas queixas nos media e afinal…não havia nada.

  30. Pois, mas o que é que eu tenho a ver com as posições que o BE toma ou deixa de tomar? Eu votei num projecto e numa pessoa. Pelo menos, um fruto já deu. E neste momento, no que à corrupção diz respeito, é muito mais do que tudo o que o PCP fez em relação a este caso.

    Continuas sem me falar das denúncias com prova que o PCP produziu em 30 anos. Ou da corrupção nas câmaras CDU ou PCP. Curioso…

  31. À minha constatação de que “Até à data, o BE não tomou posição contra as negociatas do Santana com o Bragaparques e só o PCP e os Verdes estiveram contra essas negociatas e as denunciaram a quem de justiça” responde dizendo que nada tem a ver com as “posições que o BE toma ou deixa de tomar”.

    Isto é, não tem tomates para reconhecer, preto no branco, sem tés nem més que o BE viabilizou a negociata. Meta isso na cabeça: o BE viabilizou a negociata do Santana com o Bragaparques.

    Agora gaba-se que o Sá Fernandes já deu “um fruto”. Tenha calma: a única coisa que ele fez foi (alegadamente) pôr mais uma queixa. Mais uma queixa, no fundo mais do mesmo. Espere pelo resultado da justiça a essa queixa, ela é que vai determinar se aquilo é fruta podre ou não. E lembre-se que no funcionamento nas autarquias é com o voto a favor ou contra que se viabilizam ou se inviabilizam negociatas e não com queixas mais ou menos mediatizadas.

    Que me lembre nunca houve queixas de corrupção numa Autarquia gerida pela CDU, nem nunca houve eleitos da CDU envolvidos em casos de corrupção.

  32. Margarida, és secante.

    Quanto à corrupção em território autárquico comunista, estamos os dois de acordo: não há notícias. Era a isso mesmo que me referia.

  33. Caros Valupi e Margarida,
    não vos conheço e estou á vontade. Eu acho que a margarida não é nada paranóica. Eu conheço bem o Zé – andei com ele, querem mais?durante a campanha de depois – e desengane-se bastante quem ache que ele é um exemplo de moral em qualquer dos aspectos da vida dele. Corrupto não acho que seja. Agora ambíguo e cobarde, irresponsável e persecutório, meus caros, não há dúvida.

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