Ele próprio, o autor, diz que é uma convenção, isso do Dia da Poesia.
É, pois claro. Todos os dias são-no da poesia também.
Mas sejamos, por uma vez, placidamente, chãmente convencionais.
E assinalemos a coisa. A Poesia, digo.
O TEU RETRATO
O cabelo é uma onda feita em espuma
Na areia da praia da Vieira de Leiria
A fronte é uma eira dentro da bruma
Entre a Senhora do Monte e a Abadia
Os olhos são candeias sempre acesas
Nas casas onde a nossa vida recomeça
São poemas colocados sobre as mesas
Um teatro que em cada dia é uma peça
A tua boca tem o calor de uma lareira
Com brasas que não morrem noite fora
Um fogo a arder sem queimar madeira
Uma luz que se prolonga e se demora
A tua voz é alta, pode ir até ao infinito
Com palavras que não ficam sozinhas
O meu poema é um espaço tão restrito
Abrevia o teu retrato em poucas linhas
José do Carmo Francisco
Excelente escolha para um dia especial como outro tão qualquer.
Até já.