Porque é que li, leio e vou continuar a ler em jornais coisas sobre o CDS? Porque é que destino a isso uma parte, pequena é certo, mas mesmo assim preciosa (julgo eu) do meu tempo?
Será porque a política portuguesa me interessa até esse ponto? Será porque intuo que, um dia, ainda o CDS vai ser decisivo no trem de vida nacional?
Poderá haver, ainda assim, outras motivações, menos nobres (ah!…), para isso, como o fascínio pelo lado ficcional dos eventos, ou por essa pessoa soturna, matreira, mas levianamente suicidal que é Paulo Portas, ou mais rasteiramente por uma bela bulha pública, aqui, por casualidade, política. Ou, muito mas muito mais chãmente, porque vem excitar-me o lado sádico, que anda pouco desenvolvido.
Não sei. Repito a confissão: não sei. Mas qualquer coisa me diz que, se eu (e você) não olhasse, eles resolviam a coisa como damas e cavalheiros. Assim, dão espectáculo. E nós, por mil e um motivos, temos um grande fraco por coisas que mexem.
Confesso o meu desinteresse pelo acontecimento, mas porque o incluo num desinteresse maior. Acho que Sócrates também marca um ponto de viragem para a cultura política. Quem o for substituir já não pode usar as fórmulas finalmente gastas. E todo este estrebuchar de Portas, Santana, Menezes, Jardim, até Marcelo (e Louçã, Jerónimo, pois claro), são o estertor do que tem sido a política em Portugal no pós-25 – a política da fantochada.
Sádico não sei… mas masoquista, sem dúvida.
Valupi, concordo com o epíteto de “política da fantochada” que aplica. Aliás, na senda dessa arguta análise, arrisco inventariar Sócrates como o verdadeiro one man show, ademais revelando laivos de autismo face às reacções do(s) públicos.
Temo, todavia, a milenar apetência que nós, os consumidores desta paupérrima cena teatral, temos demonstrado por «panem et circenses». No desfecho do espectáculo, alguns, se não muitos, pedirão bis. A filosofia pós-socrática pode revelar-se uma autêntica alegria da caverna, se é que me faço entender.
Até já.
Bravo! Atinges o pico quando descreves o personagem como “levianamente suicidal”!
Valupi,
Fico perplexo com a tua síntese, catastrófica,de fim de acto – de fim de jogo. E fujo desta visão do abismo, desse novo Finis Patriae. Fuga irracional? Assumo. Antes acreditar num resto de loucura, de adiamento do cadáver, do que aceitar entregar-nos ao destino. É que o destino tem farpela nova: tem traje espanhol. E, isso, só por cima, li-te-ral-men-te, dum actualizadíssimo cadáver meu.
[Ou são estes filmes franceses que te põem taciturno?]
Obs3rvador,
Masoquista? Claro. Estava tão implícito que chocava explicitá-lo.
Renato,
A alegria da caverna. Criatividade em estado puro.
Sininho,
Não há nisso mérito meu. A ideia do suicídio (em directo) do Paulo foi lançada pelo director do Público, há dias, num espectacular editorial.
Se o director do Público sugere o “levianamente suicidal” ok. É a imagem de conjunto que me agrada. Lembra-me uma avestruz com a cabeça enterrada na areia…
Valupi, olha notícias dos calicratas:
http://expresso.clix.pt/COMUNIDADE/blogs/americano_expresso/archive/2007/03/22/30812.aspx
Não, não é um sádico.O senhor Fernando sofre, porque está disvirtuado pelo uso excessivo do verbo, e já não consegue obter a adesão dos leitores. O seu pensamento está constantemente voltado para uma exasperação moralista da noção de certo, levando-o a uma desconfiança profunda não só em relação ao mundo, como a si próprio. É, literalmente, um pobre de espírito!
Caro Ricardo,
Se bem te entendo, acho que não me entendeste. Ou que, até, me entendes para lá do que eu me compreendo. Deve ser esta última a opção correcta.
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Fernando,
Quem me dera que fosse, de facto, a catástrofe. A ruína dos que mantém Portugal num regime de corrupção estatizada. Para encontrar os responsáveis por este regime de “brandos costumes”, basta reunir os nomes dos que ocuparam o Poder nos últimos 30 anos.
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py,
Bem apanhado.
Paciência se, por distracção, o Valupi apagar o textozinho do Bigornas acima.
Eu deixo-o estar, por humildade (por masoquismo, claro) – e porque a Riapa conseguiu, desta vez, introduzir variantes nas suas mixórdias, em vez de (com toda justificação, aliás) fazer copy and paste.
Fernando,
É esse, também, o meu critério. Se os bigornas apresentam um qualquer laivo de intenção de comunicar, então são tão bem-vindos como todos os outros. Se se limitam à usual imbecilidade, limpa-se a porcaria.
não tenho dado atenção, estas coisas desgostam-me. mas agora que fala nesse lado sádico, espevitou-me o lado maldoso…
e olhe que tenho a impressão de que este bigornax é já um repeat, está em segunda leva. mas isso até condiz com a nossa política.
O senhor Valupi quer dar a impressão de estar sempre a tomar conhecimento de alguma coisa. É a estranha preocupação de simular omnisciência. Recusa-se a aceitar que está atolado na ignorância e de cada vez que escreve algo, ficamos com uma sensaçãozinha de ladroagem. É assim um excelente indigente de serviço. O único termo que o define é em inglês: “blag”!
ena! mas este é novo. :D
olhem que esse “blag” vem do francês “blague”. assim, já temos duas línguas (o que é sempre estimulante) e dois termos. quem dá mais?
blag, blague, blogue
Será que vamos conseguir pôr os bigornas a falar, em vez da sua actividade favorita: ladrar? Tremo perante essa possibilidade, essa perestroika bigorniana.
porquê? achas que irão afectar a caravana?
Também se não for desta oportunidades não hão-de faltar
Ó Susana há pouco íamos de avião e agora já vamos de caravana? ; )
não resisto :))
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=789112&div_id=291
Fernando, o motivo não poderia ser mais simples: porque é divertido.
E porque, ao contrário do que “teoriza” a aventesma do costume, só no CDS se vê daquilo.
Jorge,
Talvez tenhas razão, a coisa diverte.
Mas quem é a suspeita aventesma do costume?
A senhora Susana revela uma grande dificuldade para encontrar, e aceitar, a sua identidade. Um bocadinho de meio-termo talvez a ajude a sair do buraco: o prazer de tentar melhorar a vida com paciência e perseverança. Uma das facetas mais curiosas desta personalidade do Aspirina, é o seu masoquismo, que cheira a remendo de mau pagadora. Os seus comentários têm sempre um tom de arruaça e provocação chocarreira, que reflecte o que tem sido a boçal prática dos blogues de esquerda.
hum… este também já não é novo. substituiram o nome e o género, só se esqueceram de o fazer em «mau». mas fico lisongeada na mesma, com a distinção – só para confirmar que sou masoquista.
Susana,
Sim, por ali a criatividade continua pouca. E dizia-se que a Direita prezava muito o idioma de todos nós… Mais uma decepção que a Direita nos dá.
A melhor maneira de conservar o idioma vivo é, ainda, fazê-lo conhecer todos os cantos à casa. Mas ali em Paço d’Arcos vive-se em cubículos.
e são esconsos, os cubículos, fernando. por isso eles andam todos curvados.
Fernando:
Discordo! A Direita está mais criativa que nunca. Repare até que nesse sentido, como se impõe em época de telecracia, gere muito bem a sua mediatização.
Eu confesso que estou verdadeiramente em pulgas (já programei o vídeogravador e tudo!) a aguardar o próximo episódio do PP Brother. Quem será o próximo a abandonar a casa do CDS (não confundir com Casa da Sogra, se bem que às vezes…)? Será PPortas ou MJNoPinto? E será que MJNoPinto vai consumar o seu amor por Ribeiro & Castro, ou irá optar apenas por um dos dois? Conseguirão TCorreia, PdeLima e NGuedes manter-se fiéis ao seu juramento de “um por todos e todos pelo PP” (PPortas, naturalmente)? Bom, na dúvida eu vendo, mas quanto a mim quem não quer ser lobo não lhe veste o Xavier.
O país está estarrecido e atónito, ainda o reality show vai no adro; porém, como se sabe, “must go on”. Ainda por cima, fala-se que as transmissões vão passar a ser todas Directas!!!
Ah! Ele há mais um bocadinho de Direita, é verdade, mas parece que anda entretida a brincar às escondidas internamente. Ou será o toca-e-foge? Em todo o caso, esta é profícua em verdades insurfistáveis (ou inbodybordáveis, se preferir), que são um pouco como as protecções das costas da Caparica e de Esmoriz. Sempre que há uma maré viva lá vem aquela porra toda abaixo. Não há malfadado nadador-salvador que se aguente em paragens tão instáveis.
Susana:
Não será o penso da responsabilidade que os curva? Um penso-rápido, claro está, que o tempo para curativos mais duradouros escasseia… Por outro lado, e podendo muito remotamente tratar-se daquela direitazita que tem a cabeça rapada por dentro, pode ser um “penso, logo desisto”; ou ainda um “penso? Logo”.
Valupi:
Agradeço a amável margem de condescendência que me devota. Quanto a mim, entendemos reciprocamente o nosso desentendimento. Para além da compreensão. Mas posso estar enganado. O que é compreensível.
Até já.
com a minha extraordinária memória, digna de um verdadeiro google, lembrei-me que o “meu” comentário riapa já fora usado a 26/04/06, dirigido ao fernando e ao zé mário, respectivamente por salomão ruah e alexander search. não foi mesmo um exclusivo. estou destroçada.
Susana
Merecias um original.
Com sorte pode ser que, daqui a 2 meses (ou 2 anos, quiçá?), os BB consigam juntar umas quantas letrinhas e com elas formar palavrinhas e, proeza das proezas, uma frase original!
O mais provável é os BB andarem a transcrever comentários de blog para blog. É o que dá, a falta de imaginação!…
Sininho
Dona Susana brevemente homenageada pela R.I.A.P.A.
Exame Final
A dona Susana teve a facécia de figurar como comentadora principal num blogue tão pobre, dando um pouco de cor ao ambiente cinzento.
E esta ?
eu sou sadico e sei o k isso e !…. tens de ser cruel .