“O Mundo é feito de histórias, não de átomos” – Muriel Rukeyser
Só um bruxo dos bons, mas não necessàriamente diplomado em artes cabalísticas, poderá saber exactamente que ideias malvadas andarão nas cabeças dos criadores e utilizadores da Grande Pavorosa. E passemos à definição. Por Pavorosa entenda-se: no geral, a organização coberta e inteligente responsável pela divulgação, no melhor estilo da Intriga Histórica, da pseudo-notícia que nos mete medo e nos deixa tontos ao ponto de não sabermos para que lado fica S. Bento; e no particular, que agora interessa porque aparece nos jornais constantemente, o noticioso quotidiano, a concentração do tiro propagandistico num alvo favorito e central; o martelar constante, o hábito e mania dos títeres do verbo e da imagem nos informarem, sem que lhes encomendemos, de como vai o progressso tecnológico do Irão no que respeita à sua capacidade para pôr o carimbo de “pronto” numa bombita atómica.
Jornais e televisões de ontem e de vários ontens contam-nos, em repetição nauseante e convencida de que é possível vender impunemente peixe moído ou pão duro como corno, que os cientistas do Irão estão a seis meses de conseguirem pôr a funcionar engenhos atómicos capazes de destruirem a civilização Ocidental – e Israel como contrapeso, incluindo Gaza e redondezas, e peixes cristãos que por lá nadam no mar da Galileia e um ou outro gafanhoto distraído. Já nos andam a dizer isso, ou algo parecido com isso, há quanto tempo? Ponham as cabecitas a trabalhar os cidadãos menos confusos e digam-nos se já não é, pelo menos, desde o dia em que a Pavorosa se compenetrou de que o Iraque e o Afeganistão provaram ser ossos duríssimos de roer e que os petróleos roubados nem dão para encher os depósitos às máquinas de guerra. Na precipitação de nos venderem o Programa, até se têm esquecido de nos actualizar sobre a Coreia do Norte, uma gaja mais perigosa porque fica mesmo ao lado da China – a tal que o capitalismo anda a cortejar depois da queda propositada do Império Soviético do Oriente.
Reparem os menos preparados em Fisica Nuclear que aqui há cerca de dez anos, ou talvez mais, já os mesmos gajos dos mesmos jornais e das mesmas televisões e das mesmas agências noticiosas tipo “andamos-todos-a-trabalhar-para-os-mesmos-barões-endinheirados-mas-não-se-nota-muito” – directamente controlados pelos mesmos cérebros da Pavorosa oficial, nos andavam a querer convencer, enchendo-nos de cagaço e terror, de que a Internet albergava entre as suas páginas negras informação científica, pormenorizada em planos bem desenhados, que permitiria a dois ou três badamecos com umas luzes de física, e ajudas dum serralheiro e dum soldador, construirem uma bomba atómica rudimentar. Quantos milhões teriam bebido desse cálice e depois arrotado em agradecimento é coisa que ninguém sabe ao certo.
E agora somos informados pelos mesmos operadores da máquina do susto colectivo e da propaganda que os molengões cientistas do Irão precisam de mais seis meses, em cima dos anos todos que já perderam nessa estafante procura do poder atómico destrutivo. Parvalhões, essa persalhada, é o que apetece dizer. Tudo isso poderia ter sido conseguido com uma perna às costas em três ou quatro semanas se tivessem ido à Internet, conforme a Pavorosa diligentemente nos contou para manter o cagaço à temperatura ideal. Onde é que estes fundamentalistas do diabo aprenderam a usar com eficiência as suas inteligências de físicos-nucleares? E depois, reparamos, não há solidariedade alcorânica de espécie nenhuma. Porque poderia haver. Da parte dos generais paquistaneses de muito boas relações com as ciaieis, por exemplo. E porque não? Os próprios americanos (Roosevelt e companhia) têm a fama de ter passado esse segredo aos russos antes do fim da Segunda Mundial! Incrível? Bom, tiveram que condenar os Rosenbergs à morte – tradicionais mártires do bode-expiatorismo e da espionagem por amor à causa – mas isso deve ter sido para compor o ramalhete, para dar um arzito de grande avanço científico aos camaradas da União das Repúblicas Proletárias. Guerra Fria, a quanto obrigaste, grande rameira enganadora!
Entre o nervosismo de papagaios atómicos muitos agressivos para ajudar a manter as fervuras nos mercados colaterais da opinião,sobressaiem as duas preocupações que mais afligem aqueles que necessitam de convencer-nos de que existe ameaça e perigo real de invasão das terras santíssimas, cristianíssimas e filistiníssimas pelos infidelíssimos Maometanos. A primeira dessas preocupações, sempre vital para a sobrevivência da Intriga, geradora e mantenedora dos enormes lucros políticos, é a de não acordarem de sonos profundos as princesas mamalhudas das imprensas e canais da informação super-anedótica e estercorosa; e a segunda, ainda mais importante, é a de encontrarem a melhor maneira de fazer frente militar a esse perigo com que nos apavoram sem causarem grande estrago às suas reputações que já andam pelas ruas da amargura mesmo que só acreditemos nas versões autorizadas da história recente. .O operático dilema posto aos falcões apologistas da futura guerra, que já tem guernicas preparatórias de sobejo, é de reduzir qualquer general de cinco estrelas a uma enorme pilha de nervos: bombardear o Irão com mini-bombas atómicas de fazer buraco de vinte metros e com fallout de nem sequer causar eczemas superficiais; ou, alternativamente, usar bojardas megatónicas, tipo Grão-Rabino Mark II, de arrasar burgos e agriculturas e empestar ecologias mas sem fazer grande mossa nas cavernas (vinte, eles até já sabem que são vinte!) reforçadas com betões armados da espessura de cinco elefantes?.
Ninguem gostaria de ter a responsabilidade duma decisão dessas no seu livrinho de deveres distribuídos, nem mesmo os homens com os peitos militares cheios de medalhas ganhas em campanhas heroicas da Pavorosa e muito menos os vários generais e almirantes americanos que ameaçam demitir-se se o Presidente decidir não acatar os conselhos do Departamento de Psiquiatria do Mount Sinai.
Quando esta crise do Irão finalmente passar à história, porque passará, depois das bombas ou frases bombásticas, outras conversas e sustos virão para delícia e entretenimento dos sindicatos obreiros, das manuelas do aborto libertador e das josefinas Verdes da Natureza que trabalham para o príncipe Carlos da Albiónia, que por coincidência também é amante de focas e baleias e gosta de falar com as plantas. Aliás, já andam por aí uns assobios inquietantes sobre misseis e radares europeus que muito irritam os russos pela ameaça que representam para o seu vastíssimo território. E que bom sinal que isso é, esse reavivar das zaragatas entre os imperialismos manipulados, a doce garantia de que não iremos ter escassez de caganeira jornalistica para mais um ou dois anos até os 8 Grandes se encontrarem novamente num palácio qualquer e limarem todas as diferenças entre si mais as dificuldades com a concessão de dois quilos de mandioca e um par de sandálias a cada habitante descalço e esfomeado do continente Africano.
Como um bomerangue, os temas queridos e as querelas favoritas estão a regressar à velha Europa – a Mãe natural de filósofos incompreensíveis e santos maquiavélicos, parideira de holocaustos falsos e verdadeiros, teatro triste e orgulhoso das enormes guerras de sempre, ùltimamente muito agitada, de alto a baixo das suas camadas sociais e duma ponta à outra das suas cambadas políticas, pela invasão das burkas em escolas e lugares públicos. Foi nela que se inventou a politicamente correcta e utilíssima Pavorosa e é nela que a Intriga tem o seu quartel-general. O resto é conversa enganosa ou enganada muito bem baratinada pela baronada iluminada..
“O Mundo é feito de histórias, não de átomos”. Foi a Muriel que o disse. Mas não se se ficou por aí a poeta comunista, feminista e activista americana, amante de homens e mulheres, forma muito prática de amar a Humanidade sem dar nas vistas. Também achava que não basta sermos “contra a guerra”, é preciso sermos também contra as suas fontes. Tudo muito bonito de se dizer, mas infelizmente, todos estes anos depois, ainda se anda a investigar isso pelos cantos escuros das bibliotecas, às cabeçadas, empurrados pelas opiniões históricas dos editores encobridores. E outra coisa: como é que ela, já nessa altura, sabia que o átomo não passa de mero produto das nossas imaginações?
TT
Corajosa posta!
TêTêzinho,
Bem atinado. Eu era ignorante dessa contra-informação dos seis meses. (E, por contra-informação, sabes que a queda e morte dos Ceausescus nasceu duma invenção, julgo que da Cia, dum massacre em Timosoara, quando na realidade só morreram lá uns poucos – sempre de mais, mas poucos?).
Fico avisado, pois. Cheira de novo a esturro, queres dizer. E a malta não aprende, está visto.
Mas o que me parece um nadinha assim pró cabalismo e prá conspiração universal é isso de o Roosevelt ter passado os apontamentos atómicos ao Kremlin. Para isto, vale o que vale sempre que há conspirações tão monumentais: por que raio é que foi só o TT a saber da coisa?
bela posta! Quanto ao fundo fiquei a pensar… Deve ser aquela coisa do Poder, não? A ilusão de eternidade do poder-fazer-acontecer, ou coisa assim…
Africanos pretendem Estado independente na região de Lisboa
Denominam-se Nzingalis e dele fazem parte alguns africanos de segunda geração. E porque acreditam que a raça negra será a dominante daqui a 50 anos na área metropolitana de Lisboa, querem um Estado africano independente em Portugal chamado Nzingalis, em honra da rainha angolana Nzinga e em homenagem a Lisboa.
Um site (www.blackmind.com/hosting/nzingalis) é a porta de entrada para as aspirações destes jovens que escolheram a Internet para divulgar as suas ideias. Assumem a criação de um Estado africano na zona de Lisboa como uma inevitabilidade.
Um Estado, cujas fronteiras, a Sul, chegariam a Sesimbra/Setúbal, a Este, a Benavente e Cartaxo e, a Norte, às Caldas da Rainha e Rio Maior. No seu interior ficariam, naturalmente, Lisboa, Cascais, Sintra, Setúbal, Almada e Torres Vedras.
Uma inevitabilidade que assumem por motivos de natalidade. Pelas suas contas, bastarão menos de 50 anos para a região de Lisboa e vale do Tejo se tornar «uma região de maioria negra». E, na lógica dos seus argumentos, Portugal nada poderá fazer para limitar esse crescimento, até porque também «já demonstrou que não consegue controlar a entrada de um numero crescente de imigrantes africanos».
Citando o exemplo de Portugal em relação a Espanha e a determinação de Portugal em conseguir a independência para Timor, os Nzingalis evocam o direito de autodeterminação. Um direito que, para estes, será conseguido a qualquer custo. «Será que os portugueses querem um novo “País Basco” aqui em Portugal?», afirmam.
Mas não só. Os Nzingalis evocam apoios internacionais e lembram que «no Kosovo, a NATO defendeu o direito dos Kosovares a uma pátria própria apesar do território do Kosovo ser historicamente Sérvio».
E, se o mesmo não acontecer em Portugal, «nós temos os milhões de irmãos afro-americanos nos Estados Unidos cuja influência nesta sociedade é cada vez maior (…) que não deixarão de nos vir ajudar, caso seja necessário».
O site tem vários links quer para partidos políticos portugueses, com excepção do PSD e do PP, movimentos cívicos, como a SOS Racismo e a Frente Anti-Racista ou ainda para «lutas irmâs», como é o caso do UÇK e dos Curdos.
«Há que encontrar uma saída para tirar o Ocidente do enorme impasse para onde foi empurrado pela cegueira dos neo-cons-evangélicos-judaicos que estão por detrás de Bush»
Mário Soares, hoje, na Visão
O Partido Nacional Renovador insurge-se contra as operações militares levadas a cabo pelo exército israelita, com o apoio político e logístico dos EUA e a apatia do “ocidente”, contra os países do Médio Oriente.
Depois de em 1982 incursões semelhantes no Líbano terem resultado num dos maiores fracassos, e derrames de sangue, dos chamados “ataques preventivos contra o terrorismo”, as tropas israelitas continuam a bombardear e a invadir países vizinhos impunemente, sob o guarda chuva da abstenção norte-americana no Conselho de Segurança da ONU, e desta vez com a desculpa do rapto de dois soldados por parte de “movimentos terroristas”.
Só em Junho de 2006 foram assassinados 3.000 civis no Iraque e esquecem-se os “democratas do ocidente” – ou talvez não… – dos milhares de raptos e prisioneiros sem culpa formada existentes em Israel e noutras partes do globo, vítimas da chamada “sobrevivência sionista” apoiada internacionalmente pela política externa dos Estados Unidos da América e com a indiferença dos restantes países ditos “ocidentais”.
O PNR interroga-se de qual a diferença entre os ataques patrocinados pelos Estados Unidos e Israel e a reacção dos chamados “movimentos terroristas”; será o “terrorismo de Estado”, com a indiferença da restante comunidade internacional, legítimo? Será que o “selo da democracia” justifica toda e qualquer agressão, sobretudo quando não é respeitado o direito internacional, quando já foram mortos centenas de milhar de civis, homens, mulheres e crianças?
Os políticos da chamada direita liberal e capitalista apressam-se a tentar justificar esses ataques dizendo que “é necessário observar a origem do problema”, sendo que para eles a “origem” desse problema está no facto dos povos do Médio Oriente reagirem à invasão sionista (sionismo: movimento nascido no Séc. XIX com o objectivo de criar o Estado de Israel). Esquecem-se – talvez… – que foram eles, os políticos da gravata, que a partir dos seus gabinetes e munidos de régua e esquadro decidiram ali instalar o Estado de Israel, na ex-colónia britânica, sendo essa a “origem do problema” e não a reacção dos povos que lutam há dezenas de anos pela sua sobrevivência e contra a agressão e ocupação sionista.
Os partidos da chamada esquerda socialista ou revolucionária apressam-se a condenar “o fascismo e o sionismo de Israel”, como diz o PCP em comunicado, não porque estejam preocupados ou interessados na sobrevivência de qualquer Povo mas por uma questão meramente política, por fazerem parte da família ideológica dos chamados “movimentos terroristas”.
O PNR, que já se tinha insurgido oficialmente contra a guerra no Afeganistão e no Iraque, vem mais uma vez apelar ao fim das ocupações, invasões, e bombardeamentos fora do direito internacional. Não há pior terrorismo que o terrorismo oficial levado a cabo por Estados que se dizem livres e democráticos mas que na realidade demonstram o contrário.
Muito bem, senhor TT. Não é que tenhas Razão, é que tens uma razão.
Contudo, a tua leitura dos acontecimentos implica uma anulação da própria História, numa redução a essa simples causa: a Grande Pavorosa. Ora, posto que estás limitado pelas fontes, como qualquer investigador, terás de admitir para ti próprio a possibilidade de estares enganado.
Caso estivesses, estejas, a delirar, de que outro modo explicarias os acontecimentos? Eis uma curiosidade que não me irás saciar.