The Dark Knight_Christopher Nolan
Dizer que este filme foi o melhor de 2008 é curto. Foi também o melhor de 2007 e de 2009. Ah, dane-se, é o melhor filme que o século XXI já viu. Porque é uma análise matemática, um ensaio político e uma reflexão ética, tudo incluído no preço do bilhete. E porque é a obra de um virtuoso, um criador de clássicos, de perfeições. Trata do problema que enchia anfiteatros nas cidades gregas, 2500 anos atrás: que é o Homem? Eles não sabiam, sortudos. E quem não sabe, pergunta. Nasceu a filosofia, nasceram esses chatos do caralho que zumbem aos ouvidos dos sonâmbulos. Tão perigosos que a polis os persegue, quer castigar, envenenar. Mas são eles que vigiam e protegem a pergunta, sempre ameaçada pelos que não querem abandonar a ilusão que lhes calhou à toa ou pelos que receiam perder-se caso se encontre a resposta.
Grandes verdades são reveladas neste filme, mausoléu do génio de Heath Ledger. Seguem a sapiencial tradição de esconder o tesouro mais valioso no local mais próximo e visível. Por exemplo, que quando se joga ao dilema do prisioneiro são os loucos aqueles que têm razão; isto é, aqueles que escolhem confiar no outro. Por exemplo, que há heróis que temos de perseguir e afugentar, pois ainda não estamos preparados para eles. Por exemplo, que sometimes the truth isn’t good enough, sometimes people deserve more, sometimes people deserve to have their faith rewarded. Por exemplo.
O que é o Homem? É aquele ser que faz filmes.