Cenas pouco edificantes
I – Não é bonito de observar um ministro das Finanças a apresentar junto dos nossos credores, em dois continentes, em vez de argumentos fortes para obter melhores condições para o seu país, nada mais que as suas credenciais de obediência, para que o premeiem flexibilizando-lhe as metas do défice e concedendo-lhe prazos mais alargados para o pagamento da dívida. Se não incomodar muito. Ah, e por favor, deixem-no regressar aos mercados. Por favor. Ele queria tanto! E que se mostra eternamente agradecido quando o consegue, apesar de levar atrás de si uma obra desastrosa. É triste, é humilhante e fá-lo passar por burro. Faz lembrar um aluno a quem recomendaram que estudasse 5 horas por dia e tivesse decidido, para demonstrar diligência e aplicação, estudar 10, tendo com isso emagrecido, apanhado um esgotamento e ficado na iminência de chumbar. Nem vos digo nem vos conto de que maneira se olha para uma pessoa destas. E para o país que representa.
II- A pessoa atrás mencionada anda, entretanto, também a dar conferências enaltecendo as vantagens de reduzir a dívida dos países para menos de 90%, condição sem a qual supostamente não haverá crescimento. Nessas ocasiões cita, com ares de estudioso e conhecedor, um estudo de dois economistas de Harvard. Acontece que não só se demonstrou que o estudo contém erros crassos e não tem credibilidade, como o conferencista é a mesma pessoa que conseguiu a proeza de, à frente de um governo há 2 anos, aumentar em 25% a dívida do país em vez de a diminuir. Esta ave rara mantém-se no governo, sendo o principal, ou melhor, o único trunfo de um primeiro-ministro iletrado. O que diz isto dos governantes de um país, e do próprio país?
diz que, afinal, depressa e bem ainda há quem.
Diz que estes governantes são profundamente incultos.
Diz que os nossos eleitores foram permeáveis a uma campanha de desinformação e mentira de dimensões nunca vistas e, por isso, deram a maioria de voto a estes governantes.
Todavia, agora os eleitores já sabem muito bem em que é que votaram.
Diz que o provincianismo é um poço sem fundo.
E diz, dá deus nozes a quem não tem dentes.
O objectivo deveria ser os eleitores saberem muito bem em quem votam ANTES de o fazerem.
E não se pode dizer que não tenham sido avisados.
Recomendo mais estudo e ponderação antes de colocar a cruzinha num boletim de voto só porque se está chateado com um tal de Socrates…