Toda a razia atual é feita em nome dos ganhos de competitividade. Dois anos volvidos, somos ou não mais competitivos? A resposta é um rotundo NÃO. Piores que nós, na Zona Euro, só a Grécia. É o que nos diz a instituição que avalia estes aspetos dos países – o International Institute for Management Development (IMD), no seu relatório anual.
Como aspectos positivos de Portugal, o IMD destaca as infra-estruturas, a mão-de-obra qualificada, as leis de imigração e as energias renováveis.
“Os rankings são baseados em quatro pilares principais. Um deles é o desempenho económico e, por comparação internacional, é possível verificar que Portugal não tem bons indicadores relativos à economia doméstica, nomeadamente o desemprego”, sublinha Anne-France Borgeaud.
Em suma, desregulámos o mercado de trabalho, reduzimos os custos do trabalho, cortámos em cada salário e reforma para, alegadamente, pagarmos a dívida, provocámos com isso a falência de empresas e o aumento em milhares das pessoas desempregadas, entristecemos o país, para agora sermos informados de que todas essas medidas não só não pagam dívida nenhuma como também não a estancam e, mais surpreendente, tiram competitividade ao país.
E escusa a direita de argumentar com os efeitos fantásticos desta violência no longo prazo, pois nenhuma das vítimas atuais jamais o viverá em idade ativa. A brincadeira está a sair cara de mais no curto e no médio prazos. Esta novilíngua que pretende criar com as palavras (como “ajustamento” e “ganhos de competitividade” (perdas, na verdade)) uma realidade diferente da que existe tem de acabar. Portugal não está a ficar mais competitivo, pelo contrário, e, se está a ajustar alguma coisa para melhor, é o futuro de Vítor Gaspar.
No meio de tão miserável quadro, não posso deixar de destacar o parágrafo que refere os aspetos positivos, os únicos que nos restam – todos eles herança do governo anterior, que, a propósito, certamente manejaria com muito mais cuidado as cordas do programa de resgate, que outros tornaram inevitável. Sejam os avaliadores quem sejam, os alicerces de um país diferente estavam, reconhecidamente, lançados. Este interregno experimentalista mas essencialmente punitivo é uma das páginas mais negras da nossa História.
agora estamos na fase 2, fiscalização dos sobreviventes para acabar com o resto e poder avançar com a fase 3, incentivo ao desenvolvimento do laranjal. quem tiver cartão relvas gold safa-se, os outros vão para lista de espera de assalariados.
Excelente, cara Penélope!
Absolutamente de acordo.
pois , é só pensar na idade média ou na mediana da população activa ( que os jovens exilados políticooeconómicos não voltam , só se encontrarem petróleo ou ouro no beato ) daqui por uns dez anos para ver qual vai ser a produtividade e competitividade do país : igualzinhas à de um cavalo cansado.