Mas o que quer Sérgio Sousa Pinto?

Li a entrevista que Sérgio Sousa Pinto (SSP) deu hoje ao Público. SSP é um dos atuais dissidentes da linha seguida pela direção do PS e, tal como Assis, é de imediato muito solicitado pela comunicação social. Eu gostava de SSP e da sua alma inquieta e não percebi muito bem a rutura brusca com a atual direção. Mas o que é que acontece com a entrevista? Acontece que não se consegue perceber verdadeiramente o que incomoda SSP a nível político (recuso-me a acreditar que seja a legitimidade da atual maioria, mas será a não rutura total com a austeridade?) e, na questão europeia, o que o diferencia de António Costa.

SSP diz, por exemplo, que foi a postura conservadora de Guterres em muitas causas sociais que levou à formação e ao relativo sucesso do Bloco. Logo, deduz-se que esse potencial eleitorado flutuante estaria hoje todo no PS e que SSP estaria contente com isso, apesar de ser óbvio que a situação evoluiu com Catarina Martins e que atualmente a fixação do eleitorado do Bloco já não depende exclusivamente nem maioritariamente dessas causas. Mas enfim, nessa frente, tudo estaria tranquilo. No entanto, ao mesmo tempo, SSP defende que o PS devia ter deixado o PSD governar após as eleições de 2015, possivelmente apoiando umas medidas e chumbando outras (e quais, de modo a não fazer cair esse precioso governo, que forçosamente se vitimizaria?), parecendo não partilhar da opinião de que a direita que nos governou nos últimos quatro anos foi de um radicalismo nunca visto (à mistura com mofo de outros tempos, que eu estava convencida incomodava, e muito, SSP) e que havia que impedir a todo o custo o prosseguimento da devastação e da incompetência (que, aliás, deu lindos resultados). Como ficaria o PS, a servir de suporte ao governo de Passos (essa nulidade) e companhia, versão 2? Ficamos sem saber o que pensa SSP sobre isto. Também é verdade que não lhe perguntaram. Afinal, PSS acha que o PS está demasiado à esquerda para o seu gosto, mas não nas causas sociais. É isso? Quem diria. Ou está pouco à esquerda devido à alegada e já acima referida não rutura com a austeridade?

A restante entrevista pareceu-me bastante (ou igualmente) enovelada. Ah, e a que propósito Isabel Moreira, Pedro Nuno Santos ou João Galamba terão pena de não estarem no Bloco ou não terão espaço no PS? SSP não diz nomes, mas não é difícil perceber a quem se refere.

Em suma, Sousa Pinto não quis esperar para ver. Não quis dar o benefício da dúvida. Cortou logo à partida com a solução de António Costa. Mas verdadeiramente, nestes seis meses decorridos, há alguma coisa na atual fórmula de governo que esteja a ser pior do que um segundo governo de Passos, aliás bem mais inseguro e incerto do que este e, ainda por cima, sem a simpatia, vá lá, empatia de Marcelo? Não me parece.

17 thoughts on “Mas o que quer Sérgio Sousa Pinto?”

  1. A verdade é que não se pode levar a sério a personagem. Credibilidade política, zero, q.e.d.
    Eco na imprensa analfabeta e/ou intriguista.
    Perda de tempo.

  2. 10:49, eis.

    ESPÍRITO DO TEMPO: HOJE
    «Passagem do tempo por um banco do jardim de S. Amaro», ou o Ignatz numa sexta-feira igual a todas as outras no blogue Aspirina B. A Penélope rascunhou de novo (e a «Isabel Moreira, Pedro Nuno Santos ou João Galamba» surgem na mesma levada, o quê minha senhora e a que propósito?… convinha que alguém das correntes do BE explicasse por aqui o aeiou sobre a vida interna do BE), logo o Ignatz endireitou as orelhas.
    http://midias.gazetaonline.com.br/_midias/jpg/2014/09/22/paulo_ledur_min_fba-1484144.jpg

  3. sergio sousa pinto, está dizer-nos que tem pouca elasticidade mental.foi dos que na altura certa, mais combateu posições do bloco e pcp. agora por falta dessa elasticidade ,não consegue aceitar a realidade actual. o meu lamento!

  4. Eu só não percebo é como é que estes fulanos, que não representam nada no Partido (vê-se a confiança que os militantes e simpatizantes lhes concedem), ainda são convidados para lugares de eleição, naturalmente confortáveis.
    E para Ministros? Era o que mais faltava.

  5. O que SSP ainda não conseguiu perceber é o que é a social democracia hoje. Com a queda do muro e o avanço do capitalismo global não faz sentido falar em “socialismo” ou social democracia nos termos em que fala, porque a social democracia foi mais uma síntese entre as “conquistas” a Leste e o estado social construído pós 2ª guerra mundial. Como síntese precisa de referências, e hoje as que encontra são o liberalismo selvagem e um centro tecnocrático de tendência conservadora, daí a falta de gps de certas figuras dentro do PS e a fé numa solução milagrosa europeia que venha recompor as coisas e os reposicione usando as velhas referências, pois ideológicamente não têm discurso, só os velhos preconceitos. Olham para o novo como se fosse velho.

  6. O Sousa Pinto nem se apercebe que se tudo está bem para o Pacheco Pereira está bem para o povo.

    Desde a barriga de aluguer até à estiva , olha o Pacheco a bater palmas!

  7. o ps festeja mazé os cornos da direita que só volta ao poder com 50%+1 dos votos. continuem, estão no bom caminho da evaporação.

  8. «Em suma, Sousa Pinto não quis esperar para ver. Não quis dar o benefício da dúvida. Cortou logo à partida com a solução de António Costa» etc.

    .,.. felizmente que está a chegar o Europeu 2016, e as qualidades adivinhatórias, os achanços e a outrora fina (!) “análise política” dos eternos postantes no Aspirina B, dará lugar às previsões de um ou mais descendentes do… Polvo Paul. Valupi, como CEO, ficarás mais descansado assim?

    Bio
    Nascimento: 26 de Janeiro de 2008
    Ilha de Elba, Itália
    Morte: 26 de Outubro de 2010
    Oberhausen, Alemanha
    Profissão: mascote de aquário, “vidente”.

    Convite a Sousa Pinto, farpas a Assis – Expresso
    http://expresso.sapo.pt/politica/2016-06-04-Convite-a-Sousa-Pinto-farpas-a-Assis

    Queres um conselho, Penélope?

  9. o assis está à espera de quê para para resignar ao lugar no parlamento europeu ou já vota com o ppe? como é que representa o partido socialista discordando com da sua orientação política?

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